Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



La grave crisi morale che attraversa tutto il corpo  istituzionali della Chiesa ha fatto sì che il conclave eleggesse qualcuno che ha autorità e coraggio per fare profonde riforme nella Curia romana e inaugurare una forma di esercizio del potere papale che sia più conforme allo spirito di Gesù e al passo con la coscienza dell’umanità . Francesco è il suo nome.
La figura del papa è forse il più grande simbolo del Sacro nel mondo Occidentale. Le società che attraverso la secolarizzazione hanno esiliato il Sacro, in mancanza di leaders di riferimento e con la nostalgia della figura del padre come colui che orienta, crea fiducia e indica il sentiero, hanno concentrato nella figura del Papa queste ansie ancestrali degli umani che potevano essere lette sulle facce dei fedeli in piazza San Pietro. Per questo è importante analizzare il tipo di esercizio del potere che il Papa Francesco eserciterà. Nella sua prima allocuzione ha detto che lui “presiederà nella carità” e non come quelli del passato che avevano potere giudiziale su tutte le chiese. Per i cristiani è irrinunciabile il ministero di Pietro come colui che deve “confermare i fratelli e le sorelle nella fede” secondo il mandato del Maestro. Roma dove stanno sepolti Pietro e Paolo, è stata fin dai primordi, per le altre chiese,  il riferimento per l’unità, per l’ortodossia e per lo zelo.
Questa prospettiva è accolta pure dalle rimanenti chiese non cattoliche. La questione è tutta su come si esercita la tale funzione. Il papa Leone Magno (440-461), nel vuoto del potere imperiale, dovette assumere la governance di Roma. Prese il titolo di Papa e di Sommo Pontefice che erano dell’imperatore, incorporò lo stile imperiale del potere monarchico assoluto e centralizzato, con i suoi simboli,  paramenti e stile di palazzo. I testi attinenti a Pietro che in Gesù avevano un senso di servizio e di primato di amore furono interpretati come stretto potere giuridico. Tutto culminò con Gregorio VII che con il suo “Dictatus papae” (la dittatura del Papa) si arrogò i due poteri, quello religioso e quello della società civile. Nacque una grande istituzione Totale ostacolo al cammino della libertà dei cristiani e della società. A partire da qui il Papa emerge come un monarca assoluto con la pienezza di tutti poteri come il canone 331 esprime chiaramente. Solleva  la pretesa di subordinare al suo potere tutte le chiese.
Quest’esercizio assolutista è stato sempre messo in questione, specialmente dai Riformatori. Ma non si è mai addolcito. Come riconosceva Giovanni Paolo II, questo stile di esercitare la funzione di Pietro è il maggior ostacolo all’ecumenismo e all’accettazione da parte dei cristiani che vengono dalla cultura moderna dei diritti e della democrazia. Per supplire a questa mancanza, gli ultimi due papi hanno organizzato una spettacolarizzazione della fede, con viaggi e eventi di massa come quello degli giovani da realizzarsi a Rio de Janeiro.
Questa forma monarchica e assolutista rappresenta una deviazione dall’intenzione originaria di Gesù e adesso con Francesco deve essere ripensato alla luce dell’intenzione di Gesù. Sarà un papato pastorale e di servizio alla carità e all’unità e non più un papato del potere giuridico assolutista. Il concilio Vaticano II ha stabilito igli strumenti per una riformulazione nel governo della Chiesa: il sinodo dei vescovi, svuotato e fatto finora strumento consultivo, mentre invece era stato pensato come strumento deliberativo. Nascerebbe un organo esecutivo che con il Papa governerebbe la Chiesa. È stata creata dal concilio la collegialità dei vescovi, vale a dire, le conferenze continentali e nazionali guadagnerebbero più autonomia per permettere un radicamento della fede nelle culture locali sempre in comunione con Roma. Rappresentanti del popolo di Dio, cardinali e vescovi, clero e laici e perfino donne aiuterebbero a eleggere un papa per tutta la cristianità. Si fa urgente una riforma della Curia nella linea del decentramento. Certamente quello che farà Papa Francesco. Perché il Segretariato per le religioni non cristiane non  potrebbe funzionare in Asia? il dicastero dell’unità dei cristiani a Ginevra, vicino al Consiglio Mondiale delle chiese? Quello delle missioni, in qualche città dell’Africa? Quello dei diritti umani e della giustizia in America Latina?
La Chiesa cattolica potrebbe trasformarsi in una istanza non autoritaria di valori universali, della cura per la Terra e per la vita sotto grave minaccia, contro la cultura del consumo, in favore di una sobrietà condivisa, enfatizzando la solidarietà e la cooperazione a partire dagli ultimi contro lo stress della concorrenza. La questione centrale non è più la Chiesa ma l’umanità e la civiltà che possono scomparire. In che modo la Chiesa aiuta nella loro preservazione?Tutto questo è possibile e realizzabile senza rinunciare in nulla alla sostanza del fede cristiana. Importa che il Papa Francesco sia un Giovanni XXIII del terzo mondo, un “Papa buono”. Solo così potrà riscattare la credibilità perduta e essere un faro di spiritualità e di speranza per tutti.

