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De tudo e de nada, discorrendo com divagações pessoais ou reflexões de autores consagrados. Este deverá ser considerado um ficheiro divagante, sem preconceitos ou falsos pudores, sobre os assuntos mais variados, desmi(s)tificando verdades ou dogmas.
Contrariamente ao que ensinam os jesuítas, achamos que é de toda necessidade, para cada um de nós, não procurar senão emoções cuja delicadeza envolva toda a nossa pessoa apenas de impressões de prazer.
O grande inimigo do psiquista é a tristeza. Todo pensamento deprimente deve ser impiedosamente rejeitado de nosso espírito.
E devemos neutralizar com outros tantos cuidados todo o sentimento de natureza a fazer nascer em nossa alma qualquer inquietação. Nosso papel é criar, em torno de nós, a alegria e a esperança, mas não podemos fazer nascer esses sentimentos nos outros, se não os possuímos em nós mesmos.
É preciso, pois, esforçarmo-nos por ver em torno de nós tudo o que é belo, alegre e robusto, tudo o que encanta e arrebata a nossa imaginação, tudo o que reconforta o nosso abatimento.
Nessa alegria do mundo, absorveremos forças novas e nos tornaremos aptos a fazer com que outros também as experimentem.
Tomemos, pois, o hábito de observar com minúcia tal quadro, tal sítio que nos agrada; façamo-lo reviver diante do olhar de nossa alma; analisemos, do melhor modo possível, a sensação que nos dá e o prazer que nos infunde. Quando, por um esforço da nossa imaginação, o quadro ou o panorama reaparecem diante de nossos olhos com tanta nitidez e relevo, como se aí se achassem na realidade, procuremos animar este sítio.
Se evocamos diante do nosso espírito grandes árvores, nada mais fácil do que ouvir nos ramos o gorjear dos pássaros que se perseguem e brincam.
Não há necessidade de se entregar a criações gigantescas. O menor recanto tem o seu atrativo; podemos deixar-nos entusiasmar aí pela calma e a poesia, tanto quanto diante de lugares os mais grandiosos.
Este sítio vos deve ser familiar, de maneira que vos recordeis dele como de um lugar de repouso e meditação. Porém, antes de tudo, se quereis tirar daí o maior proveito possível para a vossa formação psíquica, encarai-o sempre sob o seu aspecto mais risonho. Sob essa forma, essa evocação vos dará o máximo da vitalidade, força e otimismo.
A presença ideal do sítio que vos encanta servir-vos-á de sustentáculo e repouso. É agindo assim que se vibra cada vez mais.
Desenvolvemo-nos nesse sentido, do mesmo modo que um violinista descobre, à proporção que trabalha, todos os segredos de sua arte. Começou por não tirar de seu violino senão sons discordantes, mas, à medida de seu esforço, tornou-se mais apto, cada dia, a tirar de seu instrumento melodias mais sensíveis e mais completas.
Se é bem dotado e se continua, se não considera como tendo atingido a perfeição, desde que consiga algum talento, chegará a tornar-se um verdadeiro "virtuose" e dará a todos aqueles que o escutam a volúpia sagrada da música que os fará comunicar com grandes harmonias superiores.
(HENRI DURVILLE - A Ciência Secreta)