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Observo à minha volta muita gente com aquilo que chamo de Ego Espiritualizado. Espiritualizam os seus egos. Sei-o porque também já o fiz. Aquelas pessoas que são tão boas, e simpáticas e sempre prontas a ajudar o próximo, e que só querem ser úteis aos demais. E são “oh-tão-dóceis”! Sempre a pensar nos outros! E afirmam que vivem no presente, e que as suas vidas são equilibradas e super saudáveis. E só comem os alimentos mais nutritivos. E não fumam, nem bebem álcool, nem praticam actos sexuais ‘perversos’, nem fogem ás suas responsabilidades, nem procuram ter razão, nem mentem... Estas pessoas são nada mais que um ego monstruoso incapaz de abraçar o lado negro. E, como resultado, irão precisar que outros lhes mostrem o seu lado escuro que não conseguem aceitar.
Nós somos uns seres muito especiais. A vida acontece dentro de nós, e depois projectamo-la para o exterior. Sempre. Tudo o que vê à sua volta é uma projecção do que vai dentro de si. Veja-se o exemplo da Igreja Católica.
Uma instituição que possui uma carga emocional negativíssima sobre a prostituição, o aborto, a homossexualidade, as drogas, o sexo antes do casamento (na verdade tudo o que seja sexual). E o que acontece? Tudo o que nega e repudia é projectado no exterior! Por isso temos prostituição, e temos toxicodependentes, e temos mulheres a abortar, e temos a pedofilia e tudo o mais que esta instituição nega. Em realidade a própria Igreja Católica esconde no seu seio muitos pedófilos.
Isto aplica-se a todas as instituições. Sejam religiosas, politicas, económicas, sociais... Aquilo a que resiste, persiste.
E o mesmo acontece consigo. O que mais odeia nos outros? O que ‘mexe’ consigo? Se é a mentira, pode ter a certeza que irá atrair pessoas mentirosas. Se é o sexo ‘sujo’, irá atrair verdadeiros tarados sexuais. Se é a dependência de drogas, irá atrair pessoas viciadas em qualquer substância.
Tem que se perguntar o que há de errado com mentir. O que há de errado com o sexo ‘perverso’. O que há de errado com a dependência de drogas. Estas são as áreas da sua vida a trabalhar. A única maneira de sair da vida que tem é aceitá-la na totalidade e atravessá-la, sentindo a dor que causa a si mesmo e aos que o rodeiam.
Porque há-de ter uma reacção emocional quando vê um fumador? Que tipo de pessoa é capaz de fumar? Uma pessoa que não se cuida? E de que forma você não se cuida? Porque há-de ter uma reacção emocional quando vê uma prostituta? Que tipo de pessoa se prostitui? Uma pessoa que não possui amor-próprio? De que forma é que você não demonstra amor próprio? Porque há-de ter uma reacção emocional quando ouve falar de pornografia? Que tipo de pessoa gosta de pornografia? Talvez uma pessoa incapaz de lidar com a sua sexualidade ou partilhar a sua intimidade?
Estas são as perguntas que deverá fazer-se sempre que tiver uma reacção emocional perante o comportamento de outro ser humano. Pode ter a certeza de uma coisa: tudo aquilo que nega, tudo aquilo que rejeita, irá aparecer na sua vida vezes sem conta.
Alguma vez pensou porque motivo as pessoas ‘boazinhas’ parecem ter tanto azar? Porque não aceitam que podem ser tudo aquilo que vêem nos outros.
O Caminho da Sombra não é para os fracos. É para os que têm a coragem de expor os seus segredos, as suas raivas, as suas vergonhas. E perdoar-se por tudo o que são e tudo o que não são. É viver a partir do coração e não da mente. É ser quem é sem medo do que os outros vão pensar ou dizer.
Todos nós, sem excepção, guardamos segredos dos quais nos envergonhamos. Segredos que pensamos que iriam afastar os que nos são mais queridos se apenas eles soubessem. E se você neste momento está a pensar “eu não tenho segredos” está na hora de abraçar o seu lado mentiroso.
Este processo é sempre mais fácil para as pessoas com um passado doloroso. Isto porque aquelas pessoas que, aparentemente, tiveram uma infância e adolescência sem grandes problemas, não conseguirão ver tão facilmente a forma como foram abusadas.
Quando tinha 9 anos, ía tomar banho quando um adulto, familiar muito próximo, me mexeu nos genitais e masturbou-me. Até há uns dias não era capaz sequer de reviver o evento. Foi demasiado doloroso e vergonhoso. E perseguiu-me até há bem pouco tempo. Uma parte de mim acreditou que o sexo era sujo, que eu tinha que ser, no fundo, uma pessoa má. Hoje consigo ver o presente daquela experiência. Protegeu-me em mais do que uma situação. Hoje dou graças pela experiência e pela dor causada. Aprendi a ser compassivo e aceitar os que sofrem. Essa experiência ensinou-me a amar os que sofrem.
E agora que você sabe deste meu ‘segredo’... O que vai fazer? Nada que não tivesse feito antes. Se pensava bem de mim, irá sentir uma maior aproximação. Se sentia desprezo por mim, irá sentir-se envergonhado/a quando me vir. Mas eu vou continuar a ser quem sempre fui.
Vivi alguns anos com um familiar que me aterrorizava. De cada vez que esse familiar gritava o meu nome eu mijava-me nas calças (não vale a pena utilizar eufemismos). A vergonha e dor desses anos perseguiu-me até há bem pouco tempo. Aprendi a ter medo de ser eu mesmo. Mas aprendi também uma valiosa lição: não temos o direito de magoar quem quer que seja. E ajudou-me a sentir proximidade e carinho pelos que sofrem abusos.
E agora que sabe isto de mim, o que vai pensar? Que estou a vitimizar-me? Não, estou a dizer-lhe apenas que é ok ser humano.
Quando tinha 15 anos fui sexualmente violado. E durante estes anos todos carreguei comigo a raiva, a vergonha e o desespero. A única pessoa que magoei fui eu mesmo. Todos estes anos a carregar estas emoções altamente tóxicas. E a utilizar estas situações como desculpa para não viver o meu eu mais brilhante e corajoso. Qual é a sua desculpa?
Cada situação do seu passado encerra um presente valioso. Cada situação dolorosa do seu passado encerra a chave para quem você é e o dom que tem para dar ao mundo. Tenha apenas a coragem de enfrentar os seus medos, as suas vergonhas, as suas frustrações. Garanto-lhe que se o fizer será um ser diferente. Irá começar a brilhar. Irá mostrar aos outros que também são um presente divino que têm algo para dar ao mundo.
Posso ainda garantir-lhe que se decidir um dia fazer o Caminho da Sombra irá sentir dores físicas, irá ter dores de estômago, náuseas. Irá passar por emoções que desconhecia. Mas terá que o fazer se quer abraçar o seu lado da Luz.
Cada um de nós tem uma história diferente. Há muitas formas de abusar de uma criança. Muitas formas de dizer “tu não és importante”, “tu mereces ser abandonado”, “tu não prestas”, “tu não podes ter ideias próprias”, “tu deves obedecer sempre”, “Tu não podes sobressair”, “Tu tens que sofrer”...
Qual é a sua história? Olhe para a sua vida, para o que está mal na sua vida, e ficará a saber as lições que lhe ensinaram na infância.
Eu tenho uma amiga que aparentemente tem uma vida de sonho. Tudo está bem, a sua infância foi fabulosa. Nada a relatar. Ao ponto de afirmar que vive sempre no presente”. Na verdade não conheço pessoa mais ausente do presente! Ela é falsa (eu também sou), mentirosa (eu também sou), superficial (eu também sou) e fútil (eu também sou). Na verdade ela não tem relações amorosas com o marido há mais de 10 anos, os 3 filhos têm relações frustrantes com ela, um deles é toxicodependente, não fala com a irmã há mais de 5 anos... Esta é a pessoa que jamais aceitará enfrentar o seu lado negro. Por outro lado, é uma pessoa cheia de compaixão (eu também sou), que irradia alegria (eu também irradio), e que tenta sempre ver o lado bom das coisas (eu também o faço).
Faça um favor a si mesmo: esteja preparado para abraçar o seu lado negro. A sua sombra. Nem imagina os presentes que ela tem para si! Enquanto não tiver a coragem de abraçar o seu passado, de fazer as pazes com todos os que o magoaram, de fazer as pazes consigo mesmo, não poderá ser livre. Não poderá mostrar ao mundo quem é de verdade.
Tem que abandonar a sua mente, amar o seu ego, e viver a partir do coração. Não adie este processo.