(Leonardo Boff)

publicado às 18:44

A grave crise moral que atravessa todo o corpo institucional da Igreja fez com que  o Conclave elegesse alguém que tenha autoridade e coragem para fazer profundas reformas na Cúria romana e presidir a Igreja na caridade e menos na autoridade jurídica, enfraquecendo as igrejas locais. Foi o que acenou o novo Papa Francisco em sua primeira fala. Se isso ocorrer ele será o Papa do terceiro milênio e abrirá uma nova “dinastia” de Papas vindos das periferias da cristandade.
A figura do Papa é talvez o maior símbolo do Sagrado  no mundo Ocidental. As sociedades que pela secularização exilaram o Sagrado, a falta de líderes referenciais e a nostalgia  da figura do pai como aquele que orienta, cria confiança e mostra caminhos, concentraram na figura do Papa  estes ancestrais anseios que podiam ser lidos nos rostos dos fiéis na praça de São Pedro. Nesse espírito quebrou os protocolos, se sentiu gente do povo, pagando sua conta no lugar onde se hospedou, indo de simples carro para a Basílica Santa Maria Maior e conservando sua cruz de ferro.
Para os cristãos é irrenunciável o ministério de Pedro como aquele deve “confirmar os irmãos e as irmãs na fé” segundo o mandato do Mestre. Roma onde estão sepultado Pedro e Paulo, foi desde os primórdios, referência de unidade, de ortodoxia e de zelo pelas demais as igrejas. Esta perspectiva é acolhida também pelas demais igrejas não-católicas. A questão toda é a forma como se exerce tal função. O Papa Leão Magno (440-461), no vazio do poder imperial, teve que assumir a governança de Roma para enfrentar os hunos de Átila. Tomou o título de Papa e de Sumo Pontífice que eram do Imperador, incorporou o estilo imperial de poder, monárquico e centralizado com seus símbolos, as vestimentas e o estilo palaciano. Os textos atinentes a Pedro que em Jesus tinham um sentido de serviço e de amor, foram interpretados, no estilo romano, como  estrito poder jurídico. Tudo culminou com Gregório VII que com o seu “Dictatus Papae”(a Ditadura do Papa) arrogou para si os dois poderes, o religioso e o secular. Surgiu a grande Instituição Total, obstáculo à liberdade dos cristãos e ao diálogo com o mundo moderno globalizado.
Esse exercício absolutista foi sempre questionado, especialmente, pelos Reformadores. Mas nunca foi amenizado. Como reconhecia João Paulo II, no seu documento sobre o ecumenismo: este estilo de exercer a função de Pedro é o maior obstáculo à unidade das Igreja e à aceitação por parte dos cristãos vindos do mundo democrático. Não basta a espetacularização da fé com grandes eventos para suprir tal deficiência.
A atual forma monárquica  deverá ser repensada à luz daquela intenção de Jesus. Será um Papado pastoral e não professoral. O Concílio Vaticano II estabeleceu os instrumentos para esta forma: o sínodo dos bispos, feito até agora apenas consultivo, quando fora pensado, deliberativo. Criar-se-ia um órgão executivo que com o Papa governaria a Igreja. Criou-se pelo Concílio a colegialidade dos bispos, quer dizer, as conferências continentais e nacionais ganhariam mais autonomia para permitir um enraizamento da fé nas culturais locais, sempre em comunhão com Roma. Não é impensável que representantes do Povo de Deus desde cardeais, até mulheres ajudariam a eleger um Papa para toda a cristandade. Faz-se urgente uma reforma da Cúria na linha da descentralização. Certamente o que fará o Papa Francisco. Por que o Secretariado para as religiões não cristãs não pode funcionar na Ásia? O Dicastério da unidade dos cristãos em Genebra, perto do Conselho Mundial de Igrejas?  O das missões, em alguma cidade da África? O dos direitos humanos e justiça, na América Latina?
A Igreja Católica poderia se transformar numa instância não autoritária de valores universais dos direitos humanos, os da Mãe Terra e da natureza,  contra a cultura do consumo, em favor de uma sobriedade  condividida. A questão central não é mais a Igreja mas a Humanidade e a civilização que podem desparecer. Como a Igreja ajuda em sua preservação?  Tudo isso é possível e realizável, sem renunciar em nada à substância da fé cristã. Importa que o Papa Francisco seja um João XXIII dos novos tempos, um “Papa buono”, como já o mostrou. Só assim poderá  resgatar a credibilidade perdida  e ser um luzeiro de espiritualidade e de esperança para todos.

(Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor)

publicado às 18:43

OSCAR WILDE DIZIA QUE os prazeres simples são o último refúgio dos homens complicados.
Um dos precursores da autoajuda, Henry David Thoreau, quis experimentar a vida simples e por isso viveu dois anos no meio da floresta. Dessa experiência surgiu seu livro Walden, publicado em 1854 e referência até hoje.
Estas são algumas das conclusões às quais chegou Thoreau em seu retiro campestre:
• A pessoa mais rica é aquela cujos prazeres são os menos dispendiosos.
• Nossa civilização consiste em milhões de seres vivendo juntos, num espaço restrito, em total solidão.
• A natureza é o único local onde um ser humano pode se encontrar consigo mesmo.
• As coisas não mudam – nós mudamos.
• Seguir a trilha dos próprios sonhos e viver a vida que desejamos é garantia de sucesso.
• Investir em bondade é o melhor negócio que você pode fazer.

