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O OLHO DO OBSERVADOR

por Thynus, em 24.04.17
Um amigo recentemente olhou desaprovadoramente para minha comida. “O que foi?”, perguntei, “está deliciosa.” “Não está, não”, ele respondeu. Não continuei essa discussão porque isso significava mais comida para mim, mas também não continuei porque não há nada a argumentar aqui.
Por que não? Porque o gosto das coisas, como outras coisas que vimos, é relativo. Se dois objetos têm a mesma cor; se um ambiente está frio ou quente; ou se alguém é lindo, tudo isso varia entre os observadores, e não podemos dizer que a percepção de alguém esteja correta e que a do outro não está. As características percebidas aqui são subjetivas: não no objeto, mas na mente do observador. Beleza, como se diz, está no olho do observador.
Mas agora considere até mesmo a forma e o tamanho de um objeto. A moeda na sua mão parece redonda, mas, de outro ângulo, parecerá oval. De longe, você a verá como pequena, ao passo que, de perto, parecerá grande. Em todos esses casos, certa qualidade varia entre os atos de percepção, ao passo que o objeto em si não mudará: é a mesma moeda se parecer redonda ou oval, pequena ou grande, mas se a qualidade percebida varia enquanto o objeto em si fica igual, então a qualidade percebida não pode ser o objeto. Assim, o que você percebe com respeito ao tamanho e forma também é subjetivo, quer dizer, uma sensação dentro da sua mente. Mas a coisa não para aqui.
O que percebemos são cores, gostos, tamanhos, formas, e objetos não são nada mais do que coleções de cores, gostos, tamanhos e formas. Se esses últimos são apenas sensações nos observadores, então os objetos são apenas isso. Ou, para colocar de uma maneira mais direta: não só as coisas que percebemos são sensações na nossa mente.
É que as sensações mentais estão todas ali.
Assim, não existe nenhum objeto físico realmente, existem apenas mentes e suas sensações. Não é só que a beleza está nos olhos de quem observa, pois até o globo ocular do observador está no olho do observador.
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:15

... diz minha esposa brava quando, mais uma vez, eu esqueci algum glorioso detalhe sobre o dia dela. Sua hipótese baseada no senso comum aqui é que as atividades mentais – como memória ou, de modo mais geral, os pensamentos – ocorrem “na cabeça”. Então, se ele não fica na cabeça, não fica na mente.
É demais para o senso comum.
O que é um pensamento? É uma atividade mental que é sempre “sobre” algo: política, átomos ou, no meu caso, sobre acalmar minha esposa. Se você e eu estamos pensando a mesma coisa, temos o mesmo pensamento; se for sobre coisas diferentes, portanto serão pensamentos diferentes. E se os pensamentos estão na cabeça, então – como o cérebro é o que está na cabeça – duas pessoas com seus cérebros em estados idênticos estariam tendo o mesmo pensamento.
Mas agora imagine que há outro planeta exatamente como a Terra. Mesmo tamanho, mesma forma, na verdade uma duplicação exata de todas as moléculas da Terra. Até você tem um duplo, um gêmeo! Só há uma única diferença: o que existe em seus lagos e cai de suas nuvens não é H2O, o que chamamos “água”, mas algum outro componente químico (XYZ) que meramente lembra H2O. Ninguém poderia notar a diferença: XYZ parece e tem o gosto de água, e eles até chamam aquilo de “água”! Mas não é água porque água é H2O e aquilo é XYZ.
Agora você está vendo um copo de água na Terra. Seu gêmeo está olhando um copo de XYZ na Terra gêmea. Você pensa: “Hummm, água”. Seu gêmeo pensa: “Hummm, água”. Você está pensando em água. Mas apesar de seu gêmeo ter usado a palavra “água”, o pensamento dele não é sobre água. É sobre a coisa no copo dele, que é XYZ – e XYZ não é água.
Mas aí você e seu gêmeo estão pensando em coisas diferentes. Estão tendo pensamentos diferentes, como notamos anteriormente, apesar das mesmas palavras. Mas como duplo molecular, seus cérebros estão no mesmo estado. Se os pensamentos estivessem na cabeça, a mesma atividade cerebral (que é tudo que está na cabeça) levaria aos mesmos pensamentos. Vocês dois têm a mesma atividade cerebral e mesmo assim produzem pensamentos diferentes.
Então os pensamentos não estão, afinal, na cabeça – por mais estranho que isso possa parecer.
O dia da minha esposa na verdade não entra por um ouvido e sai por outro, afinal. Nunca entra, na verdade.
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:14


