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Triste fado do cume

por Thynus, em 02.06.16
No alto daquela serra
Semeei uma roseira
O mato no Cume arde
A rosa no Cume cheira
 
Quando cai a chuva grossa
A água o Cume desce
O orvalho no Cume brilha
O mato no Cume cresce

Mas logo que a chuva cessa
Ao Cume volta alegria
Pois volta a brilhar depressa
O sol que no Cume ardia
 
E quando chega o Verão
E tudo no Cume seca
O vento o Cume limpa
E o Cume fica careca
 
Ao subir a linda serra
Vê-se o Cume aparecendo
Mas começando a descer
O Cume se vai escondendo
 
Quando cai a chuva fria
Salpicos no Cume caiem
Abelhas no Cume picam
Lagartos do Cume saiem
 
À hora crepuscular
Tudo no Cume escurece
Pirilampos no Cume brilham
E a lua no Cume aparece

E quando vem o Inverno
A neve no Cume cai
O Cume fica tapado
E ao Cume ninguém vai

Mas a tristeza se acaba
E de novo vem o Verão
O gelo do Cume cai
E todos ao Cume vão

 

publicado às 19:37

Um garoto passeava com o avô por uma praça da cidade. Em determinada altura eles viram um sapateiro sendo destratado por um cliente, pelo fato de um serviço não ter ficado tão bem-feito. O sapateiro escutou calmamente a reclamação, pediu desculpas e prometeu corrigir o erro.
Continuaram passeando e pararam para tomar um café num restaurante. Na mesa ao lado, o garçom pediu a um homem que movesse um pouco a cadeira, para abrir espaço. O homem irrompeu numa torrente de reclamações e negou-se a afastar a cadeira. Vendo a cena o avô falou para o neto:
- Nunca esqueça o que viu. O sapateiro aceitou uma reclamação, enquanto este homem ao nosso lado não quis mover-se. Os homens úteis, que fazem algo útil, não se incomodam de serem tratados como inúteis. Mas os inúteis sempre se julgam importantes e escondem toda a sua incompetência atrás da autoridade.
Julgar as pessoas não é uma atividade das mais simples. É difícil fazer um julgamento quando sabemos que também temos nossos defeitos. Há uma história do discípulo que perguntou para o mestre:
Como devo me comportar quando estiver julgando meus companheiros?
E o mestre respondeu para o aluno:
- Quando for julgar seus companheiros, procure olhá-los nos olhos e a si mesmo.
- Mas isso não é uma atitude egoísta? - questionou o discípulo.
- Não, não é uma atitude egoísta, pelo contrário. Se ficarmos preocupados conosco, jamais veremos o que os outros têm de bom para oferecer. Quem dera sempre conseguíssemos ver as coisas boas que estão à nossa volta! Na verdade, quando olhamos o próximo, estamos apenas procurando defeitos. Tentamos descobrir sua maldade porque desejamos que seja pior que nós. Nunca o perdoamos quando nos fere porque achamos que jamais seríamos perdoados por ele. Conseguimos feri-lo com palavras duras, afirmando que dizemos a verdade, quando estamos apenas tentando ocultá-la de nós mesmos.

Fingimos que somos importantes, para que ninguém possa ver nossa fragilidade.
Por isso, sempre que estiver julgando o seu irmão, tenha consciência de que é você quem está no tribunal.

(Alexandre Rangel - O que podemos aprender com os gansos)

publicado às 01:19


Afiar o machado

por Thynus, em 02.06.16
Um caçador saiu para o seu dia de lazer e, ao adentrar a floresta, encontrou um forte lenhador que tentava derrubar uma árvore. Ele passou o dia todo caçando e, ao retomar para seu hotel, passou novamente pelo lenhador que ainda continuava a tentar derrubar a mesma árvore. O caçador percebeu que o machado utilizado pelo lenhador não estava afiado. Disse então:
Por que você não afia este machado?
E o lenhador respondeu:
- Não posso. Eu não tenho tempo.

A falta de tempo é um problema crônico de todo mundo. Mas uma coisa que faz com que o pouco tempo que a gente tem fique menor ainda é a falta .de planejamento. O planejamento das atividades do dia é fundamental para que possamos nos organizar e dar conta dos compromissos. Se você é daquelas pessoas que se senta e começa a trabalhar, sem um mínimo de planejamento, tente fazer o seguinte: liste em uma folha de caderno todas as coisas que tem de fazer na semana. Depois resuma o que pode fazer no dia. Em seguida, priorize o que vai poder fazer no dia em função do tempo que levará cada tarefa e vá executando cada atividade durante o decorrer do dia. O que não conseguir realizar, passe para a lista do dia seguinte. Você vai ver que, planejando assim, o seu tempo renderá muito mais. Gosto de um pensamento que diz: "Se eu tivesse oito horas para derrubar uma árvore, eu passaria seis horas afiando o machado".