(Allan Percy - "Nietzsche para estressados")

publicado às 02:35

Estar unido é estar em relação, dizer respeito, ter que ver com, dizer com, convir com, relacionar-se com, ser chegado a, lidar com, comparável, igual, do mesmo modo, de todos os modos, sob todos os respeitos, em todos os sentidos, dependente.
Para que tudo isso seja viável deve haver sinceridade na união. A mentira não tem lugar em uma união. Só a franqueza, a sinceridade e a veracidade. Isto se consegue com confiança, lealdade, probidade, honradez, franqueza, liberdade, isenção, independência, pureza, inteireza, simplicidade, singeleza, consideração, cândura, amor à verdade, falar da forma como pensa, dizer o que sente, ser um livro aberto, não haver constrangimento, dizer as coisas como são.
Ele e ela devem ser verdadeiros, abertos, leais, ter o coração na língua, francos, livres.
Isto tudo antes que chegue a mentira. E aonde está a mentira?
Na falsidade, no êrro, no engano, na ilusão, na falta de sinceridade, no dolo, na invenção, no mito, no charlatanismo, no embuste, na máscara, na reticência, na ironia, na hipocrisia, no fingimento, na simulação, na dissimulação, no encobrimento, no peito falso, no pietismo (ato de afirmar a superioridade das verdades da fé sobre as verdades da razão), na filáucia (amor-próprio, egoísmo, vaidade, presunção, jactância, bazófia), na tartufaria (de Tartuffe, protagonista da comédia homônima de Molière) hipócrita, na carolice (ação própria de carola - pessoa muito assídua à igreja, muito beata; barata-de-igreja, barata-de-sacristia, papa-hóstias, papa-missas, papa-santos), beatice, (devoção afetada e fingida), beatério (hipocrisia religiosa), na malícia, na aleivosia (traição, perfídia, deslealdade, na falsa acusação, na calúnia), no ardil, manhosidade, na manha, na lisonja, na astúcia, no equívoco, na inconstância, na má-fé, na felônia (crueldade), no lobo em pele de ovelha, no falso juramento , no falso profeta, no pseudo-messias, no mágico, no plagiário, no conto do vigário, na pirraça, na mistificação, no calote, na velhacaria, no desfalque, na fraude, no contrabando, na adulteração, na suposição, na usura, na armadilha, na sedução, na indução, na emboscada, na cilada, no embuste, no sedutor e na sedutora, na imitação, na ganância ilícita, no santo de pau ôco, no santarrão, na batota, na balela, na picardia, na embromação, na intriga, na burla, na mosca morta, no contilheiro (aquele que diz histórias), no perjúrio...
E para haver a sinceridade, tanto para o homem como para a mulher?
Deve haver a honradez, a inteireza, a probidade, a lealdade, a honestidade, a solidariedade, o brio, o bom nome, a boa reputação, o crédito, a autoridade, a credibilidade, a franqueza, a fé, a fidelidade, o caráter leal, a integridade, a isenção, independência, imparcialidade, justiça, escrupulosidade, cuidados, rigor, severidade, pontualidade, cumprimento do dever, ser de bem. Ele ser cavaleiro sem medo nem tacha, gentleman, gentil-homem, honrado, de bom conceito, de boa-fé, cumpridor da palavra empenhada (palavra de rei não volta atrás), fazer justiça a todos, justiceiro, franco, isento, imparcial, consciencioso, pontual, de mãos limpas, conceituado.

(Albertino Aor da Cunha - "Mentira nua e crua")

publicado às 02:18

Per quanto riguarda la pedofilia, il triumvirato costituito da Giovanni Paolo II e dai cardinali Joseph Ratzinger e Tarcisio Bertone, rispettivamente prefetto e viceprefetto della Congregazione per la dottrina della fede, adottò un'autentica politica di contenimento per i casi in cui erano implicati sacerdoti. I tre consideravano la pedofilia un «problema» da nascondere, in cui i colpevoli dovevano essere protetti a ogni costo, senza preoccuparsi di prestare assistenza alle vittime.
Per loro, si trattava di un problema legale ed economico piuttosto che morale. Curiosamente, Giovanni Paolo II e Benedetto XVI, sempre propensi a dare la propria opinione su tutto quanto di umano e di divino accadeva, non pronunciarono mai un discorso né lanciarono un messaggio sul possibile legame tra l'obbligo dei sacerdoti a rispettare la castità ecclesiastica e la tendenza di molti di loro ad abusare di bambini.
Davvero curioso.
Il 18 maggio 2001, Ratzinger e Bertone inviarono dal Sant'Uffizio alle gerarchie ecclesiastiche sparse per il mondo una lettera in latino, in cui si davano ordini perentori e precisi su come affrontare «i delitti più gravi commessi dai propri membri contro la morale e la celebrazione dei sacramenti», cioè la pedofilia. La lettera era protetta dal «segreto pontificio».
Ratzinger e Bertone spiegavano che questi delitti sono di competenza del tribunale apostolico della Congregazione per la dottrina della fede; che, se un superiore viene a conoscenza di un delitto, deve comunicarlo alla Congregazione; che, nel caso in cui la Congregazione non abbia preso nessun provvedimento, il superiore è autorizzato a gestire il caso come ritiene più opportuno; che, se il superiore lo ritiene conveniente, può costituire un tribunale speciale composto solo da sacerdoti; che tutti i casi di pedofilia devono essere protetti dal «segreto pontificio» e di conseguenza tutte le risoluzioni devono rimanere segrete; che i delitti di pedofilia in cui sono coinvolti dei sacerdoti «devono rimanere segreti ed essere giudicati rigorosamente solo in un processo interno»; infine, che chiunque viola il «segreto pontificio» sarà sospeso a divinis. Che succede allora con il pedofilo? La Chiesa o l'autorità ecclesiastica competente deve denunciare i fatti alla polizia? Assolutamente no.
Un altro punto davvero delicato per Ratzinger era una disposizione inclusa nel testo, che diceva: «Si deve notare che l'azione criminale circa i delitti riservati alla Congregazione per la dottrina della fede si estingue per prescrizione in dieci anni. […] Ma in un delitto con un minore commesso da un chierico comincia a decorrere dal giorno in cui il minore ha compiuto il diciottesimo anno di età». Come dire che il delitto di pedofilia si prescrive, secondo il prefetto Ratzinger, quando la vittima dell'abuso compie ventotto anni.
Qualche anno dopo, questo testo mise in seria difficoltà Benedetto XVI durante la sua visita pastorale negli Stati Uniti.
Daniel Shea, un avvocato di Houston, difensore delle vittime di abusi commessi da sacerdoti, presentò una denuncia al tribunale federale per «ostruzione alla giustizia». Joseph Ratzinger doveva presentarsi per rispondere alle accuse, ma il cardinale era già diventato Sommo Pontefice di Roma e capo dello Stato della Santa Sede.
Il 23 agosto 2003 fu una data particolarmente significativa per la politica vaticana, colpita dallo scandalo dei casi di pedofilia commessi da sacerdoti negli Stati Uniti. Quel giorno, infatti, il sessantottenne sacerdote pedofilo John Geoghan fu strangolato nella sua cella nel carcere di Souza-Baranowsky, a nord di Boston, da un altro recluso, Joseph Druce.

