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O Ventre

por Thynus, em 18.05.16
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DIETOTERAPIA: ALIADA AO SEU BEM-ESTAR INTESTINAL

Após ter interpretado extensamente a vida interna do ventre no livro Problemas digestivos(R. Höβl e R. Dahlke, Verdauungsprobleme, Munique, 1991), resta interpretá-lo como região. Localizado entre o peito e a bacia, ele protege muito menos que estes. Com a ereção sobre as pernas traseiras, ele sofreu a maioria das desvantagens. Quando se caminhava sobre as quatro patas, suas tripas ainda estavam realmente protegidas na cavidade abdominal. A cobertura acima era feita pela coluna vertebral, os membros garantiam a segurança dos flancos, por baixo estava o chão protetor, a parte frontal era garantida pelo baluarte da caixa torácica. Ao ficarmos eretos, o ventre ficou aberto para a frente e amplamente desprotegido. Somente a capa abdominal, com seus músculos longos e achatados, o protege de ferimentos e impede que as vísceras caiam para fora.
Mas não foi somente proteção, o ventre perdeu também significado com a ascensão da cabeça. Baseando-se na história dos desenvolvimentos individual e da espécie, análogos em grandes traços, pode-se ver, pela importância que o ventre tem para o bebê, que papel ele deve ter desempenhado para nossos primeiros ancestrais. Para a criança pequena, tudo gira ao redor dele e de sua sensação de vida. Quando ele está quente e cheio, o mundo está em ordem, quando ele está vazio e tenso, surgem sinais de tormenta. As considerações da cabeça ainda não desempenham papel nenhum, e até mesmo os estímulos do coração ficam atrás das sensações da barriga.
Nós em geral não queremos ter mais nada a ver com essa primeira fase da história de nosso desenvolvimento. Expressões tais como "aterrissar de barriga" ou "cair de barriga" mostram que retrocessos no tempo, quando a vida girava ao redor do ventre, são extremamente malvistos. Quem age a partir da "barriga vazia" não desfruta de qualquer reconhecimento. A fria cabeça distancia-se do ventre e de suas exigências desordenadas e até mesmo caóticas. Aquelas culturas que, como a indiana, confiam nos sentimentos do ventre e na intuição, foram abandonadas em nosso mundo.
Preferimos chamar as que sobreviveram de primitivas. De fato, os sentimentos e emoções do espaço abdominal têm algo de primitivo quando comparados com as diferentes opiniões e reflexões da cabeça. Uma energia tão primordial como a fome que abre caminho a partir das profundezas do intestino será necessariamente considerada grosseira e bruta em comparação com as contribuições sempre prontas para a discussão do cérebro. A ira na barriga é o companheiro mais difícil para a cabeça inteligente.
Se a cabeça é a central da razão e o coração é o centro das emoções e dos movimentos afetivos da alma, o ventre é o lar dos sentimentos e impulsos primitivos, infantis por um lado e, por outro, arcaicos. O terceiro chakra, localizado abaixo do umbigo, está ligado à energia e ao poder primevos. Para a criança pequena, seu umbigo ainda é o umbigo do mundo. Quando algo a contraria, ela reage com dores de barriga, e se tudo vai bem ela pode esfregar a barriga de contentamento. Os adultos até hoje atribuem ao estômago sentimentos de estar a salvo e de proteção sobre os quais não têm domínio. Uma angústia profunda e inconcebível provoca dores de barriga, problemas intelectuais têm uma conexão direta com a dor de cabeça e a pressão emocional atinge sobretudo o coração.
O que o conde Dürckheim Hara chamou de o meio do mundo do ser humano, é considerado de maneira geral pelos orientais como o centro do corpo a partir do qual, por exemplo, eles desenvolvem a energia para as artes marciais. Com isso, as tradições orientais aceitaram e dominaram o desafio surgido com o desnudamento de nosso ponto fraco. Para a maioria dos ocidentais, a barriga continua sendo a parte fraca. Sua freqüente flacidez gordurosa a mostra, assim como a barriga grávida e a cavidade abdominal, como "local feminino primordial" da recepção, da digestão e da regeneração.
