Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
De tudo e de nada, discorrendo com divagações pessoais ou reflexões de autores consagrados. Este deverá ser considerado um ficheiro divagante, sem preconceitos ou falsos pudores, sobre os assuntos mais variados, desmi(s)tificando verdades ou dogmas.
São muitos os desafios que se nos apresentam neste século XXI, ao mesmo tempo com imensas vantagens e imensos riscos.
A sua ordem é um pouco arbitrária, mas começaria pela globalização. Pela primeira vez, somos verdadeiramente uma "pequena aldeia". Devido às redes de transportes e comunicações, fluxos de bens, serviços, capitais, conhecimentos e pessoas, os países e os povos do mundo estão cada vez mais integrados numa sociedade global. O que vai então significar a globalização: simples liberalização económica? Que nova configuração vai ter o mundo, com a emergência dos BRICS e, concretamente, das potências asiáticas, nomeadamente da China e da Índia? E o que será da Europa, se não caminhar para estruturas federativas?
A globalização contemporânea, a partir de 1945, tem características próprias e coloca problemas gigantescos, como escreveu A. Sasot Mateus: as tendências monopolistas do capital, a ausência de mecanismos para a fiscalização da especulação financeira à escala planetária, o terrorismo global, a falta de mecanismos efectivos para a resolução dos conflitos internacionais, os problemas ligados à sustentabilidade mundial, a desintegração da coesão social, o desemprego, os défices democráticos nas instituições estatais e supra-estatais e as ameaças à própria democracia devido à subordinação à ditadura financeira, tráficos ilegais de todo o tipo: armas, pessoas, drogas, órgãos, com máfias poderosíssimas à mistura, paraísos financeiros que fomentam a falta de solidariedade e branqueiam capitais de origem duvidosa... No quadro da globalização, com os problemas globais, é evidente que é necessário pensar numa governança global.
Este mundo globalizado, é, também por força dos fluxos migratórios, um mundo multicultural e a questão que se coloca é se vamos entrar num choque de culturas e civilizações ou se, pelo contrário, seremos capazes de abrir portas para uma aliança de culturas, mediante o diálogo intercultural e inter-religioso. Como impedir a homogeneização cultural? Por outro lado, como proteger a diversidade cultural, sem permitir a lesão dos direitos humanos?
E aí está uma nova cultura: a cibercultura, que o sociólogo M. Castells estudou, analisando a estrutura da "era da informação" como "sociedade da rede". As novas gerações nascem sob o impacto das novas tecnologias electrónicas, que modelam a sua visão da existência e do mundo. Navegando por infindos ecrãs de textos e imagens, ligando-se em fóruns de discussão e intervenção, trocando mensagens de simultaneidade generalizada, perdendo a noção do tempo e da realidade mediante a entrada no virtual, marcando encontros cibersexuais, experimentam uma nova revolução em curso. Então, que novo tipo de homem, que nova imagem do corpo, que nova relação com a memória e o tempo? Na relação universal virtual, não se perde a relação com o outro face a face, mergulhando na insuportável solidão? E não cresce o perigo de novas formas de exclusão, com o novo analfabetismo: o cibernético? E no meio de tsunamis de informação, como analisá-la criticamente e distinguir? E não se ergue um risco maior: o de, esquecendo a dimensão vertical, sem referências, a Rede transformar-se, na expressão feliz de João Maria André, num Labirinto?
Outras revoluções estão em curso: a genética e as neurociências - o cérebro é o infindável novo continente em exploração. Poderemos, com as novas tecnologias, vir a vencer a dor, o envelhecimento e a própria morte? Assistir-se-á à transformação da natureza do humano? Caminharemos para o pós--humano e um transhumanismo, que fazem inclusivamente alguns pensarem na possibilidade de uma bifurcação da Humanidade? Os novos desafios: manipulação genética, manipulação da actividade cerebral, investigação em embriões, clonagem, híbridos, criação do super-homem...
Não se pode deixar de apontar o desafio ecológico, quando o planeta está em risco e a Humanidade pode deixar de ter futuro.
Poderá esquecer-se o Transcendente, ao menos enquanto questão? E abandonar a afirmação de Cícero: "res sacra homo" ( o ser humano é realidade sagrada)?
(Anselmo Borges)
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3095215671398122225#editor/target=post;postID=6666995706117372516