image324184x.jpg

 Il sacerdote stava scontando una condanna a dieci anni perché aveva palpato i genitali a un bambino che giocava nella piscina di famiglia ed era in attesa di essere processato per altri centotrenta casi di abuso sessuale su minorenni. Il «caso Geoghan» scatenò una reazione a catena, portando alla luce numerosi casi di pedofilia e mettendo in crisi la Chiesa cattolica statunitense.

Nel gennaio del 2002, il prestigioso quotidiano Boston Globe fu il primo a rendere pubbliche le denunce contro Geoghan e il favoreggiamento da parte dell'arcidiocesi. Nella prima relazione del procuratore generale del Massachusetts erano stati identificati con nome e cognome 789 bambini e bambine vittime di abusi sessuali commessi da sacerdoti. (La cifra reale dei casi di abuso ad opera di circa 250 sacerdoti o altri membri secolari della Chiesa negli ultimi sessant'anni è di circa 1580 nell'area di Boston e di oltre 5000 in tutti gli Stati Uniti)
«Era chiaramente un'anima tormentata, un uomo malato e un prete predatore» disse di padre Geoghan Scott Appleby, storico delle religioni, nelle dichiarazioni rilasciate a diversi mezzi di comunicazione americani.
«Predatore sessuale» era la definizione più frequente che davano di Geoghan le sue vittime, delle quali ottantasei risolsero la faccenda fuori dai tribunali sporgendo denuncia all'arcidiocesi di Boston e ricevendo un indennizzo di dieci milioni di dollari ciascuno.
Le compulsioni sessuali di John Geoghan descritte dettagliatamente nei fascicoli dell'indagine giudiziaria sono impressionanti.
Il sacerdote sceglieva sempre la vittima più vulnerabile.
Patrick McSorley, un bambino di sette anni, fu portato a passeggio da Geoghan il giorno dopo la morte del padre. Il prete gli comprò un gelato e mentre lo riaccompagnava a casa prese a toccargli i genitali e a masturbarsi. La madre di Patrick, sconsolata e grata al sacerdote per il suo aiuto, gli affidò il figlio, che divenne per un periodo la vittima delle aberrazioni di Geoghan, il quale, tra le altre cose, lo sodomizzò. La stessa cosa fece con altri sette bambini, tutti appartenenti a una famiglia di Forrest Hills. Maryetta Dussourd, madre single e povera, apprezzava la generosità del parroco, che non mancava mai al suo appuntamento con i bambini. Li portava a passeggio, li teneva quando la madre doveva uscire e li metteva a letto. Era proprio in questa occasione che li toccava e li costringeva a toccarlo, di solito durante la preghiera. Helen, di soli quattro anni, fu costretta a fargli una fellazione. L'inizio degli abusi di Geoghan risale ai primi anni dopo l'ordinazione sacerdotale, avvenuta nel 1962. Tutti i delitti furono commessi a Boston e nei dintorni.
La gerarchia ecclesiastica, guidata da Giovanni Paolo II, dal cardinale Joseph Ratzinger, dal cardinale Tarcisio Bertone e dall'arcivescovo di Boston Bernard Law, permise a una persona come Geoghan di continuare a esercitare le sue funzioni nonostante le numerose denunce presentate a Law contro di lui. Ci fu un periodo in cui le autorità ecclesiastiche inviavano Geoghan in istituti di riabilitazione, ma quando veniva dimesso gli assegnavano nuovi incarichi, anche con i bambini.
Il pedofilo John Geoghan era perdonato come se gli abusi sessuali commessi su decine di bambini e bambine fossero peccati e non delitti. Il sacerdote John Geoghan non fu destituito fino al 1998, trentasei anni dopo aver commesso il primo reato sessuale contro bambini. Il 13 dicembre 2002, la permissività e l'indifferenza davanti al dolore delle vittime e delle loro famiglie costarono le dimissioni al cardinale Bernard Law, una delle personalità più importanti della Chiesa cattolica negli Stati Uniti. (Dopo le dimissioni, il cardinale Bernard Law fu nominato da papa Giovanni Paolo II arciprete della basilica di Santa Maria Maggiore a Roma).
Il Vaticano non fece nessuna dichiarazione ufficiale dopo aver appreso la notizia dell'assassinio di Geoghan, ma il cardinale spagnolo Julián Herranz, membro di rilievo dell'Opus Dei e presidente della Pontificia commissione per i testi legislativi della Santa Sede, dichiarò in un'intervista pubblicata sulla Repubblica del 25 agosto 2003: «L'assassinio di Geoghan è una sconfitta per tutti. […] Appena l'ho saputo ho pregato per la sua anima e per il suo aggressore [Joseph Druce]». Ma chi, in Vaticano, ha pregato pubblicamente per le innumerevoli vittime di Geoghan o per gli oltre 5600 tra bambini e bambine che hanno subito abusi sessuali da parte di religiosi, solo negli Stati Uniti? Nessuno. Silenzio assoluto, a divinis, per ordine di Giovanni XXIII, Paolo VI, Giovanni Paolo II e Joseph Ratzinger, futuro Benedetto XVI.
Una stima del prestigioso settimanale Business Week dimostrava che, in base agli indennizzi che la Chiesa cattolica aveva dovuto pagare negli Stati Uniti alle numerose vittime di pedofilia, l'arcidiocesi di Boston aveva avuto nel 2003 un deficit di cinque milioni di dollari, quella di New York di venti milioni e quella di Chicago di circa ventitré milioni di dollari. Le donazioni, inoltre, si erano ridotte drasticamente, poiché tre cattolici su quattro ritenevano veritiere le accuse di pedofilia rivolte ai religiosi e pertanto la Chiesa non meritava nessuna offerta di tipo economico. La stessa inchiesta dimostrava che il settantadue per cento dei cattolici statunitensi intervistati credeva che «la gerarchia cattolica avesse gestito male il problema della pedofilia» e il settantaquattro per cento che «il Vaticano pensasse soltanto a difendere la propria immagine e non a risolvere il problema».