Desprotegido e vulnerável, o ventre é o lugar do corpo para expressar a angústia existencial e a respectiva ameaça do homem em seu mundo. O umbigo é o teatro da primeira crise existencial grave da vida. Antes ainda que a nova possibilidade de provisão seja testada, o cordão umbilical, aquela linha de abastecimento que garantia as condições de país das delicias no ventre materno, é cortado. A angústia de morrer de fome, certamente uma das mais primordiais de todas, é enunciada. Ao mesmo tempo, sofremos no umbigo a primeira cicatriz inevitável da luta pela vida. Caso se tentasse adiar o corte do cordão umbilical, a vida física se veria extremamente incapacitada, se não ameaçada. A tentativa de adiar o corte do cordão umbilical no sentido figurado leva a problemas que freqüentemente se sedimentam no estômago ou no duodeno(R. Höβl e R. Dahlke, Verdauungsprobleme, Munique, 1991).
Finalmente, o ventre é também o armazém do corpo e mostra as reservas materiais disponíveis. Basta um olhar para a moderna sociedade do bem-estar e seu problema de excesso de peso(Quanto ao tema da distribuição do peso, das formas da barriga, passando pelo fenômeno dos culotes, até a capacidade de se impor de um traseiro correspondentemente volumoso, ver R. Dahlke, Gewichtsprobleme, Munique, 1989) para saber quantas pessoas gostam de levar consigo todo o necessário. Como local de aprovisionamento para épocas de vacas magras, a barriga mostra a confiança no futuro material. Nós não valorizamos esta última função, desprezando a barriga por sua precaução armazenadora. Quando temos boa intenção em relação a uma pessoa dizemos "Erga a cabeça! Não se deixe abater!" e acentuamos o pólo superior. Uma barriga gorda e cheia nos puxa para baixo, e há poucas coisas que detestemos tanto. "Uma barriga cheia não estuda direito", diz a voz popular, e a expressão "barriga preguiçosa" mostra definitivamente a criança (não) intelectual que é a barriga. Torna-se novamente claro o conflito de interesses entre o superior e o inferior. Todo o sangue que o ventre compromete para suas atividades digestivas falta à ambiciosa cabeça que quer estudar. Preferimos não ver que a barriga que nos puxa para baixo também nos liga à terra. O que o homem moderno mais gostaria de ter em lugar da barriga é um buraco, músculos abdominais rijos que não têm praticamente nada a esconder, e ficar em paz em relação ao mundo inferior, indecente por definição. Assim, os sons produzidos pela barriga, por exemplo, nos são extremamente repugnantes, enquanto não temos nada contra aqueles do coração e até mesmo valorizamos o que sai da boca, desde que tenha a ver com a digestão intelectual, e não a concreta. Entretanto, pena que a barriga resmungue em defesa de seus interesses e até mesmo o intestino se faça notar. O que a metade inferior tem a oferecer não é realmente muito fino. De qualquer forma, ainda que não seja muito digno, é absolutamente sincero.
O homem-ventre é o pólo oposto menos valorizado do esteticamente intelectualizado homem-cabeça, que exerce a disciplina, tende à razão e no pior dos casos ao fanatismo. Isso está longe do homem-ventre, voltado para o corpo e o prazer, que vive de seus pressentimentos e sensações e para seus apetites.
Conexão com o Ventre
 
1. Herpes-zoster, a zona
Como, no caso da zona, estamos tratando do mesmo quadro de sintomas da erisipela facial, o que lá foi dito também deve ser levado em consideração. A infecção secundária com o vírus da varicela zoster pode afetar qualquer um, pois praticamente todos entraram em contato com a varicela, também chamada de catapora. Os agentes causadores não abandonam o corpo após a inofensiva doença infantil, mas se entrincheiram nas raízes posteriores dos nervos da medula espinhal. Sendo assim, somente na área do tronco há 31 pares de nervos por cuja área de difusão eles podem espalhar-se. A principal localização do ataque dos vírus está acima da linha da cintura, e a faixa etária encontra-se entre os 50 e os 70 anos de idade.