(Alexandre Rangel - O que podemos aprender com os gansos)  

publicado às 01:18


Cuidado com o leão surdo

por Thynus, em 01.06.16
Certa vez, um caçador recebeu de um feiticeiro uma flauta mágica que, ao ser tocada, enfeitiçaria os animais, fazendo-os dançar. Desse modo, o caçador teria facilitada a sua ação. Entusiasmado com o instrumento, o caçador organizou uma caçada e convidou dois outros amigos caçadores.
Logo no primeiro dia, o grupo se deparou com um feroz tigre. De imediato, o caçador pôs-se a tocar a flauta e, milagrosamente, o tigre, que já estava próximo de um de seus amigos, começou a dançar. Foi fuzilado à queima-roupa. Horas depois, a caravana foi atacada por um leopardo, que saltava de uma árvore. Ao som da flauta, contudo, o animal transformou-se: de agressivo, ficou manso e dançou. Os caçadores não hesitaram: mataram-no com vários tiros.
Ao final do dia, o grupo encontrou pela frente um leão faminto. A flauta soou, mas o leão não dançou. Ao contrário, atacou um dos amigos e em seguida matou o outro. O tocador de flauta, desesperadamente, fazia soar as notas musicais, mas sem resultado algum. O leão não dançava. E, enquanto tocava e tocava, o caçador foi devorado. Isso aconteceu porque ele não percebeu que o leão faminto era surdo e, portanto, não escutava o som mágico da flauta.

Não devemos confiar cegamente nos métodos que sempre deram certo, pois um dia podem não dar.
Tenha sempre um plano de contingência, prepare alternativas para as situações imprevistas, analise as possibilidades de erro. Previna-se: esteja atento às mudanças e não espere as dificuldades para agir. Cuidado com o leão surdo.

(Alexandre Rangel - O que podemos aprender com os gansos) 

publicado às 14:09


FELICIDADE COMO DOENÇA

por Thynus, em 01.06.16
Deus me livre de ser feliz. Soa estranho, mas me parece essencial nos afastarmos da neurose da felicidade. Muitos dirão que existem vários tipos de felicidade e estarão certos em dizê-lo. Os antigos gregos pensavam a felicidade como uma vida longe das paixões e pautada pelo pensamento e pela virtude pública. Os cristãos pensaram a felicidade como beatitude, isto é, a capacidade de viver sem pensar em si mesmos e voltados para o outro. Os iluministas gostavam de pensar a felicidade como a vida com a razão e próxima da Ciência. Os utilitaristas pensaram a felicidade como a otimização do bem-estar. E os contemporâneos inventaram a felicidade como neurose do desejo. Qual é a sintomatologia?
Primeiro, os índices de felicidade inventados pelos governos pra ganhar voto.
Nesse caso, felicidade é adquirir geladeira e TV de tela plana e dizer que faz sexo duas vezes por hora. Outro sintoma são pesquisas encomendadas por grupos que querem ver seu modo de vida afirmado como a forma mais feliz de viver, como os acadêmicos que “provam” que não ter filhos deixa você mais feliz – coisa de preguiçoso. Outro sintoma é pensar em você o tempo todo. Se você tem mais de trinta anos e se considera a pessoa mais importante do mundo, já fracassou como adulto.
É um adolescente tardio. Qualquer mulher sabe reconhecer um homem que sofre de síndrome de Peter Pan. Outro sintoma é a excessiva preocupação com a alimentação. Ser saudável demais depõe contra você. Quer mais um? Ler artigos que dão formas de felicidade a preços baixos.
O utilitarismo de massa ajudou muito a criar essa ideia de que bem-estar está acima de tudo. Mas o narcisismo e sua preocupação consigo mesmo é o campeão.
Pessoas que sofrem dessa neurose estão sempre tomadas pelo sentimento de que as fotos dos outros que elas veem no celular provam que os outros estão “aproveitando” mais a vida do que elas. A insatisfação como um ruído cada vez mais alto as atormenta. Óbvio que os outros são mais felizes do que nós. Para começo de conversa, eles não vivem as nossas misérias tão pessoais e que nos definem de forma silenciosa e constante. Não se trata de dizer que a felicidade não importa, mas de dizer que a felicidade deve ser discreta e falar pouco de si mesma. A elegância na felicidade é mais importante do que na tristeza.

(Luiz Felipe Pondé - A era do ressentimento)

publicado às 13:45

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