De tudo e de nada, discorrendo com divagações pessoais ou reflexões de autores consagrados. Este deverá ser considerado um ficheiro divagante, sem preconceitos ou falsos pudores, sobre os assuntos mais variados, desmi(s)tificando verdades ou dogmas.
"Este é um documento histórico, que na confusão do dia-a-dia passará despercebido.É um grito no meio da multidão,que vive sem grandes objectivos fraternos.Os valores do amor e da igualdade vão-se esfumando de hora a hora" (Joaquim Carreira Tapadinhas)
Jack Klain, 90 anos, viúvo e afastado dos filhos, anunciou a sua própria morte na secção de necrologia do Correio da Manhã.
"Eu, Jack Klain, comunico que faleci...", lê-se no anúncio colocado por uma agência funerária à qual Jack Klain, nascido em Detroit, nos EUA, e a viver em Portugal desde a Segunda Guerra Mundial, pediu, enquanto estava doente, para que divulgasse a sua morte na primeira pessoa. Mas Jack Klain não anuncia apenas a sua morte, dá também a conhecer uma profunda solidão por estar afastado dos filhos: "Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizade. A falta da família faz com que o mundo pareça um deserto", lê-se na necrologia. (http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/sociedade/idoso-solitario-anuncia-a-propria-morte ) «Comunico que faleci», pode ler-se no anúncio publicado na secção de necrologia do jornal «Correio da Manhã». Parece brincadeira de mau gosto, mas é verdade. Não é brincadeira. E é triste. Muito triste! Jack Klaim viveu muito. Noventa anos. Dir-se-á que é a ordem natural das coisas, mas há outra história que se lê nas entrelinhas deste comunicado de jornal: Jack Klaim morreu muito antes desta morte física. Morreu de solidão. «Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizade. A falta da família faz com que o mundo pareça um deserto», acrescenta o anúncio que deixou tratado com uma agência funerária para que o divulgasse quando morresse. Jack Klaim era viúvo e estava afastado dos dois filhos. O CM conta que o americano vivia em Portugal desde a Segunda Guerra Mundial, após ter sido atirador de bombardeiros ao serviço dos Estados Unidos e ajudado muitos refugiados a fugir da Europa. Óbito: Afastado da família, encarava a vida como um deserto. Morreu de solidão, diz a peça. É a causa mais provável, dir-se-á, apesar da provecta idade. Diria que a solidão foi a sua mais constante companheira e derradeira. Feita do vazio de todo o restante - comunidade, família, afectos, às vezes, o espaço físico moldado pela pessoa, a solidão acaba por ser tudo menos vazio, antes cheia de - felizmente - imagens, pensamentos, sentimentos e vozes do que foi a passagem - transicção? - por esta existência. À sua maneira, este Jack Klaim - nome a reter - deixou uma imagem mastábica do seu ser, para quem a ler e ponderar, personificando os muitos como ele, mas sem voz, ou sem capacidade de expressão, ou, quiçá, com vergonha de envergonhar...alguém. Mas se os espelhos reflectem, produzem uma imagem, também é lícito perguntar: qual é a mais real?