All'elenco dei pedofili confessi si aggiungevano i nomi di prestigiosi membri della curia accusati di aver commesso, nella maggior parte dei casi, abusi su minorenni, di aver avuto relazioni omosessuali e rapporti sessuali con donne oppure, semplicemente, di aver dato copertura ai pedofili.
Ecco alcuni nomi:
- Anthony J. O'Connell, vescovo di Palm Beach, in Florida, ammise di avere abusato sessualmente di due ragazzi.
- J. Keith Symons, vescovo di Palm Beach, predecessore di O'Connell, fu costretto a dimettersi dopo aver riconosciuto di avere abusato di cinque chierichetti.
- Rembert Weakland, arcivescovo di Milwaukee. Si dimise quando si scoprì che aveva pagato 450.000 dollari a un ex amante, un uomo che lo accusava di averlo violentato.
- James Williams, vescovo di Louisville, in Kentucky. Fu accusato da un chierichetto di aver cercato di sodomizzarlo. Si dimise e, poco tempo dopo, si scoprì che ci aveva provato con altri novanta bambini.
- James McCarthy, vescovo ausiliare dell'arcidiocesi di New York. Si dimise dopo avere ammesso di avere avuto rapporti sessuali con diverse donne.
- John B. McCormack, vescovo di Manchester, nel New Hampshire. I pubblici ministeri stanno cercando di incriminarlo per favoreggiamento, avendo protetto i sacerdoti pedofili quando si trovava presso l'arcidiocesi
di Boston.
- Brendan Comiskey, vescovo di Ferns, in Irlanda. Lasciò l'incarico quando si scoprì che aveva dato copertura a ventitré sacerdoti della sua diocesi colpevoli di avere abusato sessualmente di bambini.
- Julius Paetz, arcivescovo di Poznan, in Polonia, amico di Giovanni Paolo II. Si dimise dopo avere ammesso di aver abusato sessualmente di decine di seminaristi.
- Pierre Pican, vescovo di Bayeux-Lisieux, in Francia. Condannato a tre mesi di carcere per avere coperto un sacerdote pederasta.
- Alphonsus Penney, arcivescovo di St. John di Terranova, in Canada. Si dimise per aver occultato decine di abusi commessi su una cinquantina di bambini e bambine da circa venti sacerdoti nella sua diocesi.
- Hubert Patrick O'Connor, vescovo di Prince George, in Canada. Fu ufficialmente accusato dalla polizia criminale canadese di aver violentato e aggredito sessualmente diverse donne.
- Eamon Casey, vescovo di Dublino, in Irlanda. Presentò le sue dimissioni quando saltò fuori che aveva un figlio adolescente e che si era appropriato di denaro della diocesi per darlo alla madre del ragazzo.
- Rudolf Bär, vescovo di Rotterdam, in Olanda. Accusato di essere omosessuale, fu costretto a dimettersi.
- Hansjörg Vogel, vescovo di Basilea, in Svizzera. Abbandonò la carica quando si scoprì che aspettava un figlio dalla propria amante.
- Roderick Wright, vescovo di Argyll e delle Isole Occidentali, in Scozia. Si dimise dopo una «scappatella» sessuale con una giovane parrocchiana.
- John Aloysius Ward, arcivescovo di Cardiff, in Galles. A causa della forte pressione popolare, Ward fu destituito dal Vaticano perché aveva coperto due preti pedofili arrestati per aver violentato undici bambini.
- Franziskus Eisenbach, vescovo ausiliario di Magonza, in Germania. Si dimise quando la docente universitaria Anne Bàumer-Schleinkofer lo accusò di avere abusato sessualmente di lei.
- George Peli, arcivescovo di Sydney, in Australia. Si dimise dopo l'accusa di tentata violenza sessuale su un bambino di dodici anni. Tre mesi prima era stato accusato ufficialmente di favoreggiamento per avere coperto sacerdoti pedofili quando era vescovo ausiliario di Melbourne, offrendo alle vittime denaro in cambio del silenzio.
- Edgardo Storni, arcivescovo di Santa Fe, in Argentina. Processato per avere abusato sessualmente di almeno una cinquantina di adolescenti, tutti seminaristi.

