Parabenizamos Dom Caetano Ferrari, bispo da Diocese de Bauru, que fez prevalecer a coragem e tomou a atitude correta para defender a Igreja local (e universal), da qual é guardião da fé. Há quatro anos ele vem recebendo queixas de fiéis sobre posições do Pe. Roberto Francisco Daniel (Padre Beto) e buscando conversar com o sacerdote no sentido de conter seu afã de idéias “próprias” acerca do Magistério da Igreja, comprometendo assim o ensinamento da doutrina católica aos fiéis. O fato é que Padre Beto começou a agir como um livre pensador, e a dizer tudo o que pensa a respeito da Igreja, de modo contundente, e a gerar escândalo. Posição pessoal crítica e respeitosa, admite-se. Posição exibicionista, personalista e escandalosa é inaceitável em qualquer organização humana, muito mais quando se trata da Fé e da Moral cristãs. Neste caso, assumiu o sacerdócio com o compromisso de submeter-se ao Magistério da Igreja, parte do qual diverge despudoradamente e sem a mímina coerência e consistência intelectuais. Será que pensa ser um Leonardo Boff? Falta-lhe, no mínimo, em termos intelectuais, publicar mais de 80 livros e milhares de artigos,que compõem sua vasta bibliografia.
A crise se agravou quando ele extrapolou (avançou demais o sinal, como disse o Bispo), e começou a gravar vídeos e postar nas redes sociais, opiniões próprias enquanto sacerdote. Padre Beto não apenas falou barbaridades nos vídeos, como também tinha um estilo que chocava muitos fiéis que não esperavam tais comportamentos vindos de um padre. O próprio Bispo o chamou de "filho rebelde", cuja paciência se esgotou quando determinou que ele retirasse todo o material herético da Internet e se retratasse. Padre Beto recusou a retratação, disse que o Bispo não era seu pai (aliás, o Bispo é o “PADRE” maior, pai traduzido do latim), e que ele manteria tudo o que dissera, porque para ele a "liberdade de expressão" valia mais. Justificou-se dizendo que todos os seus pensamentos tinham como objetivo levar as pessoas a refletirem sobre questões defendidas pela Igreja. Diante da posição herética e cismática de Padre Beto, Dom Caetano não teve outra alternativa se não o da excomunhão.
Dom Caetano agiu certo, porque o que prevaleceu foi a coerência. Como Bispo ele tinha o dever de evitar que um sacerdote católico saisse por aí pregando coisas que não condizem com o pensamento da Igreja. Se Padre Beto quisesse ser um livre pensador, então tinha mesmo que deixar o sacerdócio (decisão que ele já havia tomado). Que ele fosse ser consultor de alguma organização não governamental, ou se tornasse político, ou mesmo professor e comunicador, onde pode expressar livremente as suas "reflexões", desde que ,obviamente, não enfrentem os interesses dos detentores dessas instituições mantenedoras. Caso contrário, será posto na rua lá também. Mas não como sacerdote católico. Ao ser ordenado padre, ele havia feito juramento de fidelidade à Igreja, portanto, seu comportamento o expôs a uma situação insustentável. Ele não tinha o direito de como padre falar o que lhe viesse à cabeça, sem refletir sobre as conseqüências de seus atos. Os fiéis vão à Igreja e esperam receber os ensinamentos da doutrina católica. O que o Padre Beto estava pregando feria gravemente muitos princípios e valores da Igreja. Foi coerente então a sua saída, e mais coerente ainda a sua excomunhão, diante do modo herético e cismático com que agiu.
Ao contrário do que ele vem dizendo, a Igreja está aberta a ouvir, a perscrutar as coisas, e aprofundar as questões, nos ambientes e foruns adequados. Quando há graves impasses, o papa convoca concílios para que se chegue a um entendimento. Mas longe do escândalo, das querelas midiáticas e dos narcisismos televisivos. Padre Beto ganhou seus quinze minutos de fama, e agora terá muitas tribunas livres (se fôr conveniente a elas) para dizer o que ele acha disso ou daquilo, mas falará agora como padre excomungado, como um livre pensador. Que ele consiga refletir sobre tudo o que aconteceu e se converta. Parabenizamos Dom Caetano pela sua atitude firme! Zelou pelo seu dever, agiu como um pai que deu o remédio amargo ao filho, por amor a quem ele quer muito bem, como manifestou em sua entrevista quando solicitou a retratação de padre Beto. A Igreja continuará sendo mestra e mãe e Dom Caetano, pai afetuoso de seus padres, freiras e leigos de sua diocese.
(Valmor Bola;, doutor em sociologia; presidente da Conap/Mec-Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos - Prouni)