DUAS MÃOS NUM BALDE

por Thynus, em 24.04.17
Minha esposa e eu brigamos sempre por uma única coisa: o termostato. Eu o abaixo quando ela não está olhando e ela aumenta quando eu não estou olhando. Recentemente, decidi ir além. Quando ela não estava olhando, instalei uma trava especial no termostato. Quando eu não estava olhando, ela instalou uma nova trava na porta da frente. Muitas vezes termino dando a volta na casa com pouca roupa.
Se ela pelo menos acreditasse que a sala estivesse (digamos) a uns 50 graus negativos! Então, com um termômetro, eu poderia demonstrar, feliz, que ela estava errada. Mas, infelizmente, os dois concordam que está 21 graus. O que discordamos é se 21 graus é quente ou frio. E não está claro se um dos dois está errado sobre isso.
Imagine uma experiência. Enfie uma mão no freezer e a outra num forno. Depois enfie as duas num balde com água à temperatura ambiente. Qual seria sua experiência? Sem dúvida a mão do freezer sentiria uma sensação quente, ao passo que a mão do forno, sentiria uma fria. Mas agora: a água em si está quente ou fria?
Bom, não pode ser os dois. A mesma água não pode estar quente e fria ao mesmo tempo, já que essas são propriedades opostas, e também não temos nenhuma base para dizer que é uma ou outra. As duas mãos estão sentindo de maneira igualmente correta, afinal; seria inteiramente arbitrário decidir que uma é correta e a outra, não.
Em vez disso, deveríamos concluir que não é nenhuma. Quente e frio não são realmente propriedades da água, apesar de todas as aparências, mas, em vez disso, somente sensações na mente daquele que percebe. A água pode estar a 21 graus, mas essa temperatura em si não é nem quente nem fria. Só percebemos dessa forma, e cada percepção é igualmente legítima.
Então, agora, talvez minha esposa possa aumentar a temperatura um pouquinho?
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:13


SÓ SEI É QUE NADA SEI

por Thynus, em 24.04.17
Não existem palavras mais falsas. Mas não porque Sócrates – o famoso enunciador delas – sabia muito, mas porque é duvidoso que ele soubesse que não sabia nada. Para saber isso seria necessária uma compreensão do que é o conhecimento, para ter certeza de que ele estava em falta. E isso é algo que ainda parecemos não ter.
Às vezes o que sabemos são fatos ou sentenças: Fred sabe que ocorreu uma Revolução Francesa. Outras vezes é mais como uma habilidade: Frederique sabe como amarrar os sapatos. Outras vezes é mais como uma experiência: você não sabe qual é o gosto do sushi até prová-lo. Mas existe algo que tudo isso compartilhe, já que todos os exemplos contam como exemplos de “saber”?
Alguém poderia sugerir que ter uma habilidade ou saber qual é o gosto do sushi está ligado a conhecer uma série de fatos ou sentenças. Mas é quase impossível expressar a maioria das habilidades em sentenças. Quando você ensina seu filho a amarrar seus sapatos, inevitavelmente faz isso por meio da demonstração, precisamente porque não tem as palavras. Uma vez tive um professor de piano que tocava jazz e que me explicou como improvisar: “Há doze tons, cara. Você só precisa entrar neles”. Não me espanta que eu tocasse tão mal.
E mesmo se pudéssemos expressar várias habilidades em sentenças, simplesmente “saber” as sentenças não nos daria a habilidade. Se desse, não haveria a necessidade de profissionais do golfe – você podia simplesmente ler um bom livro de golfe e conseguiria vencer o Tiger Woods.
Nem as experiências se reduzem a conhecer sentenças, pois saber qual é o gosto do sushi não permite que você coloque isso em palavras, apesar dos críticos de gastronomia. Na verdade, mesmo os animais poderiam saber qual é o gosto, e eles não possuem capacidade de linguagem.
Então temos todas essas coisas diferentes e não há nada que tenham em comum para serem chamadas de “conhecer”. Apesar de tudo que podemos achar que conhecemos, então simplesmente não sabemos exatamente o que significa dizer que conhecemos.
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:11