(Emídio Carvalho - A Sombra Humana)

publicado às 14:19


A psicopatia nas diversas profissões

por Thynus, em 06.10.14
"Toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio
 e finalmente degenera numa quadrilha"
Eric Hoffer

Como sabemos, a corrupção é um dos fenômenos
mais perigosos para uma nação. Os efeitos econômicos
são devastadores, à medida que o custo das
empresas sobe, investimentos despencam, as pessoas
começam a perder a confiança nas instituições
do País e a democracia começa a ser ameaçada. Não
é à toa que os países no topo do ranking da transparência
internacional, como Finlândia e Singapura,
estão entre os mais ricos, enquanto as nações
mais corruptas do planeta, como Togo e Gana estão
entre as mais pobres. A correlação entre corrupção
e subdesenvolvimento é fortíssima.

 ALEXANDRE OSTROWIECKI
RENATO FEDER
 
 
 
Os psicopatas não vão ao trabalho, vão à caça. (...) No mundo corporativo a ação dos psicopatas pode ser comparada a de animais ferozes na busca implacável do poder e do domínio sobre o maior número de pessoas possível, assim como os grandes predadores fazem na demarcação dos seus territórios.
A grande maioria dos psicopatas utiliza suas atividades profissionais para conquistar poder e controle sobre as pessoas. Essas ocupações podem auxiliá-los ainda na camuflagem social daqueles que não levam uma vida francamente marginal (delinquentes mais perigosos). Muitos se camuflam em pessoas responsáveis através de suas profissões. Nesse contexto, podemos encontrar policiais que dirigem redes de prostituição, juízes que cometem os mesmos delitos que os réus - mas no julgamento os condenam com argumentações jurídicas impecáveis, banqueiros que disseminam falsos boatos económicos na economia. Também estão alguns líderes de seitas religiosas, que abusam sexualmente de seus discípulos, ou ainda políticos e homens de Estado que só utilizam o poder em proveito próprio. Estes últimos costumam representar grandes perigos pelo tamanho do poder que podem deter.
A política propicia o exercício do poder de forma quase ilimitada. Poucos cargos permitem um exercício tão propício para atuação dos psicopatas. A "renda" material que eles podem obter também é praticamente incalculável, quando exercem a profissão de forma ilegal. O próprio salário deles também é muito bom, se comparados aos salários dos executivos das corporações privadas. E o fato de terem um foro privilegiado quase lhes assegura de forma impune o exercício do poder com outros fins que não sejam os de servir aos interesses da nação. Todos esses ingredientes fazem uma pizza gostosa de comer, com possibilidade de indigestão quase nula. No Brasil, esse fenómeno torna-se mais gritante porque a impunidade funciona como uma doença crónica e deriva de um somatório que inclui um sistema policial deficitário, um aparelho judiciário emperrado e um código processual retrógrado.
 
Esse fato pode ser facilmente verificado pelas inúmeras manchetes que diariamente noticiam os diversos crimes cometidos por maus políticos: lavagem de dinheiro público, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, evasão de divisas, crime de peculato, desvio de recursos de obras públicas, envio ilegal de dinheiro ao exterior, crime contra a administração pública e por aí vai.
A coisa chegou a tal ponto, que a palavra "política" passou a designar precisamente esse jogo amoral no qual a igualdade é sempre ultrapassada por pessoas que, desdenhando das leis, passam a controlá-las em vez de zelar por elas. Ou um ritual os quais os criminosos são acusados, mas quando são importantes, livram-se da pena porque têm comprovadas relações pessoais e partidárias com os donos do poder. Roberto DaMatta (sociólogo). Revista Veja, ed. 2.021, ano 40, artigo: "Sem culpa e sem vergonha", Ed. Abril, 15/8/2007.
Uma pesquisa realizada pelo Ibope (encomendada pela revista Veja) para saber o que os brasileiros acham de seus parlamentares mostra que, embora a maioria dos entrevistados considere que o Congresso é essencial para a democracia, a imagem que eles passam para a população resume-se nos seguintes adje-tivos: "desonestos, insensíveis, mentirosos". Revista Veja, ed. 1.993, ano 40, Ed. Abril, 31/1/2007.
 
Também achei importante destacar neste tópico a presença dos psicopatas em casos de pedofilia - abuso sexual contra crianças ou pré-púberes (13 anos ou menos). Para realizarem essa perversidade, os psicopatas se camuflam em profissões que permitam aproximar-se de crianças. São professores, chefes de escoteiros, treinadores esportivos, pediatras, religiosos que atuam em colégios, entre dezenas de profissões que exigem contato com crianças. Todas essas atividades profissionais apresentam uma aura socialmente reconhecida como nobres e educativas. O psicopata pedófilo usa, de forma maquiavélica, essa artimanha para acercar-se de suas vítimas, sem despertar suspeitas.
O caso do médico Eugênio Chipkevitch, um dos pediatras mais conceituados do Brasil e detentor de um currículo invejável, ilustra essa constatação de forma bastante didática. Em 2002, o médico russo, naturalizado brasileiro e especializado em psicoterapia infanto-juvenil, foi detido sob a acusação de abusar sexualmente de seus jovens pacientes. A sordidez de suas táticas abusivas foi detalhada em quase quarenta fitas de vídeo, que teriam sido gravadas pelo próprio médico em seu consultório. Após conquistar a confiança de seus pacientes, o médico aplicava-lhes injeções com sedativos e depois abusava sexualmente deles.
Ao ser detido, Chipkevitch agiu de forma indiferente e, sem qualquer constrangimento, admitiu ser ele o médico que aparecia nas fitas. Conseguiu até, de forma afável e tranquila, oferecer cafezinho aos policiais que vasculharam seu apartamento em busca de provas.
O perfil psicopático do médico pode ser observado em alguns aspectos: a perversidade do ato em si, o requinte ritualístico de dopar as vítimas e filmá-las e a sua indiferença afetiva em relação a toda situação.
A maneira como o médico escondeu o lado obscuro de sua vida revela um talento inquestionável para mentir e manipular. Tal fato gerou perplexidade, inclusive, em seus próprios colegas de trabalho: "Eu o conheço desde 1985. É um médico muito conceituado e não consigo acreditar nisso", declarou a psicopedagoga Maria Aparecida Casagrandi à revista Veja (ns 1.744 de 27/3/2002).
Quem poderia desconfiar que por trás do respeitado médico escondia-se um monstro. Chipkevitch era um lobo em pele de cordeiro.
 