A inflamação começa em geral alguns dias depois da erupção típica, com violentas dores ardentes e agudas. As pequenas bolhas, restritas exclusivamente à área de difusão dos nervos afetados, circundam o corpo formando um cinturão. Ataques bilaterais ou a propagação por mais de dois segmentos de nervo são raros. Ainda assim, dentro de quadros de enfermidades que enfraquecem o sistema de defesa do organismo tais como a AIDS ou a leucemia linfática, pode-se chegar à difusão por todo o tronco (zoster generalizado). Normalmente, as bolhas cheias de liquido secam rapidamente, e as crostas caem sem deixar cicatrizes após duas ou três semanas. Complicações tais como a formação de úlceras e a degeneração de tecidos podem retardar o processo de recuperação. Mais além de tais problemas, o vírus continua agindo perfidamente. Um ou dois anos após a extinção das erupções cutâneas, os locais afetados ainda podem doer violentamente e estar extremamente sensíveis. O sintoma afeta cada pessoa em seu lugar mais sensível, em um momento em que as forças de defesa do organismo diminuem ou até mesmo entram em colapso.
As rosas que florescem na pele anunciam ao paciente que algo nele quer entrar em erupção. O vírus que espreita, entrincheirado nas ramificações posteriores da medula espinhal, aproveita um momento de fraqueza para irromper de seu exílio voluntário. Seu tema se chama inflamação e, com isso, conflito em um duplo sentido. Com base nas doenças fundamentais, que na maioria dos casos encarnam, por seu lado, um conflito, o herpes-zoster representa novamente um tema de conflito. Um desentendimento adiado por muito tempo chama dolorosa-mente a atenção sobre si a reboque de tropas estrangeiras.
Trata-se aí de um conflito de fronteiras, já que o cinturão e a cintura marcam a fronteira entre o mundo superior e o mundo inferior, enquanto a pele é o órgão geral de fronteira. A zona encarna o rompimento dessa fronteira e a irrupção do conteúdo anímico sob a forma do liquido das bolhas. Ela provoca feridas úmidas e abre as fronteiras em ambas as direções. Assim como o liquido sai, os agentes causadores podem entrar. Aqui também há algo de pérfido, pois enquanto os afetados bloqueiam estritamente suas fronteiras entre o que está acima e o que está abaixo e entre o que está dentro e o que está fora, o assalto tem êxito partindo do próprio interior do país. Os vírus zoster assumem o papel de quinta-coluna. O caráter de bomba-relógio da temática é acentuado por sua especial maneira de agir. Ela pode ser adiada por muito tempo, mas não ser posta de lado.
Além disso, a pele coloca em jogo os temas da defesa e da resistência a um tema central da vida. A doença primária já deixa entrever uma resistência, que é necessariamente tão grande a ponto de abrir inteiramente o corpo. Aquilo que por muito tempo deu nos nervos desloca-se agora debaixo da pele. A erupção dolorosa do ataque torna o surto de resistência dolorosamente consciente. O sentimento de tensão, de algo que vai se estreitando, encarna por um lado a angústia e estreiteza da situação, e por outro também a necessidade, já, da erupção. O ataque golpeia em um momento em que já se foi golpeado por outro lado. É como se fosse um golpe traiçoeiro na barriga, ou seja, diante do peito. Sua forma de cinto desenha imagens semelhantes a uma corrente, grilhões torturantes ou um rosário.
A imagem da rosa que floresce [o nome popular da doença em alemão é Rosengürtel = cinto de rosas] faz soar também possibilidades de liberação do sintoma. Armada de espinhos a rosa, além de prontidão, abrir-se e servir de símbolo do amor, simboliza também a capacidade de resistência. Inflamadas rosas vermelhas sobre a cobertura do corpo são símbolos de disposição para a luta. O rubro dos ataques de fúria podem ser tão belos como as chamas devoradoras do amor, do entusiasmo ardente e das labaredas da ira sagrada.