CORES VERDADEIRAS

por Thynus, em 24.04.17
Sou alguém que não sabe se vestir – mas esse problema não é completamente culpa minha. A camisa e o suéter que escolhi hoje, na verdade, combinavam perfeitamente em meu guarda-roupa, mas na frente dos meus alunos eles repentinamente passaram a não combinar mais. Eu podia resolver o problema prático mantendo minha classe em meu guarda-roupa. Mas isso não resolveria o problema filosófico.
De que cor é essa camisa no meu guarda-roupa, então? Vou dizer que é azul. Ainda chamo de azul ao ar livre e ao meio-dia de um ensolarado dia de primavera em Nova York, apesar de parecer aqui uma cor um pouco diferente. E ainda chamo de azul sob as luzes fluorescentes da minha sala de aula, apesar de que agora não se parece nada com o suéter que combinava com sua cor no meu guarda-roupa. Mas usar a mesma palavra não mascara o fato de que essa camisa continua mudando de cor.
Muda mesmo? Nada em relação à camisa mudou, então, como pode ter mudado de cor quando o objeto nada mudou?
Talvez eu devesse apenas dizer que parecem cores diferentes para mim, mas agora, se ela parece mudar de cor quando realmente não mudou, então algumas das minhas percepções devem estar erradas. Mas quais? Talvez meu guarda-roupa mal iluminado não seja o contexto para uma visualização “verdadeira”, mas não é óbvio que a luz do Sol natural seja melhor. Afinal, o Sol ao meio-dia na primavera em Nova York produz uma coloração bem diferente do Sol no final de uma tarde de inverno em Londres, logo, qual luz do Sol é a “verdadeira”? E por que não dizer que a luz fluorescente melhora a luz solar e que isso nos permite ver a verdadeira cor?
Talvez devêssemos eliminar a ideia de que objetos físicos têm uma “verdadeira” cor, pois, dessa maneira, não precisaremos decidir qual luz nos dá a verdadeira cor, porque nenhuma existe. Em vez disso, podemos dizer que objetos possuem toda cor que parecem ter, em seus diferentes contextos. Portanto, minha camisa não tem uma cor verdadeira – só cores verdadeiras.
Agora todo mundo saindo desse guarda-roupa.
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:10


TEM… ALGO… LÁ… FORA

por Thynus, em 24.04.17
Você conhece esses desenhos ambíguos – por exemplo, aquele que, de um modo, parece uma jovem e, de outro, parece uma velha? Digamos que é tentador imaginar qual é a figura verdadeira, mas, claro, a resposta é nenhuma das duas, ou ambas: depende como você, o observador, a vê.
Mas também depende todo o resto.
Compare a diferença entre ouvir um idioma que você entende e outro que não entende. Quando você ouve português, ouve palavras ou talvez até significados; quando ouve urdu, só ouve sons. Mas a diferença não está nos seus ouvidos, mas sim na sua mente, que pode interpretar os primeiros sons, mas não os segundos.
Da mesma maneira, meu gato vai olhar para meu computador e não verá um computador. Quando ele se espalha sobre minha mesa, não vê nem os papéis importantes que está empurrando para a ponta, nem minha irritação quando eu o empurro para a ponta da mesa. O problema não é que ele seja cego. O problema é que não possui esses conceitos relevantes: computador, papéis etc. No máximo, o que vê é algo como um padrão de luzes e cores. Sua mente limitada não consegue interpretar esses padrões como nós, que temos esses conceitos.
Na verdade, nós não conseguimos apreciar quanto trabalho nossas mentes fazem para construir nossa experiência do mundo. O mundo “objetivo” supostamente consiste em objetos físicos estáveis, que possuem propriedades “em si”, independentemente da percepção que os outros tenham deles. Mas sua experiência sensorial na verdade não fornece nada disso! O que os seus olhos “veem”, estritamente falando, é esta vasta flutuação de padrões de luzes e cores. É a sua mente, aplicando seus conceitos, que interpreta esses padrões – que parecem com mesa de jantar, uma banana no chão e as meias sujas das crianças.
Não estou dizendo que não existe um mundo fora das nossas mentes. Existe; mas o que esse mundo é, os precisos objetos que ele contém, em algum sentido “depende de nós”, de como nós, com quaisquer conceitos que possamos ter, interpretamos nossas sensações. Assim como “o que” você vê quando olha para uma imagem ambígua depende de como a olha, também, em outras palavras, acontece quando vê outras coisas em outros lugares. Há, na verdade, algo lá fora – mas o que é, exatamente, depende de quem está observando.
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:09