A ideologia sobre a qual se alicerça a cultura dos nossos tempos é baseada em três princípios básicos: 1) o individualismo; 2) o relativismo; 3) o instrumentalismo.
De forma compreensível e sem, contudo, aprofundar-me na esfera da filosofia, os três princípios podem ser avaliados da seguinte maneira:
1) O individualismo prega a busca do melhor tipo de vida a se usufruir. Entende-se como o melhor tipo de vida aquele que abrange o autodesenvolvimento, a autorealização e a auto-satisfação. De acordo com essa concepção, o indivíduo tem a "obrigação moral" de buscar sua felicidade em detrimento de qualquer outra obrigação com os demais.
2) Segundo o relativismo todas as escolhas são igualmente importantes, pois não há um padrão de valor objetivo que nos permita estabelecer uma hierarquia de condutas. Assim, qualquer ação que leva o indivíduo a atingir a auto-satisfação é válida e não pode ser questionada.
3) O instrumentalismo afirma que o valor de qualquer coisa fora de nós é apenas um valor instrumental, ou seja, o valor das pessoas e das coisas se resume no que elas podem fazer por nós.
Na verdade, tudo está implícito no primeiro e principal componente da cultura moderna: o individualismo. Assim, o nosso principal objetivo é a realização e a satisfação pessoais. As obrigações que temos com as demais pessoas são meramente secundárias, prevalecendo a obrigação de desfrutarmos a vida da maneira que escolhermos. Dessa forma, as outras pessoas se transformam em simples meios para chegarmos a um fim.
O objetivo maior da ideologia moderna era preservar a liberdade individual. No entanto, essa ênfase sobre a liberdade criou a grande contradição de nossos tempos: como estabelecer valores morais e éticos num mundo que prioriza as escolhas individuais?
A modernidade foi responsável por uma série de mudanças na nossa forma de ver e sentir o mundo. A revolução tecnológica inundou de conforto nossas vidas. Dispomos de uma imensa variedade de coisas que facilitam nosso dia-a-dia, porém não encontramos tempo disponível para cultivarmos o nosso lado afetivo. O convívio reconfortante com a família, os amigos e o amor romântico parecem ser coisas do passado, algo lembrado com nostalgia, mas avaliado como utopia nos dias atuais. O desenvolvimento económico nos tempos modernos fundamenta-se na crença cega de que não podemos "parar" nunca: há sempre o que aprender, conquistar, possuir, descobrir, experimentar... Nada nem ninguém é capaz de nos satisfazer plenamente, pois sempre há novas possibilidades para serem testadas na conquista da tal realização pessoal.
A realização proposta por nossa sociedade só pode ser de aspecto material, pois afetos verdadeiros não podem ser adquiridos nem substituídos na velocidade que nossos tempos preconizam. A cultura do individualismo e o desejo de conseguir bem-estar material a qualquer custo têm provocado erosão dos laços afetivos dentro da nossa sociedade. Com isso, virtudes como a honestidade, a reciprocidade e a responsabilidade com os demais caem em total descrédito. E assim, repletos de conforto e tecnologia, acabamos por nos tornar cada vez mais sozinhos e menos comprometidos com os nossos semelhantes.
Sem sombra de dúvida, o cenário social dos nossos tempos favorece o estilo de vida do psicopata. Ele reflete de forma precisa esse "novo homem", voltado somente para si mesmo, preocupado apenas com o que é seu e desvinculado da realidade vital dos que estão ao seu redor.
A expansão da cultura moderna, repleta de traços psicopáticos, modificou de forma drástica as nossas relações familiares e sociais. Estamos perdendo o senso de responsabilidade compartilhada no campo social e o de vinculação significativa nas relações interpessoais. O aumento implacável da violência e senão uma resposta lógica e previsível a toda essa situação.
No campo da ficção, os psicopatas também têm conquistado valorosos espaços. Até bem pouco tempo atrás, nas novelas, nos romances e nos filmes, torcíamos e nos identificávamos com os personagens do bem que, em geral, eram vitimados pelas diversas circunstâncias dos enredos, mas que se mantinham éticos e triunfavam ao final.
Hoje, ficamos fascinados e atraídos pelos vilões e é para eles que dirigimos nossa torcida. E quando esses "bandidos" são ricos e poderosos acabam por se transformar em sedutores de primeira grandeza. Assim, de forma quase natural, estamos abandonando os mocinhos e seus ideais morais de justiça e solidariedade. Os heróis dos novos tempos são maldosos, inescrupulosos e isentos de qualquer sentimento de culpa. Já os personagens bonzinhos despertam em nós um sentimento de pena e até certa intolerância com seus discursos utópicos e ingênuos. Os heróis do passado estão se tornando os otários dos tempos modernos.
O desrespeito, a frieza, a luxúria e a perversidade dos psicopatas estão ganhando espaço nas telinhas e nas telonas, arrebatando espectadores, críticos especializados e atores que buscam fama e reconhecimento profissional ao interpretarem personagens de "psiquismo tão complexo". Se não tomarmos muito cuidado, acabaremos adotando a conduta psicopática como um estilo de vida eficiente para se alcançar a auto-satisfação ou então como um comportamento adaptativo de sobrevivência.
 
É hora de pararmos e realizarmos uma profunda reflexão coletiva e individual. Precisamos definir em que proporções estamos contribuindo para a promoção de uma cultura psicopática. Temos que unir forças para efetuarmos um combate efetivo das ações psicopáticas em todas as suas manifestações. Para começar, precisamos rever a nossa tolerância em relação as pequenas transgressões do dia-a-dia, como jogar papel no chão, buzinar em frente ao hospital, urinar em postes, cuspir nas calçadas, estacionar em locais proibidos, não recolher os dejetos dos animais de estimação e por aí vai.
E o que dizer de nossa tolerância para com a corrupção? Chegamos ao ponto absurdo de concordar com frases do tipo: "fulano rouba, mas faz." Isso representa a mais pura acomodação política que experimentamos em nossas vidas sociais. Será que acreditamos realmente que exista corrupção benigna? Claro que sabemos que isso não existe, mas tentamos criar justificativas idiotas para abrandar nossas turvas consciências. Sabemos distinguir claramente o que é certo do que é errado, no entanto preferimos relativizar essa questão para nos beneficiarmos das vantagens materiais das "pequenas" transgressões sociais.
Precisamos reestruturar, de forma urgente, os processos pelos quais nossas crianças e nossos jovens aprendem os valores e os comportamentos sociais. Para que isso ocorra, todas as instituições, tanto públicas quanto privadas, terão que dar a sua parcela de contribuição. Somente uma educação pautada em sólidos valores altruístas poderá fazer surgir uma nova ética social que seja capaz de conciliar direitos individuais com responsabilidades interpessoais e coletivas. A aprendizagem altruísta é o único caminho possível para combatermos a cultura psicopática pautada na insensibilidade interpessoal e na ausência da solidariedade coletiva.
É fundamental destacar que não se trata de cair na velha argumentação da perda da virtude em troca do conforto e do progresso. Não é nada disso! Bem-vindas sejam as conquistas dos novos tempos, como os avanços científicos e tecnológicos, as liberdades de escolhas e de expressões. No entanto, nada disso pode se transformar em justificativa para a aceitação ou a tolerância para com uma sociedade constituída de indivíduos desvinculados dos direitos e das necessidades vitais dos que estão ao redor.
A construção de uma sociedade mais solidária é, a meu ver, o grande desafio dos nossos tempos. E para tal empreitada teremos que harmonizar o desenvolvimento tecnológico com uma consciência que não faça qualquer tipo de concessão ao estilo psicopático de ser ou de viver. A luta contra a psicopatia é a luta pelo que há de mais humano em cada um de nós. É a luta por um mundo mais ético e menos violento, repleto "de gente fina, elegante e sincera".

