O mundo contemporâneo é marcado pela opção secular. Esta se caracteriza por uma vida “racional” e programada, distante de doutrinas religiosas, pautada pela democracia liberal de consumo e pelo conhecimento agregado da ciência. O mundo secular nasceu com a modernidade e o encolhimento da vida religiosa comunitária em nome de uma vida profissional, individualista e industrial nas cidades. A emancipação feminina e gay amplia esse quadro. A vida em comunidade encolheu na sua totalidade. O casal secular tem filhos apenas como projeto pessoal e com forte expectativa de retorno afetivo. No máximo dois filhos por casal, um ou nenhum. “Amamos” mais nossos filhos e de modo obsessivo. Mas esse “amor” é muito mais projeção de nossos desejos do que amor por eles. O amor do narcísico ressentido vem sempre acompanhado de uma grande contabilidade de afetos. Alguns de nós exigem mesmo que os filhos nasçam com nossos defeitos a fim de fazer um statement contra a engenharia genética que esconde nossa projeção narcísica. Somos uns eugênicos que fingem odiar a Ciência e amar a natureza que condena os filhos a serem limitados como nós. O casal religioso, quase sempre fundamentalista, tem mais filhos. Apesar dos seculares simpatizarem com a teoria darwinista como oposição à proposta religiosa criacionista e dogmática, eles esquecem que seleção natural é demografia: quem reproduz mais sobrevive. A vida secular está condenada no mundo. Deverá atingir graus demográficos críticos até 2100, como demonstra o demógrafo Eric Kaufmann no seu brilhante Shall the Religious Inherit the Earth?. As mulheres religiosas no Ocidente têm uma média de 2,1 filhos por mulher, enquanto as seculares mal chegam a 0,5 por mulher. Isso indica claramente que, apesar de os seculares produzirem muitas ideias sobre como deve ser uma vida perfeita, equilibrada e saudável, os religiosos produzem mais bebês, o que conta muito mais em termos de adaptação da espécie. As modas de alimentação, pedagógicas e políticas pautadas por causas do Facebook, que marcam a vida dos seculares, de nada adiantam em termos de sobrevivência. O secularismo é estéril e como tal será tratado pelos historiadores no futuro. A batalha contra a vida religiosa prática se perde a cada mulher que toma pílula e luta pelo aborto. Além de reproduzir pouco, os seculares matam seus fetos no ventre infértil da mulher livre. Ela faz mais sexo, mas reproduz pouco. Não importa o que você ou eu pensamos sobre o modo certo de se viver, o que importa é se fecundamos alguma mulher em nossa vida.
(Luiz Felipe Pondé - A era do ressentimento)