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A tecnologia do sexo

por Thynus, em 29.03.18
Se você não conseguir fazer com que as palavras trepem, não as masturbe.
 

Mais próximos?

 
 
Durex, no Brasil, foi sinônimo de fita adesiva durante muitos anos, mas, na Inglaterra, é a mais tradicional marca de camisinha, como muita gente sabe. Na verdade, é praticamente sinônimo da galochinha peniana, do mesmo jeito que Modess foi para absorventes e Gilette pra lâminas de barbear no Brasil. O que eu não sabia é que Durex, marca registrada em 1929, é um acrônimo de Durability, Reliability, and Excellence — durabilidade, confiabilidade e excelência, qualidades que todos nós gostaríamos de atribuir, por justo mérito, àquela parte do nosso corpo que recheia a camisinha na hora do vamo-vê.
Gozado que a sigla, em português, daria Ducex, com o cex soando a sex, algo bastante apropriado, no caso, muito embora, em se tratando do próprio pênis, o que a tigrada quer mesmo é que o mardito fique durex o maior tempo possível. E aqui vai um slogan que ofereço de graça ao fabricante da camisinha inglesa: “Dura lex sed lex, na piroca só Durex.” Mas é improvável que eles façam uso dele, até porque são firmas diferentes que fabricam a camisinha (Reckitt Benckiser) e a fita adesiva (3M do Brasil). Alguma possível confusão entre produtos tão diversos com o mesmo nome acabaria levando um consumidor desavisado a fazer embrulhos atados com camisinhas e a impermeabilizar o mandrová com incômodas laçadas de fita adesiva. Não ia dar muito certo.
Não sei quem introduziu a primeira camisinha lubrificada, muito menos onde e em quem foi introduzida, mas acho que essa foi uma das últimas grandes novidades tecnológicas em matéria de preservativos descartáveis, à parte a camisinha feminina, que, no meu entender, não vingou, e os novos materiais, muito mais finos que o látex tradicional, destinados a aumentar a sensibilidade do bilau encapado. De fato, a camisinha lubrificada foi uma grande ideia, que deve ter trazido alívio a não poucas xanas tímidas e rabicós estreantes pelo mundo afora. E adentro, claro. Mas, e agora? Qual o próximo passo tecnológico? A camisinha não vai mais se modernizar?
A resposta, que vai deixar os marmanjos de orelha e cabeças (as duas) em pé, é um sonoro e alvissareiro sim. Pra começar, em 2013, a Bill and Melinda Gates Foundation, instituição beneficente movida pela grana do fundador da Microsoft, lançou um desafio às mentes safadas pero inventivas do mundo todo, ao oferecer cem mil verdinhas a todos que viessem com boas ideias para tornar a camisinha mais prazerosa e fácil de usar. A intenção, claro, é estimular o uso do preservativo, ajudando assim a combater as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada. Muitos dos projetos apresentados, no entanto, eram total maluquice, o que era previsível.
O mais deliciosamente delirante, por exemplo, se propunha a dotar o pênis de um campo de força, do tipo que protegia a Enterprise do ataque de inimigos interestelares, como os sempre inconfiáveis klingons, no seriado Star Trek. No caso, o campo de força impediria vírus e bactérias de entrarem nos dutos e tecidos do pau, ao mesmo tempo em que barraria a saída de espermatozoides. Só me pergunto se o tal campo de força peniano não acabaria por rejeitar a própria periquita e sua dona. E onde ficariam as baterias para ativar o campo de força? No saco? Ai ai...
Outro Professor Pardal veio como uma pistola-estilingue que dispara uma camisinha contra a cabeça do bilau duro, recobrindo o dito membro com a membrana protetora numa fração de segundo: schlap! A ideia aqui é vestir logo a camisinha antes que a paudurice esmoreça ou que alguém mude de ideia. Até onde entendi, é a pessoa a ser penetrada quem deve disparar o tiro protetor contra a piroca intrusora, a qual deve antes se encaixar num compartimento da tal pistola. Tô fora.
Os projetos de fato aprovados vão quase todos na linha dos novos materiais, a exemplo da ideia apresentada por uma empresa de tecnologia médica que vai desenvolver camisinhas feitas de colágeno extraído dos tendões da vaca. Diz Mark McGlothin, o inventor da camisinha vacarina, que o colágeno se assemelha muito à mucosa da vagina, transmitindo todo o calor da bacurinha ao seu hóspede temporário. Muuuu!
As duas maiores novidades em matéria de sexo seguro, porém, já em fase adiantada de testes, envolvem a velha fábrica inglesa da Durex. Uma delas é ainda uma camisinha, só que dotada de um gel interno na ponta capaz de dilatar as artérias e aumentar o fluxo de sangue para o pênis, resultando em uma ereção a toda prova. A fórmula do gel é da Futura Medical, mas é a fábrica da Durex quem vai lançar o produto. O difícil é bolar uma boa propaganda para o produtor. Que tal: “Pau mole? Sem tesão? Durex é a solução!”

 
E vibra o Porto, carago!

A outra invenção, saída dos laboratórios da Reckitt Benckiser, detentora, como já disse, da marca Durex, é a que vai criar mais polêmica. Trata-se da roupa de baixo vibratória acionada à distância por um aplicativo baixado no smartphone. O negócio se chama “Fundawear” e se trata de um kit integrado por calcinha, sutiã e cueca dotados de sensores vibratórios acionáveis por controle remoto. Pelo que pude ver no vídeo de apresentação da Fodawear — ops! Fundawear —, você vai precisar de dois smartphones, um para ativar os sensores que bolinarão à distância os seios e as pudendas da sua gata, e ela o setor porta-pica da sua cueca, e outro para trocar imagens em tempo real, como no Skype, Facetime, Whatsup, Whadafuck etc.
O bagulho pode ser visto num vídeo demonstrativo que circula na internet protagonizado por uma morena gostosérrima envergando o conjunto calcinha e sutiã vibratórios, e por um carinha com a cueca do kit. Mas acho que logo vão inventar sensores que permitam maior grau de nudez. Em todo caso, o recado tecnológico parece claro: a depender dos cientistas high tech, o sexo presencial está com os dias contados. O coiso na coisa, a pele contra a pele, dedos e línguas em ação, a intensa troca de fluidos eróticos, tudo isso vai ser coisa de bicho do mato ou de gente paupérrima. As pessoas conectadas, num futuro que já bate (e chucha e futuca e bota a cabecinha) à nossa porta, vão se conhecer apenas através das redes sociais e todo fuque-fuque vai rolar por controle remoto, no estilo da “Fodawear”.
Quanto à procriação, ficará a cargo de técnicos de máscara e luvas cirúrgicas em laboratórios assépticos. Eles é que vão apresentar os espermatozoides aos óvulos, em larga escala, e não apenas em circunstâncias clínicas especiais, como hoje. Sem falar na arrepiante perspectiva com que nos acena a tecnologia cada vez mais desenvolvida da autoclonagem, em que as células do corpo são convidadas a reproduzir a si mesmas, descartando espermatozoides e óvulos.
Ou seja, a partir de daqui a pouco, quem corocô, corocô, quem não corocô vai ter que baixar um aplicativo de bolinação à distância — e não vai mais corocá, como diria o japonês da piada. Não no lugar de sempre, pelo menos. E só não me alongo mais nesta excitante disquisição futurista porque a minha cueca começou a vibrar aqui de um jeito muito estr-tr-tr-tr-tranho... ffffffff! .... Eita porra!


( Reinaldo Moraes - O cheirinho do amor, crônicas safadas)

publicado às 13:51



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