(Ana Beatriz Barbosa Silva - Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado)

publicado às 13:29


A Solidão

por Thynus, em 05.10.14
Para algumas pessoas, a solidão é uma companhia mais rica que a sociedade.
(DEEPAK CHOPRA, RUDOLPH E. TANZI)
 
O homem urbano contemporâneo possui muito 
e vive mergulhado em solidão.
(Manoelita Dias dos Santos)
 
Escolhei a boa solidão, a solidão livre, a
que vos permite seguir sendo bons em qualquer sentido.
(Nietzsche)

 
Vivemos num planeta com mais de sete mil milhões de habitantes e, todavia, sentimo-nos cada vez mais sós.
Os motivos que nos levam a sentirmo-nos cada vez mais sós são vários, mas as causas são sempre as mesmas. Sentimo-nos na solidão, ou pelas coisas que aconteceram nas nossas vidas, e gostaríamos que voltassem a acontecer, ou sentimonos envolvidos na solidão pelas coisas que ainda não aconteceram e desejamos ardentemente que aconteçam. Em ambos os casos é tudo um trabalho interior, mental.
Como podemos estar sós quando vivemos num mar de gente? Como podemos afirmar que os outros não nos compreendem quando nós próprios não sabemos quem somos e muito menos sabemos pedir aquilo que desejamos?
Conheço muitas pessoas que vivem em relacionamentos mortos, onde não há qualquer partilha, excepto aqueles momentos em que a sombra começa a fazer algum barulho. Quando o marido chega tarde a casa. Quando os filhos tiram más notas na escola. Quando a esposa se senta em frente à televisão à espera que sejam horas de ir dormir. E nunca, mas mesmo nunca, conseguimos arranjar uma hora para partilhar a nossa vida com aqueles que são de facto importantes. E nunca, mas mesmo nunca, temos a coragem para dizer que não gostamos do caminho que estamos a percorrer com aqueles que nos deveriam dizer algo ao coração.
O motivo está directamente escondido na nossa Sombra. Temos a sombra de escuridão, em que projectamos tudo aquilo que rejeitamos em nós nos outros. E conseguimos assim um marido infiel, uma esposa prepotente, um filho preguiçoso, um pai déspota, uma mãe mártir, um sogro frio e distante, uma sogra bisbilhoteira, uma amiga viperina e um patrão sádico. E não temos tempo para nos aperceber que todas estas pessoas, que mexem emocionalmente connosco, com a nossa essência, são simples projecções dos nossos aspectos negados, rejeitados e atirados para o saco da inconsciência.
Mas temos também a nossa sombra de luz. E a sombra de luz é ainda mais pesada e difícil de carregar aos ombros. Então atiramos com o que de melhor há em nós para cima dos outros. Para o marido que é um exemplo da honestidade, a esposa que é a pessoa mais carinhosa que conhecemos, o filho que é um génio, o pai que sabe ouvir os nossos problemas, a mãe que nos prepara as refeições mais saborosas do mundo, o sogro que nos ajuda quando estamos preocupados, a sogra que pinta quadros maravilhosos, a amiga que é capaz de uma empatia extraordinária, o patrão que é criativo como mais ninguém.
E mais uma vez estamos a projectar todas as nossas qualidades. E, eventualmente, temos que resgatar essas qualidades, trazê-las para o nosso consciente e aplicá-las para uma vida mais.
Mas como podemos nós resgatar a criatividade genial do nosso patrão quando não estamos minimamente preparados para a pôr em prática? Não podemos. É necessário todo um treino mental para que nos seja possível abraçar a nossa luz, o nosso Ouro Interior.
O trabalho do resgate do nosso Ouro Interior tem que começar sempre por um estudo, uma observação. Em que situações seria de benefício, para mim, possuir a criatividade do meu patrão? Em que situações me seria útil possuir o afecto da minha esposa?
Para avançar neste processo iremos encontrar o maior obstáculo de todos: o medo. É o medo de sermos autênticos, verdadeiros à nossa essência, que nos impede de brilhar. E temos medo porque fomos ensinados há muitas gerações atrás, a ter medo do desconhecido. E, assim, perpetuamos este medo de nos descobrir, de nos revelarmos a nós mesmos.
Então, o primeiro passo que temos que dar é o de verificar quais as qualidades que vemos naqueles que têm um significado especial para nós. Só o facto de estarmos conscientes destes aspectos irá ajudar-nos a dar o próximo passo.
Atreva-se a sentir o medo de ser quem é.

(Emídio Carvalho - A Sombra Humana)

publicado às 14:29

“O amor é a mais poderosa, e ainda assim, a mais desconhecida energia do mundo."
(Pierre Teilhard de Chardin, Padre e Filósofo, 1881-1955).
 
“Para cada ação há sempre uma reação oposta.”
(Isaac Newton, Matemático e Físico, 1643-1727)
 
Do maior ao menor – a lei da atração é o que mantém cada estrela no universo e forma cada átomo e molécula. A força da atração do sol mantém os planetas em nosso sistema solar, fazendo com que eles não se colidam no espaço. A força da atração na gravidade mantém você e toda pessoa, animal, planta e mineral na terra. A força da atração pode ser vista em toda a natureza, de uma flor – atraindo abelhas ou uma semente atraindo nutrientes do solo – até todas as criaturas vivas sendo atraídas para suas próprias espécies. A força da atração opera através de todos os animais na terra, peixes no mar, e pássaros no céu, levando-os a se multiplicarem e formarem coletivos, escolas e grupos. A força da atração mantém juntas as células de seu corpo, os materiais de sua casa, e os móveis nos quais você se senta, e mantém seu carro na estrada e a água em seu copo. Cada objeto que você usa é mantido junto pela força da atração.
A Atração é a força que junta pessoas a outras pessoas.
Ela junta pessoas para formarem cidades e nações, grupos, clubes e sociedades, onde elas partilham interesses comuns. É a força que puxa uma pessoa para a ciência e outra para a culinária; ela puxa as pessoas para vários esportes ou para diferentes estilos de música, para certos animais e para os animais de estimação. A Atração é a força que lhe convoca para suas coisas e lugares preferidos, e é a força que lhe chama para sues amigos e para as pessoas que você ama.

Então, qual é a força de atração? A força da atração é a força do amor! A atração é amor. Quando você sente uma atração para sua comida favorita, você está sentindo amor por aquela comida; sem a atração você não sentiria nada. Todo alimento seria o mesmo para você. Você não saberia o que ama ou o que não ama, pois você não seria atraído para nada. Você não seria atraído para outra pessoa, para uma cidade particular, casa, carro, esporte, trabalho, música, roupas ou qualquer coisa, porque é através da força da atração que você sente amor!

A lei da atração é a lei do amor, e é toda poderosa lei que mantém tudo em harmonia, desde inumeráveis galáxias aos átomos. Ela está operando em tudo e através de tudo no universo. E ela é a lei que está operando em sua vida.
Em termos universais, a lei da atração diz: semelhantes atraem semelhantes. Para sua vida em termos simples isso significa: qualquer coisa que você der na vida é o que você recebe de volta. Qualquer coisa que você dá, pela lei da atração, é exatamente o que você atrai de volta para você.

Toda ação de dar cria uma ação oposta de receber e o que você recebe é sempre igual ao que você deu. O que quer que seja que você tenha dado na vida tem que retornar para você. Esta é a matemática e a física do universo.
Dê positividade, receberá positividade; dê negatividade, receberá negatividade. Dê positividade e receberá uma vida cheia de coisas positivas. Dê negatividade e receberá uma ida cheia de coisas negativas. E como você dá positividade ou negatividade. Através de seus pensamento e sentimentos!

Em qualquer momento você está dando pensamentos positivos ou pensamentos negativos. Você está dando tanto sentimentos positivos ou sentimentos negativos. E sejam eles positivos ou negativos, eles determinarão o que você receberá de volta em sua vida. Todas as pessoas, circunstâncias e eventos que compõem cada momento de sua vida estão sendo atraídos de volta a você através dos pensamentos e sentimentos que você está dando. A vida não acontece simplesmente para você.; você recebe tudo em sua vida, baseado no que você está dando.