Ma il caso più eclatante fu quello del cardinale Hans Hermann Groèr, arcivescovo di Vienna che abusò di diversi minorenni.
Il prelato, ultraconservatore, aveva iniziato insegnando a un ragazzo come «pulirsi il pene per evitare infezioni» durante la doccia. A fare scattare le prime denunce fu proprio Groèr, quando in una lettera pastorale affermò: «I molestatori di bambini non erediteranno il Regno dei cieli».
Quella semplice frase aprì la porta alle denunce delle prime vittime contro il cardinale primate d'Austria. La cosa curiosa è chemolte vittime affermarono di aver già sporto denuncia agli inizi degli anni Settanta contro Pallora vescovo Groèr, ma che il Vaticano le aveva fatte passare sotto silenzio.
Per papa Wojtyla, Hans Hermann Groèr era una figura determinante, visto il ruolo acquisito dall'Austria nella politica estera vaticana. Tredici mesi dopo aver ricevuto la prima denuncia contro Groèr, Giovanni Paolo II lo aveva nominato arcivescovo di Vienna, la massima carica della Chiesa cattolica austriaca. Quando vennero alla luce le prime denunce, il nunzio Donato Squicciarini rilasciò una dichiarazione ufficiale di solidarietà nei confronti di Groér: «La Santa Sede ha molta esperienza [sic] in questo campo e quanto accade in Austria e già successo in altri paesi. Sono sicuro che anche il ‘caso Groér' non ha alcun fondamento. Tutto questo gli dà più coraggio per continuare a occupare la carica di presidente della Conferenza episcopale austriaca».
A questa dichiarazione ne seguirono altre, come quella del vescovo Kurt Krenn, che attaccò le vittime dicendo: «Sono anime malate e le loro accuse sono inconcepibili e maligne. Dovrebbero chiedere scusa al cardinale».
Alla fine, nel 1995, in piena polemica, il cardinale Groér cedette alle pressioni e presentò le dimissioni da arcivescovo di Vienna a papa Giovanni Paolo II, il suo più convinto sostenitore. Quando il 14 aprile 1998 Groér chiese al papa di accettare la sua rinuncia a tutte le cariche ecclesiastiche, il papa acconsentì, ma dichiarò:
«Spero che il tentativo di distruzione [della Chiesa austriaca] non abbia successo e che la zizzania seminata dal sospetto e dalla discordia non prevalga tra i cattolici». Il Vaticano chiuse l'indagine interna sul «caso Groér» alla fine del 1998.
Sembra che tutti i fatti denunciati siano realmente accaduti. Il cardinale Schònborn, successore di Groér e suo principale difensore, alla fine fu costretto ad ammettere: «Siamo arrivati alla convinzione morale che le accuse mosse all'arcivescovo emerito cardinale Hans Hermann Groér sono essenzialmente vere. Spero che il cardinale Groér sia in grado di pronunciare qualche parola chiarificatrice e liberatrice. Prego e invito a pregare affinché possa farlo». Il cardinale Groér morì il 24 marzo 2003, all'età di novantaquattro anni, a Sankt Pòlten, in Austria. L'anno successivo a quello in cui esplose il «caso Groér», quasi cinquantamila austriaci abbandonarono ufficialmente il cattolicesimo.
La sera del 2 aprile 2005, Giovanni Paolo II, il principale difensore e sostenitore del pederasta Groér, morì all'età di ottantacinque anni, dopo ventisei anni, dieci mesi e diciassette giorni alla guida della Chiesa cattolica. Il pontificato di Wojtyla lasciava in eredità una politica intransigente, contraria a rivedere le proprie posizioni sul celibato ecclesiastico, sul matrimonio tra omosessuali, sull'aborto, sulla ricerca sugli embrioni, sul controllo delle nascite e sul sacerdozio femminile.
Mantenne anche la struttura piramidale, rigida e chiusa, della gerarchia ecclesiastica, simile in tutto e per tutto alla più rigorosa delle monarchie assolute, quella di Luigi XIV, il Re Sole.
Inoltre, ebbe la pretesa di mettere a tacere, pagando ingenti somme di denaro, lo scandalo degli abusi sessuali commessi per decenni da religiosi su bambini. Nessuno dei colpevoli fu espulso dalla Chiesa. Senza dubbio, un grande esempio per un papa che molti vorrebbero già prossimo al sublime traguardo della canonizzazione. Santo subito!
Il papa che era riuscito a diffondere la parola di Dio attraverso la CNN, morì circondato dalla folla, proprio come aveva vissuto. Come dicono i suoi critici, Karol Wojtyla o Giovanni Paolo II «fu più vicino almessaggio che a Dio».

