Praticamente todos os estudos determinam que pessoas atraentes são vistas como mais competentes e inteligentes que as menos atraentes, em todas as idades. No passado, o estereótipo era mais forte para percepções de homens do que de mulheres, mas as diferenças sexuais parecem ter desaparecido no século XXI.(JACKSON et al, 1995. Relata a correlação de coeficientes entre a atratividade e a inteligência percebida de 0,33 para mulheres adultas e 0,42 para homens adultos. A meta-análise mais recente realizada por LANGLOIS et al, 2000, não percebeu diferenças sexuais dos efeitos da atratividade sobre a inteligência percebida. Mais recentemente, ZEBROWITZ et al, 2002, determinou correlações através da vida de 0,51 a 0,64 entre atratividade e inteligência percebida, e de 0,11 a 0,26 entre pontos de Q.I. e atratividade. Então, existe uma conexão, ainda que a ligação percebida seja mais intensa. Ver também KANAZAWA, 2011). O estereótipo tem mais força quando as pessoas estão lidando com estranhos ou em casos em que não há outra informação relevante disponível sobre a inteligência e a competência de alguém.(JACKSON et al, 1995, relata coeficientes de correlação de 0,28 em situações nas quais informações relevantes estão disponíveis e de 0,34 quando nenhuma informação é oferecida). Não faz diferença se um homem ou uma mulher que está avaliando. No geral, três quartos dos adultos atraentes são julgados competentes, comparados a um quarto dos não atraentes.(LANGLOIS et al, 2000, p. 400)
As percepções estimulam um tratamento diferenciado para adultos atraentes, mesmo quando as pessoas não têm consciência de que estão agindo assim. Adultos atraentes recebem mais atenção e elogios, são tratados de forma mais favorável e obtêm mais cooperação e ajuda.(LANGLOIS et al, 2000, p. 401) Contudo, eles são considerados apenas um pouco mais inteligentes do que os não atraentes, ainda que sejam muito mais habilidosos em interação social. (LANGLOIS et al, 2000, p. 402; JACKSON et al, 1995, p. 115; ZEBROWITZ et al, 2002; KANAZAWA, 2011.) Aparentemente, não há diferença entre homens e mulheres nesse ponto.
Parece que a vantagem intelectual inicial da atratividade na infância se desvanece na vida adulta, conforme todos os outros chegam ao mesmo ponto. Então, ela pode já não ter importância. Adultos atraentes já se tornaram socialmente competentes, confiantes, confortáveis e tranquilos ao lidar com as pessoas, com elevada autoestima e boa saúde mental. Mesmo deixando de lado a maior popularidade com o sexo oposto (que deve promover alegria), eles ainda têm vantagens substanciais erigidas em sua personalidade positiva e seu estilo social. Além disso, os outros presumem que pessoas atraentes possuem maiores talentos e competência, e as tratam de acordo com esse pensamento. O preconceito contra a “loura burra” do século XX parece estar ultrapassado no mundo ocidental, e homens e mulheres bonitas beneficiam-se igualmente de expectativas positivas.
Uma lição a ser aprendida é que, atualmente, é inútil — e até mesmo contraproducente — uma mulher atraente enfear-se para entrevistas de emprego e outras reuniões importantes (a não ser que esteja se candidatando a empregos de gestão, como demonstro no Capítulo 7). O preconceito contra mulheres bonitas demais para serem levadas a sério parece ter enfraquecido — sem dúvida com a ajuda de exemplos como Natalie Portman, a linda atriz de Hollywood que também é formada em psicologia em Harvard e fala quatro línguas fluentemente, inclusive o japonês. Se elas possuem habilidades comprovadas, experiência e qualificações, a atratividade se torna uma vantagem extra, um atributo a mais, e não um obstáculo. As mulheres não precisam escolher entre os rótulos da beleza e da inteligência, já que as pessoas normalmente percebem a boa aparência como mais um indicador
de competência intelectual.
(Catherine Hakim - Capital erótico)
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E no princípio era Deus,Adão,Eva... |