O que você dá - você recebe. Ajude e apóie um amigo quando ele está se mudando de casa e muito certamente esta ajuda e apoio retornarão para você com a velocidade da luz.
Dê fúria a um membro familiar que deixa você pra baixo e essa fúria também retornará para você, vestida nas circunstancias da sua vida.
Você está criando sua vida com seus pensamentos e seus sentimentos. O que seja que você pense e sinta, cria tudo que acontece a você e tudo que você vivencia em sua vida. Se você pensa e sente “tive um dia difícil e estressante hoje”, então você atrairá de volta para você todas as pessoas, circunstancias e eventos que farão seu dia difícil e estressante.
Se você sentir e pensar “a vida é realmente boa para mim”, você atrairá de volta para si mesmo todas as pessoas, circunstancias e eventos que farão a vida realmente boa para você.

A lei da atração, infalivelmente, está lhe dando cada coisa em sua vida baseada no que você está oferecendo.
Você magnetiza e recebe as circunstancias de riqueza, saúde, relacionamentos, seu emprego, e cada evento e experiencia em sua vida, baseado nos pensamentos e sentimentos que está emitindo. Emita pensamentos e sentimentos positivos sobre dinheiro e você magnetiza circunstancias, pessoas e eventos positivos que lhe trazem mais dinheiro. Emita pensamentos e sentimentos negativos sobre dinheiro e você magnetiza circunstancias, pessoas e eventos negativos que lhe fazem ter falta de dinheiro.

(Rhonda Byrne - O PODER)

publicado às 09:13

 
Ninguém projecta conscientemente. Isso seria pura e simplesmente uma contradição. Ninguém acorda pela manhã com a intenção de sair à rua e projectar os seus aspectos negados, rejeitados e escondidos. E, contudo, a energia psíquica em cada um de nós, principalmente a que se encontra fora do nosso alcance, no subconsciente, manifesta-se através de uma dinâmica que o próprio ego não consegue compreender, nem conter. É assim que nos apaixonamos, que tememos um estranho na rua, e recriamos as histórias dos nossos relacionamentos uma e outra vez.
A mente é como um computador analógico capaz de funcionar apenas devido à nossa história pessoal. Até certo ponto, a mente procura situações análogas para poder atribuir significado a algo ou alguém. “Quando é que no passado senti o que estou a sentir agora?”, “O que sei eu sobre esta situação’”, “O que posso ir buscar ao passado para melhor processar este evento?”. Apesar de cada momento na nossa vida ser absolutamente único, o nosso sistema psíquico, funcionando a partir de dados da experiência do passado, como a ansiedade, inunda o campo da nova experiência com a informação antiga. E assim projectamos a nossa vida interior, ou aspectos dela, para cima de indivíduos, grupos, nações. É desta mesma maneira que os propagandistas, os publicitários e os políticos procuram invocar em nós respostas positivas ou negativas. Com frequência a capacidade de crítica do ego consciente é suplantada pelos poderes da programação histórica e os novos momentos da nossa vida sofrem em benefício do passado.
Tenho um vizinho que apelida todos os políticos e homens com poder de decisão de “bananas”. Para ele são todos uns “bananas”! Está a ver televisão, surge um politico e a reacção dele, colérica, é sempre a mesma: “Olha para aquele banana!” O curioso deste meu vizinho é que a sua esposa, enquanto foi viva, tratou-o sempre por “banana”. Ele não consegue ver a ironia nem a projecção. Uma vez que a esposa partiu, o “banana” deixou de estar nele e passou a ser projectado em todos os homens com poder de decisão. Este exemplo ilustra o que disse até agora.
Assim, aquilo que não somos capazes, ou não queremos, ver em nós próprios, ou aquilo que perturba a imagem que queremos mostrar ao mundo de nós, é muitas vezes distanciada do ego consciente através de um mecanismo de projecção que desassocia estes aspectos negados. Uma vez que a energia, a maldade, se encontra agora ‘lá fora’, eu não tenho que lidar com ela ‘cá dentro’.
Mais uma vez, nós não projectamos conscientemente, motivo pelo qual as nossas projecções são tão poderosas, tão capazes de reacções desproporcionais ao que está a acontecer. Quem seria capaz de imaginar que aquilo ‘lá fora’ a que eu reajo tem a sua origem ‘cá dentro’? Quem seria capaz de imaginar que a realidade que eu vejo ‘lá fora’ é mais um aspecto de quem eu sou? Não admira que eu tenha a reacção que tenho, e que sinta uma enorme atracção pela situação ou pessoa!
Nós estamos continuamente a correr em direcção à nossa Sombra, e acreditamos ser algo ‘lá fora’ da qual podemos distanciar-nos. Com cada projecção da Sombra, a nossa alienação potencial daquilo a que se chama realidade aumenta. Quanto mais despejamos os nossos detritos sobre os outros, mais iremos ganhar uma visão distorcida da realidade. Muito raramente conseguimos ver o mundo, e os outros, tal como são de verdade. Guerras foram feitas, romances conquistados, relacionamentos iniciados e terminados sobre as projecções da Sombra. No final perguntamo-nos para quê tanto esforço...
 
Quantas pessoas projectaram na Princesa Diana as suas vidas por viver? Os seus sonhos, os seus sorrisos, a sua bondade? Tudo projecções da Sombra. E depois, na sua morte prematura, choraram as suas próprias vidas por viver. Quanta da vida sofrida desta mulher não foi apenas um carregar aos ombros as Sombras de milhares, senão milhões, de pessoas? De que se alimenta a bisbilhotice e a inveja se não da fuga de nós próprios?
Aquilo que não conhecemos, ou temos receio de conhecer, magoa-nos de verdade. E muitas vezes magoa ainda os que nos rodeiam. Muito frequentemente aquele que recebe a projecção da Sombra dos outros – seja ele um bruxo, pedófilo, toxicodependente, ladrão, judeu, chinês, homossexual, ou qualquer outro mártir do nosso inconsciente – irá ser acusado, humilhado, marginalizado, morto, ou ignorado. Mas estes são apenas os corajosos que carregam a nossa vida secreta, a nossa Sombra, e por este motivo iremos odiá-los, humilhá-los e destrui-los, porque cometeram o pior dos crimes: mostraram-nos o que se esconde dentro de nós.
Infelizmente, quanto mais fraco for o estado do ego mais intolerável se torna, e maior o potencial para julgar os demais de maneira categórica. O mesmo é dizer: maior o preconceito e a intolerância.

(Emídio Carvalho - A Sombra Humana)

publicado às 12:59

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
─ Partimos. Vamos. Somos.
(Sebastião da Gama)