É preciso tornar-se novamente vulnerável, abrir fronteiras, romper muros e desabrochar. Desabrochar significa procurar contato. As flores desabrocham para ser fecundadas. Com seus botões elas atraem os insetos. Com cada florescimento e cada erupção, o que está dentro toma-se visível, os lados luminosos e também os sombrios. Não é o caso de virar para fora somente os lados rosados, mas fazer florescer seu cerne verdadeiro. Assim como as rosas portam suas sementes no meio de seu ser, não é por acaso que os botões da zona contêm liquido inflamatório em seu meio. Na água, símbolo do anímico, nada aqui um sem-número de células agressivas de ambos os lados, de glóbulos brancos e anticorpos até agentes causadores. Muita coisa que pode ferir quando dita de forma nua e crua sai aqui simbolicamente à luz. Os espinhos da rosa propriamente dita são assumidos pelas dores agudas do sintoma. Aquele cujo flanco pura e simplesmente se rasga precisa deixar sair o que está dentro, ainda que não seja rosado e sim rubro de ira ou repulsivo como esse ataque. E deveria permitir que o que está fora entrasse em seus lados luminosos e sombrios. "Levantar!", diz o ditado bávaro quando um levante é necessário, tanto para o bem como para o mal. É preciso atravessar os muros, e os primeiros passos são os mais difíceis e os mais dolorosos. Em um processo ofensivo, o superior e o inferior, o interno e o externo querem ser juntados. Tal disposição para o levante descarrega o corpo de levantes e ataques. Somente a partir dessa postura de abertura pode-se gerar a energia necessária para assenhorear-se da sintomática primária.
Herpes zoster
 
2. Rompimentos ou hérnias
As hérnias surgem em superfícies fronteiriças, onde regiões muito diversas do corpo se encontram. Terminam por ocorrer invasões pela chamada porta hernial, em que uma parte penetra na outra, onde não tem nada a fazer. Cada hérnia é ao mesmo tempo uma invasão e uma interferência. Ela explicita uma situação de concorrência entre duas áreas vizinhas em que deixam de ser observadas as relações de fronteira e de propriedade. As fronteiras válidas existentes são ignoradas e feridas de forma perigosa. O âmbito ocupado se vê restringido, pressionado para o lado e cortado em seus direitos vitais. Mas a usurpação tampouco serve de nada ao tecido invasor, o espaço vital ganho não traz nenhum alívio, ao contrário, freqüentemente a estreita porta hernial provoca estrangulamentos. A analogia com a invasão criminosa, que de maneira semelhante não deixa o perpetrador contente, é clara e permite que tracemos alguns outros paralelos.
O criminoso nem é levado à invasão por alguma pressão considerável nem a oportunidade é tão atraente assim. No corpo, a situação hernial resulta de maneira análoga à combinação da elevação da pressão de um lado, e a fraqueza do outro. Quanto mais elevada a pressão e quanto mais fraca a parede que separa, mais facilmente a fronteira é rompida. Quem abusa de suas forças, em sentido figurado ou concretamente, facilmente provoca em si mesmo um rompimento. Ele abordou agressivamente um tema fraco demais e não estava à altura da pressão resultante.
Pode-se contar com complicações em todas as hérnias, por exemplo a inflamação do saco hernial. Isso corresponde a um conflito agressivo em torno da invasão. A guerra é uma reação apropriada a uma situação dessas. Ela dirige a atenção para o ponto fraco e para a elevada pressão dominante. Além disso, pode ocorrer o estrangulamento do saco hernial juntamente com seu conteúdo. Nesse encarceramento, o saco hernial cheio fica preso e corre perigo de vida. O tecido pinçado deixa de receber o fluxo sanguíneo e é estrangulado no estrangeiro. Na área dos intestinos, pode-se chegar a um rompimento com inflamação generalizada do peritônio, e a um estado em que se corre risco de vida.