(Eric Frattini - "I papi e il sesso")

publicado às 14:50

   

Nas redes sociais havia anunciado que o futuro Papa iria se chamar Francisco. E não me enganei. Por que Francisco? Porque São Francisco começou sua conversão ao ouvir o Crucifixo da capelinha de São Damião lhe dizer:”Francisco, vai e restaura a minha casa; olhe que ela está em ruinas”(S.Boaventura, Legenda Maior II,1).
Francisco tomou ao pé da letra estas palavras e reconstruíu a igrejinha da Porciúncula que existe ainda em Assis dentro de uma imensa catedral. Depois entendeu que se tratava de algo espiritual: restaurar a “Igreja que Cristo resgatara com seu sangue”(op.cit). Foi então que começou seu movimento de renovação da Igreja que era presidida pelo Papa mais poderoso da história, Inocêncio III. Começou morando com os hansenianos e de braço com um deles ia pelos caminhos pregando o evangelho em língua popular e não em latim.
É bom que se saiba que Francisco nunca foi padre mas apenas leigo. Só no final da vida, quando os Papas proibiram que os leigos pregassem, aceitou ser diácono à condição de não receber nenhuma remuneração pelo cargo.
Por que o Card. Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome de Francisco? A meu ver foi exatamente porque se deu conta de que a Igreja, está em ruinas pela desmoralização dos vários escândalos  que atingiram o que ela tinha de mais precioso: a moralidade e a credibilidade.
Francisco não é um nome. É um projeto de Igreja, pobre, simples, evangélica e destituída de todo o poder. É uma Igreja que anda pelos caminhos, junto com os últimos; que cria as primeiras comunidades de irmãos que rezam o breviário debaixo de árvores junto com os passarinhos. É uma Igreja ecológica que chama a todos os seres com a doce palavra de “irmãos e irmãs”. Francisco se mostrou obediente à Igreja dos Papas e, ao mesmo tempo, seguiu seu próprio caminho com o evangelho da pobreza na mão. Escreveu o então teólogo Joseph Ratzinger: ”O não de Francisco àquele tipo de Igreja não poderia ser mais radical, é o que chamaríamos de protesto profético”(em Zeit Jesu, Herder 1970, 269). Ele não fala, simplesmente inaugura o novo.
Creio que o Papa Francisco tem em mente uma Igreja assim, fora dos palácios e dos símbolos do poder. Mostrou-o ao aparecer em público. Normalmente os Papas e Ratizinger principalmente punham sobre os ombros a mozeta aquela capinha, cheia de brocados e ouro que só os imperadores podiam usar. O Papa Francisco veio simplesmente vestido de branco e com a cruz de bispo. Três pontos são de ressaltar em sua fala e são de grande significação simbólica.
O primeiro: disse que quer “presidir na caridade”. Isso desde a Reforma e nos melhores teólogos do ecumenismo era cobrado. O Papa não deve presidir com como um monarca absoluto, revestido de poder sagrado como o prevê o direito canônico. Segundo Jesus, deve presidir no amor e fortalecer a fé dos irmãos e irmãs.
O segundo: deu centralidade ao Povo de Deus, tão realçada pelo Vaticano II e posta de lado pelos dois Papas anteriores em favor da Hierarquia. O Papa Francisco, humildemente, pede que o Povo de Deus reze por ele e o abençoe. Somente depois, ele abençoará o Povo de Deus. Isto significa: ele está ai para servir e não par ser servido. Pede que o ajudem a construir um caminho juntos. E clama por fraternidade para toda a humanidade onde os seres humanos não se reconhecem como irmãos e irmãs mas reféns dos mecanismos da economia.
Por fim, evitou toda a espetacularização da figura do Papa. Não estendeu os braços para saudar o povo. Ficou parado, imóvel, sério e sóbrio, diria, quase assustado. Apenas se via a figura branca que olhava com carinho para a multidão. Mas irradiava paz e confiança. Usou de humor falando sem uma retórica oficialista. Como um pastor fala aos seus fiéis.
Cabe por último ressaltar que é um Papa que vem do Grande Sul, onde estão os pobres da Terra e onde vivem 60% dos católicos. Com sua experiência de pastor, com uma nova visão das coisas, a partir de baixo, poderá reformar a Cúria, descentralizar a administração e conferir um rosto novo e crível à Igreja.

(Leonardo Boff é autor de São Francisco de Assis: ternura e vigor, Vozes 1999.)