 
A atriz Candice Bergen declarou: "Os sonhos são, por definição, Amaldiçoados: eles têm vida curta." Suponho que ela disse isso porque algumas pessoas não gostam de ver os outros perseguindo seus Sonhos. Faz com que lembrem como estão longe de viver os seus. Por isso tentam derrubar qualquer um que queira alcançar as estrelas. Convencendo os demais a desistir de seus sonhos, elas têm uma boa desculpa para continuar acomodadas.
Não seja um assassino de sonhos. Em vez disso, torne-se um libertador de sonhos. Mesmo se achar que os anseios dos outros estão fora da realidade, isso não é motivo para criticá-los.
Você já desistiu de algum sonho? Já enterrou uma esperança que parecia lhe dar energia? Como isso o afetou? Norman Cousins, ex-editor da revista Saturâay Review e professor adjunto de psiquiatria na UCLA, costumava dizer: "A morte não é a maior perda da vida. A maior perda é quando algo morre dentro de nós enquanto estamos vivos."
Os sonhos nos mantêm vivos. Benjamin Franklin observou que "a maioria dos homens morre do pescoço para cima aos 25 anos, pois eles deixam de sonhar". É por isso que é tão importante ajudar o próximo a manter seus sonhos vivos. Encorajar o sonho de outra pessoa pode alimentar a alma dela.
Uma vez que os sonhos estão no âmago da nossa alma, precisamos fazer tudo ao nosso alcance para ajudar a transformá-los em realidade. Essa é uma das maiores dádivas que podemos oferecer aos outros.
(...) Scott Adams, criador da popular tirinha Dilbert, conta a seguinte história sobre seu começo como cartunista:
Você não precisa ser uma "pessoa de influência" para ser influente. Na verdade, as pessoas que mais influenciaram minha vida provavelmente não têm consciência das coisas que me ensinaram. Quando estava tentando me tornar cartunista, enviei meu portfólio para vários edítores - e fui rejeitado todas as vezes. Um editor chegou a ligar sugerindo que eu tivesse aulas de arte. Então, Sarah Gillespie, que é editora na United Media e uma das especialistas no ramo, ligou para me oferecer um contrato. No começo, não acreditei nela. Perguntei se teria de mudar meu estilo, arranjar um parceiro - ou aprender a desenhar. Mas ela acreditava que eu já era bom o bastante. Sua confiança em mim mudou completamente meu ponto de vista e alterou a maneira como eu via minhas próprias habilidades. Isso pode soar estranho, mas, assim que desliguei o telefone, passei a desenhar melhor.
A editora Sarah Gillespie deu a Adams a chance de viver seu sonho, porém, como já tinha sido desencorajado por inúmeras pessoas, ele quase teve medo de dizer sim. Graças ao incentivo dela - e á oportunidade que recebeu -, Dilbert se tornou uma tirinha muito popular.
Não há como prever o que pode acontecer se você começar a encorajar os sonhos de todos ao seu redor. Você não adoraria ser o alvo do comentário "Alcancei o sucesso porque essa pessoa acreditou em mim quando ninguém mais acreditava"? Comece a incentivar as outras pessoas. Quanto mais o fizer, mais elas dividirão seus sonhos com você. E maior será a chance de vê-las prosperar.

(JOHN C. MAXWELL & LES PARROTT, PH. D . - 25 maneiras de valorizar as pessoas)

publicado às 15:08

Não crucifique as pessoas com rótulos negativos
 
Antigos apelidos e rótulos negativos podem impedir o crescimento e o progresso de um indivíduo. Talvez seja por isso que, em muitas culturas, os ritos de passagem incluem a entrega de um novo título ou nome à pessoa homenageada. Um novo nome dá esperança para um novo futuro.
Um exemplo divertido disso está no filme O homem de La Mancha, baseado na obra clássica de Cervantes, Dom Quixote. O protagonista, Don Alonzo, persegue uma vida de bravura e deseja se tornar um cavaleiro errante, muito depois de essa era ter acabado. Vê gigantes onde outros enxergam moinhos de vento e vive grandes aventuras imaginárias. Comicamente, ele "resgata" uma prostituta chamada Aldonza, que acredita ser uma bela dama. Chama-a de Dulcinéia e faz dela o objeto de suas façanhas de cavaleiro.
No começo, ela se ofende. Acha que está sendo ridicularizada, pois odeia a si mesma e a sua vida. Porém, com o tempo, a maneira como ele a vê modifica a própria idéia que Aldonza faz de si e lhe dá esperança. Quando o homem está no seu leito de morte, ela lhe agradece por ter enxergado nela o que ela mesma não conseguia ver.
Os exemplos mais dramáticos de ignorar o passado e dar uma reputação para o futuro estão na Bíblia. O livro do Gênesis relata como Deus mudou a vida de Abrão, um velho sem filhos, ao lhe dar o nome de Abraão (Gênesis 17:5) - que significa "pai de muitos" -, possibilitando assim que se tornasse pai na velhice. E Deus pegou Jacó, um trapaceiro que enganou o irmão, mentiu para o pai e constantemente conspirava em benefício próprio, e chamou-o de Israel - e seu futuro foi o começo da nação de Israel. (Gênesis 32:28)

(JOHN C. MAXWELL & LES PARROTT, PH. D . - 25 maneiras de valorizar as pessoas)

publicado às 13:08

Existe, de fato, a continuidade após a morte?
Observem a natureza: tudo que é vivo e
tem energia renasce.
E tudo é energia que flui.
Energia não se perde, se transforma.

Se nós somos energia, por que não acreditar
que somos eternos, só nos transformamos,
nos renovamos, evoluímos?

(I L A N A S K I T N E V S K Y - Viver, morrer e o depois...)
 
 As células fazem algo que só podemos invejar e mal entendemos: elas concentram toda a sua energia em permanecer vivas e, mesmo assim, não têm medo de morrer. Já falamos de apoptose, (1) que é a morte programada que geneticamente diz a uma célula a hora de morrer. Mas, na maior parte do tempo, as células se dividem em vez de morrer do modo como tememos – elas desafiam a mortalidade quando se transformam em uma nova geração de células. A reencarnação ocorre diante de seus olhos se você observar a mitose celular através de um microscópio. (2) O ser humano tem uma atitude mais insegura quanto a morrer, porém, nas últimas décadas – mais enfaticamente depois do livro revolucionário de Elisabeth Kübler-Ross, Sobre a morte e o morrer [São Paulo, WMF Martins Fontes, 2008], de 1969 –, nossas atitudes sociais se tornaram menos temerosas. A sabedoria das células está perfeitamente correlacionada com os maiores professores do mundo. A morte não é o oposto da vida. Ela faz parte da vida, o que abrange tudo. Tudo o que nasce, morre, e, no esquema cósmico, a morte é apenas uma transição para outro tipo de vida. A renovação é um tema constante da natureza. Esses assuntos são controversos quando as pessoas comparam suas crenças religiosas ou quando entram em guerra por uma verdade dogmática. Contudo, as células não são teológicas, nem a natureza como um todo.
Um cético irá reagir a qualquer visão de vida baseada na fé, argumentando que o universo é frio e impessoal, guiado por eventos aleatórios, e indiferente à existência humana. Estranhamente, a controvérsia entre fé e ceticismo não parece influenciar o modo como uma pessoa trata sua própria mortalidade. Lidar com a morte é tão pessoal que transcende a crença. Há devotos que estremecem só de pensar na morte e céticos que a encaram com serenidade. O ponto essencial, abordado em grande escala primeiro por Kübler-Ross, é que a morte é um processo que passa por estágios. Hoje, esses estágios são conhecidos: luto, negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. (Deepak conhece duas senhoras que acompanharam a mãe de 89 anos durante sua internação numa casa de repouso. Elas se sentavam cada uma de um lado da cama, revezando a leitura em voz alta de Sobre a morte e o morrer, esperando dar consolo à mãe, que ouvia tranquilamente com os olhos fechados. De repente, elas perceberam que ela havia morrido. Espontaneamente, uma das irmãs exclamou: “Mas você está apenas no quarto estágio!”)
Nos últimos anos, surgiu a polêmica sobre se Kübler-Ross havia descrito corretamente os estágios da morte e sobre a ordem em que ocorrem. A maior lição, contudo, é que morrer deve ser tão dinâmico quanto viver, uma experiência que evolui à medida que se passa por ela. Algumas culturas, como o budismo tibetano, oferecem ampla preparação para a morte e uma teologia extremamente detalhada de diversos céus e infernos (embora esses bardos, ou períodos intermediários, sejam mais considerados como estados de consciência após o corpo físico ter sido deixado para trás). O Ocidente não tem tradição desse tipo – exceto entre os índios americanos –, e cada pessoa deve pensar a morte de sua própria maneira. Mas pensar nela é preciso. Se você tem medo de morrer, isso é ruim para o seu corpo, não porque a morte surge de maneira tão obscura, mas porque qualquer tipo de medo é tóxico.
A imagem dos ciclos de feedback enviando mensagens o tempo todo é inevitável.
A boa notícia é que o sofrimento da morte é predominantemente psicológico, portanto pode ser removido. A natureza está a seu lado. A grande maioria dos pacientes terminais aceitou isso; funcionários de casas de saúde notam que muitas vezes é a família do doente que sofre da maior ansiedade e estresse. Além do mais, é muito casual, e equivocado, ligar envelhecimento e morte. O envelhecimento ocorre com o corpo; a morte, com o self. Assim, a pessoa que tem um forte senso do self, que investigou profundamente a grande questão “Quem sou eu?”, tende a ter mais tranquilidade no encontro com a morte.
Teremos muito mais a dizer sobre como chegar ao seu verdadeiro ou essencial self. É uma questão vital desde que as tradições de sabedoria declararam que a morte não toca o verdadeiro self – e é isso o que o apóstolo São Paulo quis dizer com “morrendo até morrer”. Queremos enfatizar que morrer é parte natural da vida, assim como toda célula em seu corpo já passou por isso. O caminho para fazer as pazes com a morte segue passos como estes:
Não penso na morte. Não há sentido nisso.
O mais importante é viver a vida neste exato minuto.
De qualquer forma, lá no fundo, eu não acredito que vou envelhecer e morrer.
Para ser honesto, não penso no assunto porque é muito assustador.
Já testemunhei a morte – de um amigo, parente ou animal de estimação. Sei que terei que encará-la algum dia.
Estou começando a me sentir mais tranquilo a esse respeito. Posso olhar a morte sem ter que fugir.
A morte atinge a todos. É melhor abordá-la com calma, de olhos abertos.
Senti as primeiras pontadas sérias de mortalidade. É hora de encará-la.
Acho que quero realmente saber do que se trata a morte.
Posso aceitar a morte como um estágio natural da vida – e aceitei.
Conquistar a sabedoria é um projeto de vida. Somos encorajados pela “nova terceira idade” e por estudos que mostram o lado positivo de envelhecer, que pode ser classificado sob o título de “maturidade”. Pessoas mais velhas geralmente têm pior desempenho em testes de memória e Q.I. em comparação com as mais jovens, mas, em aspectos de experiência de vida, elas superam. Isso é especialmente verdade em testes que pedem que você tome uma decisão em relação a uma situação desafiadora, como demitir um funcionário, contar a um amigo que a esposa o está traindo ou enfrentar o diagnóstico de uma doença grave na família. O que se precisa em situações assim é de maturidade e, apesar de a inteligência emocional entrar em ação, não há um único aspecto do Q.I. que se iguale à maturidade. É necessário viver uma vida para adquiri-la. Por que não viver essa vida em conformidade com a evolução, como a incorporada em suas células?