MUITO BARULHO POR NADA

por Thynus, em 24.04.17
Há pouco tempo, astrônomos anunciaram que não descobriram absolutamente nada. Parece, veja bem, que há um enorme vazio com um bilhão de anos-luz cruzando algum lugar aí fora no espaço.
Isso é, na verdade, um monte de nada. E esse é o problema. Pois como pode existir um “monte” de algo a não ser que seja algo?
Para esclarecer, nada parece ser algo. Temos essa palavra para isso, afinal, que é um substantivo – e não é verdade que substantivos têm significados, porque estão relacionados a coisas? Se “nada” significa algo, então é melhor que nada seja algo.
Mas que tipo de coisa?
Não é como nós ou qualquer objeto físico, que são feitos de coisas menores do que átomos. Na verdade o puro espaço vazio não é composto de nada. É, de alguma maneira, uma coisa composta de nada.
As coisas também têm várias propriedades. Os olhos podem ser azuis; o sal dissolve na água; a água ferve a cem graus Celsius. Toda coisa física comum tem peso; as cadeiras suportam o peso. Mas o espaço não tem cor, não se dissolve ou ferve, não tem peso e não suporta nada. É, de alguma maneira, algo que não possui essas propriedades.
Mas ele possui algumas propriedades. Podemos dizer quanto nada existe, como fizeram os astrônomos. Podemos dizer quanto ele dura: aquele sofrido silêncio depois que você a pediu em casamento durou sete segundos (não foi uma eternidade). Podemos ser tocados emocionalmente pelo nada: quando o médico informa que não há nada no nosso abdome, afinal, ficamos aliviados. Nada até pode ser a causa de outra coisa. O pedestre que não fez nada (em vez de alertá-lo sobre a bicicleta que estava vindo) causou a colisão. Se o nada pode ter todas essas propriedades – tamanho, duração, até ser a causa de outra coisa – deve ser algo.
Um algo que é nada.
Preciso admitir que tudo isso é um pouco confuso. Mas pensar sobre o nada é muito mais difícil do que você poderia achar. E isso não é nada. É a falta do nada, que é realmente algo. Ou isso é tudo?
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:08


MINHA MENTE ESTÁ EM OUTRO LUGAR

por Thynus, em 24.04.17
Não dá para negar que sua mente existe. Afinal, o próprio ato de negar exige a capacidade de formar pensamentos, o que parece ser uma capacidade mental – então, negar que você tem uma mente acabaria provando que você tem uma! O que não está claro, no entanto, é o que significa ter uma mente. Sabemos que temos cérebros, que são objetos puramente físicos, mas a pergunta é se nossas mentes são nossos cérebros. E as diferenças importantes entre o mental e o físico sugerem que não são.
Por exemplo, as coisas físicas normais possuem propriedades espaciais, ou seja, elas ocupam espaço, possuem tamanho, forma, localização etc., mas a mente não parece ser espacial. Não faz sentido perguntar o “tamanho” do pensamento, ou qual a forma da sua consciência, nem faz sentido perguntar onde um pensamento ou percepção poderia ser localizado. Se você conseguisse diminuir de tamanho e entrasse em um cérebro, tudo o que veria seriam muitas moléculas movendo-se em grande velocidade. Você nunca encontraria um “pensamento” ou “percepção” – já que não estão localizados em lugar algum do cérebro.
As mentes também possuem uma característica única: seus donos têm um acesso especial a elas. Dá para saber diretamente o que você está pensando, de uma maneira que mais ninguém pode saber o que você está pensando, e nenhum outro objeto físico possui tal característica. Como todos os objetos físicos existem no espaço, todos nós temos acesso igual a eles, até aos cérebros de cada um. Na verdade, os médicos possuem ainda maior acesso ao que está acontecendo no seu cérebro do que você por meio de imagens e sons! Mas apenas olhar o seu cérebro nunca vai permitir que eles sintam o que você está sentindo, uma vez que, diferentemente do seu corpo e do seu cérebro, isso pertence somente a você.
Não está claro ainda o que é a mente, mas é certo que a única coisa que está de fato na cabeça é o cérebro, e que a mente, nos sentidos mais profundos, está em outro lugar.
 

