"Desde que se conceda ao homem o livre-arbítrio desaparece a Onisciência de Deus;
e, se por outro lado Deus sabe o que farei, já não sou mais livre de fazer outra
coisa senão aquilo que ele sabe, e o livre-arbítrio deixa de existir,
para só existir o destino, o fatalismo ou o determinismo".
"Em conseqüência, não sendo livre de agir no Bem e no Mal, nossa responsabilidade,
também, deixa de existir, subsistindo, unicamente, o despotismo divino. Tal a súmula
da doutrina católica com o Céu e o Inferno."
Enquanto estamos no aqui e agora, temos algum controle sobre nosso destino?e, se por outro lado Deus sabe o que farei, já não sou mais livre de fazer outra
coisa senão aquilo que ele sabe, e o livre-arbítrio deixa de existir,
para só existir o destino, o fatalismo ou o determinismo".
"Em conseqüência, não sendo livre de agir no Bem e no Mal, nossa responsabilidade,
também, deixa de existir, subsistindo, unicamente, o despotismo divino. Tal a súmula
da doutrina católica com o Céu e o Inferno."
(Goethe, conversando com Eckermann em 1825)
Ao longo dos séculos, muita tinta filosófica se gastou sobre a questão de os humanos serem livres para decidir e agir ou nossas decisões e ações serem determinadas por forças externas: hereditariedade, meio ambiente, história, destino, a Microsoft.
Os dramaturgos gregos enfatizavam a influência do caráter e suas inevitáveis falhas na determinação do curso de eventos.
Quando perguntaram ao romancista do século XX Isaac Bashevis Singer se acreditava em livre-arbítrio, ele respondeu com ironia: "Não tenho escolha." (Essa é uma posição que alguns filósofos assumiram de fato, sem ironia: que somos forçados a acreditar em nosso livre-arbítrio porque senão fica sem base a nossa crença na responsabilidade moral. Nossas escolhas morais estariam fora de nossas mãos.)
Recentemente, a ideia de que forças psicológicas externas ao nosso controle determinam nosso comportamento desgastou a ideia de responsabilidade moral, a ponto de existir agora a "defesa Twinkie", invocado por um réu que afirmou que o açúcar de seu lanche foi que o levou a cometer assassinato. Equivale a "o Diabo me obrigou a fazer isso", disfarçado com trajes psicológicos.
Mas existem também alguns deterministas que dizem: "Deus me obrigou a fazer isso. Na verdade, Deus determina tudo no universo até o mínimo detalhe." Baruch Spinoza, o filósofo judeu holandês do século XVII, e Jonathan Edwards, teólogo norte-americano do século XVIII, foram os que propuseram essa espécie de determinismo teológico. A águia, o sapo e o motorista de caminhão da história abaixo provavelmente acham, todos, que escolheram e executaram livremente suas ações.
Moisés, Jesus e um velho barbudo estão jogando golfe.
Moisés dá uma tacada longa, que cai na relva, mas rola diretamente para dentro do lago. Moisés ergue o taco, separa as águas, e a bola rola em segurança para o outro lado.
Jesus também dá uma tacada longa na direção do mesmo lago, mas quando a bola está para cair bem no meio da água, ela paira sobre a superfície. Jesus caminha tranquilamente sobre o lago e toca a bola para o gramado.
A tacada do homem barbudo bate numa cerca, pula para a rua, quica em cima de um caminhão que está passando e volta para o gramado. Está indo diretamente para o lago, mas aterrissa numa folha de lótus, onde um sapo a vê e engole. Uma águia mergulha no céu, agarra o sapo e sai voando. Quando a águia e o sapo estão passando em cima do gramado, o sapo solta a bola, que vai direto dentro do hole-in-one.
Moisés vira para Jesus e diz:
- Detesto jogar com seu pai.
(Tom Cathcart e Daniel Klein - Platão e um Ornitorrinco Entram Num Bar...)