(DEEPAK CHOPRA, RUDOLPH E. TANZI - SUPERCÉREBRO)
(1) Quando as células não são mais necessárias, elas morrem com o que só podemos chamar de total dignidade. Demolem todos os suportes e escoras que as mantêm coesas e, tranquilamente, devoram suas partes componentes. O processo é conhecido como apoptose ou morte celular programada. A cada dia, bilhões de suas células morrem em seu benefício e bilhões de outras arrumam a bagunça. As células também podem ter uma morte violenta – por exemplo, quando infectadas –, mas quase sempre morrem porque recebem ordem de morrer. Na verdade, se não forem instruídas a viver – se não receberem algum tipo de instrução ativa de outra célula –, elas automaticamente se matam. As células precisam de muito apoio.
Quando, como acontece às vezes, uma célula não expira da maneira prescrita, mas começa a dividir-se e a proliferar caoticamente, chamamos o resultado de câncer. Células cancerosas não passam de células confusas. As células cometem esse erro com certa regularidade, porém o corpo dispõe de mecanismos elaborados para enfrentar o problema. É muito raro o processo fugir de controle. Em média, os seres humanos sofrem uma malignidade fatal a cada 100 milhões de bilhões de divisões de células.{Ridley , Genome, p. 237} O câncer é azar no sentido pleno do termo.
(BILL BRYSON - Breve história de quase tudo)

(2) O desenvolvimento de novos neurônios é chamado de “neurogênese”. Foi observado pela primeira vez há cerca de vinte anos no cérebro de certos pássaros. Por exemplo, quando o mandarim australiano está crecendo e aprendendo novos cantos para acasalar, seu cérebro cresce consideravelmente – novas células nervosas são produzidas para acelerar o processo de aprendizado. Depois que ele aprende o canto, muitas das células novas morrem, e o cérebro volta a seu tamanho original. Esse processo é conhecido como “morte cerebral programada”, ou “apoptose”. Os genes não apenas sabem quando é hora de novas células nascerem (por exemplo, quando nossos dentes permanentes crescem para substituir os dentes de leite, ou quando passamos pelas mudanças da puberdade), mas também a hora de as células morrerem, como quando trocamos células da pele e em vários outros casos. Muita gente fica surpresa ao saber desse fato. A morte existe a serviço da vida – podemos resistir a essa ideia, mas nossas células a entendem perfeitamente. (DEEPAK CHOPRA, RUDOLPH E. TANZI - SUPERCÉREBRO)

publicado às 19:00

Geralmente estamos tão ocupados e cheios de problemas que ajudar os outros nunca está em primeiro plano. A solução é fazer com que ajudar seja parte dos seus compromissos - e uma prioridade.
Li recentemente sobre o comportamento extraordinário de Tom Hanks no set de À espera de um milagre. O diretor do filme, Frank Darabont, falou sobre o empenho de Hanks em ajudar o ator estreante Michael Duncan a fazer o seu melhor e sobre a impressão que isso lhe causou. Darabont disse:
O que vou lembrar daqui a 15, 20 anos a respeito da filmagem de À espera de um milagre7. Estávamos filmando uma seqüência, com a câmera primeiro em Michael Duncan, mas me dei conta de que Hanks, estava me distraindo. Hanks estava fazendo uma atuação digna de um Oscar, fora das câmeras, para Duncan - para lhe dar todos os subsídios possíveis a fim de que atuasse da melhor forma possível. Ele queria que Michael se saísse muito bem. Queria que ele causasse uma ótima impressão. Nunca vou me esquecer disso. ("Walking the Mile: A Behind-the-Scenes Documentary" (making of do filme Á espera de um milagre), Warner Home Vídeo: 1999.)
Tom Hanks, como alguns outros atores de Hollywood, poderia: ter sido o primeiro a deixar o colega na mão. Em vez disso, foi o primeiro a ajudá-lo. Isso obviamente rendeu frutos. Em 1999, Michael Clarke Duncan foi indicado para o Oscar de melhor ator coadjuvante. E, desde então, sua carreira decolou.

Isso pode parecer óbvio, mas você não será capaz de satisfazer um desejo se não souber que ele existe. A primeira coisa que cada um de nós deve fazer é se importar com as pessoas e saber quais são as necessidades delas. Às vezes, é preciso ouvir com o coração. Outras vezes, basta prestar atenção ao que está acontecendo à sua volta. Ou então, colocar-se mentalmente no lugar da outra pessoa.
Existe uma lenda judaica que conta que dois irmãos compartilhavam uma plantação e um moinho. Dividiam todas as noites os grãos que haviam moído durante o dia. Um dos irmãos vivia sozinho; o outro era casado e tinha uma família numerosa.
Um dia, o irmão solteiro pensou: "Não é justo dividirmos os grãos pela metade, pois meu irmão tem filhos para alimentar."
Então, todas as noites ele levava escondido um pouco da sua farinha para o depósito do irmão.
Porém, o irmão casado ponderou sobre a situação do outro e disse a si mesmo: "Não é justo dividirmos os grãos pela metade, pois tenho crianças que irão cuidar de mim quando for velho, enquanto meu irmão não tem ninguém. O que vai fazer quando envelhecer?" Então, todas as noites ele levava escondido um pouco da sua farinha para o depósito do irmão. Assim, os dois encontravam seus suprimentos misteriosamente reabastecidos toda manhã.
Então, uma noite, se encontraram no caminho entre as duas casas. Logo um percebeu o que o outro estava fazendo e se abraçaram com afeto. A lenda diz que Deus presenciou o encontro e proclamou:
"Este é um lugar sagrado - um lugar de amor - e é aqui que meu templo deve ser erguido." Consta que o primeiro templo foi construído naquele exato local. (Belden Lane, "Rabbinical Stories", Christian Century, 98:41. 16 de dezembro de . 1981)