publicado às 22:07


VEREI VOCÊ NOS MEUS SONHOS

por Thynus, em 24.04.17
“Você está louco; está tudo na sua cabeça.” O filósofo em mim está acostumado a ouvir isso, normalmente dito com um dedo apontado para a porta. Minha resposta típica, quando a porta se fecha atrás de mim, é falar: “Exatamente!”. Porque está tudo na mente.
Imagine o seguinte sonho. Você está em uma ilha, o sol está brilhando, o oceano é de um azul maravilhoso, você está tomando uma margarita gelada com uma pessoa especial… E então acorda. E está na sua cama, à noite, no inverno, no seu apartamento desesperadamente sozinho. Todos conhecemos esse fenômeno, como já vimos: a forma como as coisas aparecem nos nossos sonhos nem sempre é como existem na realidade.
Mas agora esse fenômeno não está meramente limitado a nossos sonhos.
No sonho, em um momento você olhou para um coqueiro. Mas pense, agora, o que exatamente você estava vendo?
Não era uma árvore real – quer dizer, fisicamente –, porque não existe nenhum coqueiro físico no seu solitário apartamento. Na verdade, não era uma árvore física, porque seus olhos estavam fechados: você não estava vendo nada fisicamente. Devia estar vendo outra coisa: a imagem mental de uma árvore, uma árvore mental. O mesmo acontece com todo o resto em um sonho. O que vemos em sonhos, claramente, são apenas imagens mentais.
Agora você acorda. Se tiver sorte, está lendo este livro em uma praia, o sol está brilhando, o oceano é azul… Olhe para um coqueiro. Sua experiência visual é, em todos os sentidos, igual à experiência visual sonhada daquela árvore, por isso é tão difícil distinguir sonhos das percepções normais da vigília. Mas, em um sonho, o que vemos são somente imagens mentais de objetos. Portanto, o que você vê quando olha para uma árvore, mesmo quando acordado, é somente uma imagem mental, e não uma árvore física real.
Assim, mesmo quando acordados nunca percebemos genuinamente os objetos físicos no mundo ao nosso redor.
Não estou louco: está tudo na sua mente.
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:06


SÓ DEUS SABE O QUE VOCÊ VAI FAZER

por Thynus, em 24.04.17
Se você é um ser humano (como deve ser), provavelmente raciocina sobre probabilidades, pelo menos subconscientemente, a todo segundo do dia. Sempre que entra no seu carro, acende um cigarro, dá um passo ou rouba uma loja, está levando em conta as probabilidades em relação a batidas, câncer, buracos ou a morte num tiroteio.
Mas do que exatamente estamos tratando quando falamos que as coisas são “prováveis” em vários graus? Quando falamos (por exemplo) que “existe 50% de probabilidade de que esta moeda caia do lado cara”?
Queremos dizer que, se jogarmos duas vezes, ela vai cair uma vez coroa e outra cara? Certamente não. Moedas “honestas” – com uma probabilidade de que 50% caiam do lado de cara – podem terminar saindo coroa duas vezes seguidas.
Quer dizer que se jogarmos a moeda cem vezes, ela vai terminar saindo cara precisamente 50 vezes? Mais uma vez, não, porque uma moeda poderia com perfeição cair em uma proporção 51-49, ou 55-45, ou, pior, cem vezes da mesma forma.
Queremos dizer que ela vai provavelmente cair 50 vezes (de cada cem) do lado da cara? Talvez, mas isso não responderia a nossa pergunta original – porque se não sabemos o que significa dizer que algo é 50% provável, não saberíamos o que significa dizer que vai “provavelmente” cair 50 vezes do lado cara.
Estamos dizendo que, se jogássemos a moeda um número infinito de vezes, a quantidade de vezes que sai cara seria igual à que sai coroa? Um problema aqui é que sempre que o número de caras se igualasse ao número de coroas, a próxima jogada perturbaria a proporção – então haveria muitos pontos nos quais eles não seriam iguais. Mas isso não afastaria nossa afirmação de que existe uma probabilidade de 50%.
Podemos pensar em probabilidades o tempo todo. Mas quando realmente pensamos nelas, nem sabemos o que queremos dizer com isso. O que não é nada bom.
Provavelmente.
 
 
(Andrew Pessin - Filosofia em 60 segundos : expanda sua mente com um minuto por dia!)

publicado às 22:06



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