“Nunca deixes para amanhã o prazer que podes ter hoje”, ou, como afirmativa culminante: “Todos agora são felizes”. A felicidade do homem, hoje em dia, consiste em “divertir-se”. E divertir-se consiste na satisfação de consumir e “obter” artigos, panoramas, alimentos, bebidas, cigarros, gente, conferências, livros, fumes — tudo é consumido, engolido. O mundo é um grande objeto de nosso apetite, uma grande maçã, uma grande garrafa, um grande seio; somos os sugadores, os eternamente em expectativa, os esperançosos — e os eternamente decepcionados. Nosso caráter é engrenado para trocar e receber, para transacionar e consumir tudo, os objetos espirituais como os materiais, torna-se objeto de troca e de consumo.
A situação, no que refere ao amor, corresponde, como não pode deixar de ser, a esse caráter social do homem moderno, autômatos não podem amar; podem trocar seus “fardos de personalidade” e esperar um bom negócio.
(Erich Fromm - "A Arte de Amar")