(JOHN C. MAXWELL & LES PARROTT, PH. D . - 25 maneiras de valorizar as pessoas)

publicado às 13:14

"Por que o universo é tão grande? 
É porque estamos aqui."
John Wheeler (1911- ), físico
 
 "A imaginação cria a realidade. 
[...] \ O homem é todo imaginação."
Neville (1905-1972), visionário e místico
 

O ato de focalizar nossa consciência é um ato de criação. A consciência cria!
Em nossa busca para encontrarmos a menor partícula de matéria e na pesquisa para definirmos os limites do universo, essa relação sugere ser bem possível que não encontremos nem uma coisa nem outra. Não importa até que ponto perscrutemos o mundo dos quanta do átomo ou a que distância penetremos na vastidão do espaço exterior, o ato de olharmos tendo a expectativa de que algo existe pode ser precisamente a força que cria algo para vermos.
Um universo participativo ... exatamente o que isso subentende? Admitindo que a consciência verdadeiramente crie, quanto de poder nós realmente temos para mudar o mundo? Essa pergunta tem uma resposta surpreendente.
O visionário do século XX, de Barbados, conhecido simplesmente pelo nome de Neville, talvez tenha sido quem melhor descreveu nossa capacidade de tornar sonhos em realidade e de fazer a imaginação influir na vida. Por meio de seus muitos livros e palestras, em termos simples e francos, ele compartilhou seu grande segredo de como navegar pelas muitas possibilidades da Matriz Divina. Olhando da perspectiva de Neville, tudo o que experimentamos — literalmente tudo o que nos acontece ou que é feito por nós — é produto de nossa consciência, e nada além disso. Ele acreditava que nossa capacidade de aplicar essa compreensão por meio do poder da imaginação era tudo o que se antepunha entre nós e os milagres da nossa vida. Assim como a Matriz Divina fornece o invólucro para o universo, Neville sugere ser impossível que qualquer coisa aconteça fora dos limites da consciência. No entanto, é fácil pensarmos de outra maneira! Logo depois dos atos terroristas de 11 de setembro em Nova York e Washington, o que todos começaram a se perguntar foi: "Por que eles fizeram isso conosco?" e: "O que nós fizemos a eles?". Vivemos durante uma época da história em que é muito fácil ver o mundo em termos de "eles" e "nós" e de nos surpreendermos com o fato das coisas ruins acontecerem às pessoas boas. Caso realmente exista um único campo de energia interligando tudo no mundo, e se a Divina Matriz funcionar como as evidências indicam que ela funciona, não se poderia falar em com eles e conosco, somente o nós caberia ser dito.
Desde os temíveis e odiados chefes de Estado até as pessoas de outros países que tocaram nosso coração e inspiraram nosso amor, estamos todos interligados do modo mais íntimo que se possa imaginar: pelo campo da consciência, a incubadora de nossa realidade, com a qual, juntos, podemos criar a cura ou a dor, a paz ou a guerra. Isso poderia muito bem ser a consequência mais difícil que nos mostra a nova ciência. Poderia também ser origem da nossa sobrevivência, da nossa cura mais completa. O trabalho de Neville nos lembra que talvez o maior de todos os erros na maneira como vemos o mundo seja ficar considerando as razões externas dos altos e baixos da vida. Ainda que certamente existam causas e efeitos que podem levar aos acontecimentos de cada dia, eles parecem se originar de uma época e de um lugar que aparentam estar completamente desconectados do momento presente. Neville compartilha o ponto crucial do maior mistério referente ao nosso relacionamento com o mundo no qual vivemos: "A principal ilusão do homem é sua convicção de que existem outras causas além do seu próprio estado de consciência". O que isso afinal significa? É a questão prática que surge naturalmente quando falamos em viver em um universo participativo. Quando inquirimos quanto poder realmente temos para operar mudanças na nossa vida e no mundo, a resposta é simples e encontra-se a seguir.
 
Temos o poder necessário para fazer todas as mudanças que quisermos!
Essa capacidade fica disponível para nós dependendo de onde colocamos nosso foco e de que forma usamos o poder da nossa consciência. Em seu livro The Power of Awareness, Neville nos oferece um exemplo depois do outro de histórias de caso que demonstram, sem sombra de dúvida, como precisamente isso funciona.
Retive na memória uma das mais pungentes dessas histórias durante anos. Era sobre um homem na casa dos 20 anos que havia recebido um diagnóstico de rara doença cardíaca que seus médicos acreditavam ser fatal. Casado e com dois filhos pequenos, era admirado por todos os que o conheciam e tinha todas as razões do mundo para tirar partido de uma vida longa e saudável. Quando pediram a Neville para vê-lo, o homem já havia perdido peso assustadoramente e "estava reduzido praticamente a pele e ossos".
Estava tão fraco que até mesmo conversar lhe impunha um sacrifício, mas apesar disso, concordou em simplesmente escutar e assentir com a cabeça enquanto ouvisse as crenças que Neville compartilharia com ele. Da perspectiva de nossa participação em um universo dinâmico e evolvente, somente poderia haver uma solução para o problema: uma mudança na atitude e na consciência. Pensando nisso, Neville pediu ao homem para experimentar se sentir como se já estivesse curado. Como o poeta William Blake sugeriu, existe uma linha muito fina entre imaginação e realidade: "O homem é todo imaginação". Assim como o físico David Bohm disse que este mundo seria uma projeção de eventos em um reino mais profundo da realidade, Blake continua: "Tudo o que vemos, embora pareça ser do exterior, é do interior, /está na nossa imaginação, da qual este mundo mortal nada mais é que uma sombra". Pelo poder de nos concentrarmos conscientemente nas coisas que criamos no imaginário, damos-lhes "um pequeno empurrão" que as faz cruzarem a barreira do irreal para o real.
Em uma única sentença, Neville explica como forneceu as palavras que ajudariam seu novo amigo a cumprir essa nova maneira de pensar: "Sugeri que imaginasse o rosto do doutor exprimindo estupefação incrédula ao vê-lo recuperado, contra tudo o que seria razoável, dos últimos estágios de uma doença incurável; que ele o visse reexaminando seu exame e ouvindo-o dizer repetidas vezes: 'E um milagre — é um milagre'". Bem, acho que o leitor pode adivinhar por que conto essa história: o camarada ficou melhor. Meses mais tarde, o visionário recebeu uma carta contando que o jovem tinha, verdadeiramente, se recuperado de forma milagrosa. Neville mais tarde o encontrou e descobriu que ele estava vivendo bem e desfrutando de perfeita saúde com a família.
O segredo, o homem revelou, era bem mais simples do que apenas cultivar o desejo de ter boa saúde: desde o dia que se encontraram ele tinha vivido "com base na hipótese de já estar bem e perfeitamente curado". E encontramos aqui então o segredo de impulsionar nossos desejos íntimos do estado de imaginação à realidade da nossa vida do dia-a-dia: é nossa capacidade de sentir como se os sonhos tivessem sido realizados, os desejos atendidos e as orações respondidas. Dessa maneira, ativamente compartilhamos daquilo que Wheeler chamou de "universo participativo".

(GREGG BRADEN  - A MATRIZ DIVINA)

publicado às 19:23



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