Hérnia umbilical
Hérnias umbilicais são domínio da medicina infantil, sendo que ainda compõem 5% das hérnias que ocorrem na idade adulta. O primeiro ferimento do ser humano volta a se abrir, os músculos do abdômen cedem à pressão interna e somente a elástica pele retém o intestino. Após ter penetrado na fenda, fugindo da pressão da cavidade abdominal, ele fica pendurado do lado de fora, uma espécie de mochila de pele que pode chegar a atingir o tamanho de uma cabeça. Em recém-nascidos, chega-se freqüentemente a isso por duas razões. Uma é que a ferida do umbigo ainda está fresca, e outra é que eles se colocam tantas vezes sob pressão ao chorar que não é a garganta que se rompe, e sim a barriga, muito mais sensível nessa idade. Eles querem se fazer notar e ultrapassar suas estreitas fronteiras aos berros. Quando não encontram nenhuma ressonância, a pressão física pode subir devido aos gritos cada vez mais irados até que o dique se rompa no ponto mais fraco. Devido às contrações da barriga, a pressão se dirige para as próprias paredes e, aqui, especialmente contra a antiga porta para o mundo. Assim, volta a ser aberto um antigo caminho que na verdade deveria fechar-se com o desenvolvimento. Isso deixa entrever uma tendência regressiva, um desejo de retornar a condições anteriores, quando a criança não precisava esfalfar-se tanto, a pressão não era tão alta e, sobretudo, a situação de abastecimento era muito mais óbvia.
Quando o umbigo de um adulto se rompe, as condições são fundamentalmente as mesmas. Ele, sem perceber, passou a estar sob pressão em seu mundo de sentimentos arcaicos e não pode satisfazer alguma necessidade básica tal como, por exemplo, a fome (de abrigo e proteção, de provisões materiais ou de poder). Na falta de outro meio de pressão, ele tenta livrar-se do excesso de pressão contra-indo o abdômen, pressionando assim em uma direção em que sempre confiou. Inconscientemente, ele procura a saída em um retorno aos bons e velhos tempos, quando tudo corria muito melhor e, sobretudo, por si mesmo.
A lição a ser aprendida exige tornar-se consciente da pressão existencial e ceder a ela. Trata-se de abrir novos espaços, trilhar novos caminhos e, além disso, apoiar-se nas experiências conhecidas do passado. Seguindo o instinto, deve-se ter por objetivo uma ruptura nos temas centrais da base material da vida.
Tipicamente, a hérnia umbilical atinge mulheres entre os 40 e os 50 anos de idade, favorecida pelo excesso de peso e outras cargas físicas. Em idade mais jovem, uma gravidez também pode preparar o caminho. Os esforços físicos mostram como os afetados precisam se esfalfar para assegurar seu sustento, enquanto o excesso de peso mostra como lhes custa agüentar a carga da própria existência, e uma gravidez é apropriada para permitir a abertura de feridas relacionadas ao próprio nascimento. Além disso, dessa maneira questões de segurança existencial não esclarecidas tornam-se atuais em um duplo aspecto. Caso o problema do sustento material ainda esteja aberto na época da menopausa - quando na verdade o caminho de casa anímico já deveria estar assentado sobre terreno bastante seguro - é preciso provocar uma ruptura, ou seja, tornar consciente o desejo urgente de ter um futuro assegurado. Caso essa necessidade seja desalojada da consciência, a ruptura "tem sucesso" no corpo.
A terapia consiste em reconduzir o conteúdo intestinal que errou o caminho e fechar a porta hernial ilegal. Nos recém-nascidos, isso se dá por meio do chamado emplastro umbilical, enquanto os adultos são freqüentemente operados e o esconderijo infantil, e com ele a barriga, é costurado definitivamente. Quando a saída física é novamente trancada, seria necessário reconduzir o desentendimento para o plano da consciência.
As chamadas hérnias abdominais, diretamente na linha central ou também laterais, expressam uma problemática semelhante. Na hérnia do diafragma pode-se diferenciar as hérnias genuínas das falsas, mais freqüentes, quando o estômago resvala para cima, passando pela abertura do esôfago e penetrando na cavidade torácica sem formar um saco hernial. Essa situação de subida de partes femininas da área abdominal para o tórax, masculino, é descrita em Problemas digestivos(R. Höβl e R. Dahlke, Verdauungsprobleme, Munique, 1991).
Hérnia umbilical: causas, tratamento
 
Hérnia inguinal
A chamada hérnia inguinal já pertence ao âmbito da bacia e, com uma incidência de 80% dos casos, constitui a forma mais freqüente de todas as hérnias. Ela pode ser inata ou adquirida e afeta sobretudo os homens. Em sua forma direta, o intestino se espreme através do canal inguinal, uma pequena abertura, sob a pele, na cavidade abdominal. Na forma indireta, o conteúdo hernial segue o canal seminal (Funniculus spermaticus) e, nas mulheres, o chamado Ligamentum rotundum (= fita redonda), e termina no escroto ou nos grandes lábios.
