“Pregar a castidade é uma incitação pública à antinatureza. Qualquer desprezo à vida sexual, qualquer tentativa de maculá-la através do conceito de “impureza” é o maior pecado contra o Espírito Santo da Vida.”
(O Anticristo, F. Nietzche)

Nenhuma religião no mundo debateu tanto a intimidade sexual como o catolicismo. Curiosamente, o teólogo moral por excelência, o Papa, o Sumo Pontífice, é o crente que na história mais rejeitou a máxima bíblica: "De fornicação e de toda a espécie de impureza ou de ganância não se fale entre vós, como deve ser entre os santos "(Ef 5:3). Pensei muito sobre a estrutura que deveria ter este livro, e se deveria começar com os capítulos sobre a Bíblia e sobre Jesus. A verdade é que estes símbolos do cristianismo são, juntamente com o do do Sumo Pontífice de Roma, os três grandes baluartes atrás dos quais se abrigam mais de cem mil milhões de católicos em todo o mundo.
É por esta razão que este livro é um relato de como o sexo foi tratada desde o início, isto é das Sagradas Escrituras, até hoje, isto é, até ao Papa Bento XVI, e como os papas de Roma, enquanto condenavam e puniam o incesto, o homossexualismo, o estupro, o adultério, a pederastia, a sodomia e o concubinato eclesiástico, se dedicavam ao exercício de cada uma destas práticas, descaradamente, à sombra do poder da tiara e das chaves de Pedro, no silêncio e no segredo dos quartos papais.
O primeiro símbolo do cristianismo, a Bíblia, é em si um grande montão de histórias sobre sexo em que, mais uma vez, em nome de Deus, é permitido o incesto, os estupros em massa, os abusos contra as mulheres, a sodomia, a homossexualidade e assim por diante. No entanto, em alguns de seus capítulos controversos, enquanto por um lado era punida a homossexualidade, por outro lado era defendida a escravidão; enquanto se perdoava ao homem por ter dado a sua própria esposa para que fosse estuprada, punia-se a mulher porque ela tinha-se tornado "impura", após o estupro; enquanto, por um lado, se proclamava a necessidade de eliminar e destruir países inteiros, por outro lado, o Senhor não iria punir-te, se sacrificasses o teu filho para a sua maior glória.
Este absurdo tem governado a Igreja desde a sua mais tenra infância, do ano zero de nossa era até 2005, quando o Papa João Paulo II morreu e Bento XVI herdou o trono de Pedro. Este absurdo tem sido a característica da longa história do papado, em que as palavras "Deus" e "Igreja" sempre estiveram muito ligadas à palvra "sexo".
Assim, Inocêncio III escutava a leitura do relatório do legado papal Arnaldo Amalric, que informava sobre o assassinato de sete mil albigenses, todos mulheres, crianças e idosos, enquanto fornicava com uma empregada doméstica; Inocêncio IV atiçava o fogo da Inquisição enquanto fornicava com escravos, tanto homens como mulheres, e, depois, mandava açoitá-los; João XII, estuprador de peregrinas, mulheres casadas, viúvas, meninas e crianças, morreu por causa de uma martelada na cabeça acertada por um marido ciumento; Bento VII foi assassinado pelo esposo, ciumento, da mulher com quem ele estava na cama; Inocêncio III entrou para a história como um dos mais famosos colecionadores de objetos e jogos eróticos da época; Inocêncio VIII, o papa que assinou a bula Summis desiderantes affectibus desencadeando uma das mais ferozez perseguições contra as bruxas, apreciava fazer prisioneiras jovens mulheres para depois deflora-las e enviá-las para a fogueira, evitando assim qualquer indiscrição; Leão X, papa homossexual, tinha que montar a cavalo sentado de lado por causa de úlceras anais de que sofria, como resultado de seus muitos encontros amorosos em becos escuros de Roma, e forçou mais de sete mil prostitutas da Cidade eterna a entregar uma parte de seus ganhos à mais alta autoridade da Igreja, ou seja, a ele mesmo; Paulo IV, finalmente, passava seus dias comissionando aos escritores obras eróticas com que preenchia suas longas noites, enquanto uma empregada doméstica ou uma nobre dama o masturbava.

Não se deve esquecer, nem mesmo os papas que transformaram a tiara em objeto do desejo de familiares e amigos: Bento IX era sobrinho de João XIX, que por sua vez tinha sucedido a seu irmão, Bento VIII, neto de João XII; João XI era filho ilegítimo de Sergio III; João XXIII era filho ilegítimo de um bispo; Paulo I sucedeu a seu irmão, Estêvão II; o Papa Silvério foi gerado a partir do sémen do papa Hormisdas; Inocêncio I foi fruto do sémen do Papa Anastácio I; Bonifácio VI era filho de um bispo; o papa Romano era irmão do Papa Martinho e ambos eram filhos de um sacerdote.
(Eric Frattini - "I papi e il sesso")