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- "Carrie, não comeste a torta de maçã.
- Faz-me nascer furúnculos, mamã...
- É o meio que o Senhor utiliza para fazer-te casta."

(Conversa entre a mãe Margaret e a filha Carrie)

Todos aqueles que são admiradores de Brian De Palma, genial director de “Vestida para Matar”, não podem perder este exemplo magnífico de “teen horror movie”, inspirado no primeiro romance de Stephen King, que deu fama ao “rei da emoção”. É a história de Carrie White, interpretada pela jovem Sissy Spacek, uma adolescente tímida e estranha, crescida carregada de complexos junto de uma mãe religiosa fanática, ridicularizada pelas colegas de escola hipócritas e malignas. Uma delas, aproveitando o facto de Carrie ter sido convidada para o baile pelo namorado de Susy (que só quer que ela se encaixe no grupo), organiza um escárnio final trágico. Mas a fúria vingativa não tardará a manifestar-se: Carrie é telecinética e pode mover objetos e pessoas com o poder do pensamento ... todos na sala perecem num incêndio monstruoso, mas a noite de terror ainda não acabou...
De Palma coloca em questão temáticas que não podem deixar indiferentes os espectadores adolescentes e que os afectam diretamente: a intemperança, a inconsciência, a solidão, a irreflexão encontrada, a falta de compreensão de uma mãe fixa em valores antiquados, a angústia, a perda da razão, a relação com uma religião vista como um fardo a que não se pode escapar a fim de permanecer livre do sentimento de culpa. Tudo num belo exercício de estilo em que o diretor, além de experimentar técnicas de reposição de imagem como a de dividir a tela em duas partes de modo a que possamos observar duas ações contemporaneamente, nos dá um ícone remarcado no imaginário coletivo: Carrie (Sissy Spacek), primeiro radiante porque finalmente aceite por seus pares, imediatamente encontra-se vagando coberta de sangue rançoso como um ser disforme e estranho (com aqueles olhos quase a sair das suas órbitas!) depois de ter matado dezenas de pessoas que se divertiam (incluindo John Travolta, literalmente "varrido" no seu carro como criador da maquinação).
A cena da coroação e o posterior bom êxito da da brincadeira de mau gosto é uma seqüência mãe de grande impacto emocional, comovente, surpreendente, original, acompanhada pela música fascinante de Pino Donaggio e sempre rigorosamente em câmera lenta. Sem deixar de mencionar a 'psicopata' Piper Laurie que se quer libertar da filha, ignorando completamente o seu pedido de afecto depois da ruína de um sonho que se estava tornando realidade, mas que era 'proibido': antes de sucumbir aos golpes da menina, que obviamente se defendeu da punição da mãe, contorce-se num rumoroso orgasmo e fica crucificada com uma expressão angélica como um Cristo sobre a cruz.
"Carrie" é uma jóia de suspense e virtuosismo, o clássico filme de "choque" que hoje já ninguém tem a coragem de produzir. Talvez porque, ao contrário dos anos 70, falta originalidade.
Para ver e rever.

Direção: Brian De Palma
Roteiro: Lawrence D. Cohen
Elenco original:
Sissy Spacek
Piper Laurie
John Travolta
Amy Irving
Nancy Allen
Género: terror, suspense
Idioma original: inglês

publicado às 13:27



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