O aspecto de escapada que termina em um beco sem saída, comum a todas as hérnias, torna-se aqui especialmente retumbante. Por meio de contrações abdominais, a pressão aumentada escapa por um atalho e termina na área sexual ou, pelo menos, nas suas proximidades. A tarefa natural das contrações abdominais é exprimir o conteúdo intestinal. Elas o fazem também neste caso, embora por caminhos obscuros. Chega-se à formação de uma hérnia quando a pressão interna do abdômen torna-se muito alta, por exemplo ao se fazer esforços físicos tais como levantar cargas demasiado pesadas, e quando há pontos fracos na região inguinal.
Expressões como «exceder-se" e "abusar das próprias forças" [sich übernehmen = abusar das próprias forças, mas também "ser presunçoso", "ufanar-se"] mostra a problemática de fundo do exceder-se, ou seja, da presunção, da soberba. Quem abusa consideravelmente das próprias forças mostra também uma boa dose de "presunção". A sobreestimação em relação às próprias forças é a base da hérnia. Em conseqüência, partes do intestino tomam caminhos alternativos. Postas sob pressão de maneira excessiva, elas tomam o caminho de menor resistência e invadem a virilha dos afetados após romper a parede de músculos do abdômen. À medida que o mundo de sentimentos arcaicos penetra em suas virilhas e em seus escrotos ou grandes lábios, o sintoma mostra que eles não agüentam tanto quanto crêem. Qualquer esforço reforça a contração do abdômen e, com isso, o problema.
Ainda que possa parecer que se trata principalmente de um esforço exagerado no plano físico, neste caso também são sobretudo os conteúdos anímicos que se sedimentam no corpo depois de não receberem atenção. Há pessoas que erguem peso e o carregam durante toda a vida sem adquirir hérnias. A tortura anímica não admitida que surge quando se suporta ou agüenta algo para o qual não se está à altura é muito mais perigosa que a sobrecarga objetiva, física.
Assim como acontece com as outras hérnias, a lição a ser aprendida exige novos caminhos que forneçam vias de escape para a pressão interna e que expandam as fronteiras existentes até então. Vale a pena notar que o conteúdo de sentimentos primitivos, primevos, expresso pelo mundo intestinal busca aceder ao âmbito sexual. Estabelece-se a ligação entre os sentimentos das entranhas e a sexualidade. Quando a energia impulsora da cavidade abdominal não pressiona em direção ao mundo superior, como acontece com a hérnia do diafragma, mas sim para baixo, em direção ao âmbito sexual, isso pode significar, por exemplo, uma fome instintiva de satisfação sexual. Poderosos sentimentos arcaicos pressionam em direção à esfera sexual. Isso pode surpreender em homens idosos, que "seguram" sua hérnia por meio de uma faixa hernial. Mas a sexualidade está ligada de maneira muito menos substancial às fases da vida do que em geral supomos. Ela pode acompanhar essa forma que por muito tempo busca uma saída para fora de maneira não liberada, especialmente quando não foi suficientemente expressa nas fases anteriores da vida.
Toda hérnia unifica dois âmbitos que antes estavam separados. Até mesmo uma invasão criminosa unifica duas situações de propriedade que até então estavam separadas e estabelece ligações, ainda que por caminhos tortos. Quem sofre uma hérnia pode, pensando alopaticamente, assegurar-se ainda mais e erguer barricadas ainda melhores. Do ponto de vista homeopático, seria possível reconhecer a exigência de tornar-se mais generoso e aberto. Com generosidade consciente, pode-se prevenir, ou seja, dar, aquilo que caso contrário o destino toma de forma violenta. Pode-se deplorar e reclamar aquilo que foi roubado e perdido ou, segundo o epíteto estóico, que foi devolvido.

Hérnia inguinal: o que é, como tratar e prevenir

(Rüdger Dahlke - "A doença como linguagem da alma")

publicado às 03:14



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