publicado às 22:35

Sepolto il papa polacco, si scatenò nel sacro Collegio cardinalizio una lotta tra titani per la nomina del successore e molti porporati organizzarono nel preconclave delle vere e proprie campagne elettorali. Il più potente e attivo fu il cardinale Joseph Ratzinger, che nel 1978 aveva dichiarato: «Non è lo Spirito Santo che detta ai cardinali il nome del nuovo papa». Senza dubbio, il cardinale tedesco aveva la forza della ragione e anche la ragione della forza.
Prima di entrare in conclave, il cardinale Philippe Barbarin di Lione delineò rapidamente le caratteristiche che doveva possedere il successore di Giovanni Paolo II: «Deve essere un uomo aperto a un mondo che cambia. Un uomo che comprenda e conosca il mondo contemporaneo e la sua cultura, affinché, quando parli, la gente possa capirlo». E a questo punto che arrivò il cardinale Ratzinger. Nella quarta e ultima votazione, Ratzinger ebbe ottantaquattro voti, contro i ventisei del cardinale Bergoglio. Così, all'età di settantotto anni, si aggiudicò la tiara papale e assunse il nome di Benedetto XVI (2005-).  Anche se il nuovo papa non era conosciuto da molti credenti, erano invece noti i suoi soprannomi:
Panzerkardinal, Ratzinga Z (come il popolare personaggio del cartone animato giapponese degli anni Settanta, Mazinga z), l'Ombra del papa, Bombardiere B-16 o il Grande inquisitore. I quotidiani britannici furono quelli che accolsero con maggiore polemica la nuova nomina. Il Daily Telegraph titolava «Il rottweiler di Dio», e il Sun, «Dalla Gioventù hitleriana a papa Ratzi». Ma chi era in realtà il nuovo Sommo Pontefice?
Era un amante dei capi classici del guardaroba pontificio, quali il camauro e la mozzetta, si faceva fare le scarpe su misura da Adriano Stefanelli e non da Prada, come dichiarò al Washington Post, ed era nato il 16 aprile 1927 nella città tedesca di Marktl am Inn, a meno di venti chilometri, curiosamente, da Branau, il paese natale di Adolf Hitler.
In realtà non si può dire che il futuro papa fosse un nazista.
Sarebbe ingiustificato definirlo tale, ma di sicuro era figlio del suo tempo. Scrive Ratzinger: «Il partito nazista si presentava con sempre maggior forza come l'unica alternativa al caos incombente». Con il passare degli anni, Joseph Ratzinger fece quello che migliaia di tedeschi fecero, cioè dare una giustificazione all'ascesa di Hitler e del Terzo Reich, affermando:
«Io? Io non ne sapevo niente». Negli anni successivi Ratzinger scelse il silenzio e ignorò la domanda sulle ragioni profonde per le quali molti tedeschi, pur sapendo o sospettando, si adeguarono e scelsero il silenzio.
Ancora oggi, Benedetto XVI preferisce, se non evitare, quantomeno stendere uno spesso velo sulle sue considerazioni riguardo a quel periodo.
Nel 1939, quando aveva dodici anni, il futuro papa era entrato nel seminario di Traunstein, ma nel 1943, a sedici anni, era stato reclutato con la forza dalla Gioventù hitleriana e destinato alla contraerea per la difesa di una fabbrica della BMW in cui si costruivano motori per gli aerei da combattimento.
Esiste una fotografia che ritrae Ratzinger con l'uniforme della Gioventù hitleriana e un'altra immagine in cui si vede il futuro papa vestito da sacerdote mentre fa il saluto nazista.. Curiosamente, Ratzinger sulla sua esperienza nella Gioventù hitleriana scrisse: «Conservo un bellissimo ricordo perché il sottufficiale a cui eravamo sottoposti difese con fermezza l'autonomia del nostro gruppo ed eravamo dispensati da tutte le esercitazioni militari». Vuol dire che Ratzinger non sparò un solo colpo contro gli aerei alleati per difendere la sua postazione presso la fabbrica della BMW?
Nel 1945, dopo un anno trascorso nel «servizio lavorativo del Reich», Ratzinger poté assistere all'arrivo degli americani nel suo paese. Da quel momento, non spese una sola parola su Dachau, sui lavoratori schiavizzati, sulla liberazione di Auschwitz, sulla persecuzione di cittadini tedeschi o sul programma di eutanasia portato a termine dai nazisti. Solo nel 1993, durante un'intervista al Time, l'ancora cardinale Ratzinger spiegava:
«Ricordo di aver visto alcuni lavoratori schiavi provenienti da Dachau mentre prestavo servizio alla BMW e di avere assistito all'uccisione di ebrei ungheresi».
Però! Ci sono voluti quarantotto anni per far ritornare la memoria al futuro papa!
Gli studiosi della dottrina teologica degli ultimi due pontefici sono incapaci, al pari dell'autore di questo libro, di differenziare i punti di vista dottrinali di Wojtyla da quelli di Ratzinger.
Cos'è nato prima, l'uovo o la gallina? E impossibile sapere dove finiscono il pensiero e le azioni inquisitorie di Wojtyla e iniziano il pensiero e le azioni inquisitorie di Ratzinger.
Già lo aveva detto Rembert Weakland, arcivescovo di Milwaukee e biografo di Wojtyla: «Non saprei distinguere tra ciò che dice Giovanni Paolo II e ciò che dice Ratzinger». La verità è che quanto più malato e paralizzato diveniva Giovanni Paolo II, maggior potere decisionale acquisiva Ratzinger. Osservando le decisioni adottate da Ratzinger quando era prefetto della Congregazione per la dottrina della fede, l'ex Sant'Uffizio, i titoli dei giornali inglesi appaiono scontati.
Molte delle persone che lavorarono insieme al prefetto tedesco lo definiscono:
Un inquisitore fermo e spietato, ma gentile e dialogante nei modi, che contribuì in maniera decisiva a ridisegnare (o restaurare) la geografia politica romana attraverso l'individuazione dei teologi da bloccare, condannare, emarginare o ricondurre nel grembo materno. […] Verso le voci più progressiste fu, viceversa, intransigente e implacabile. Durante la sua guida, la scure della Congregazione si abbatté su un numero di persone abbastanza impressionante, facendo piazza pulita di ogni dissenso sinistrorso. Nell'ambito della sua azione politica [al fronte del Sant'Uffizio durante il pontificato di Wojtyla], la lista delle persone che il prefetto ha condannato rappresenta un'incontrovertibile, e strabordante, nota a piè pagina.

(Eric Frattini - "I papi e il sesso")

publicado às 19:52

Argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, é o primeiro latino-americano a liderar a Igreja Católica. Primeiro Papa não europeu em 13 séculos. Escolheu o nome Francisco. Foi engenheiro químico antes de se tornar padre.

 

Um Papa modesto, conservador e preocupado com os mais pobres. São estes alguns dos traços do 266.º Papa, o primeiro latino-americano e jesuíta. Aos 76 anos, o cardeal Jorge Mario Bergoglio é uma surpresa e uma escolha improvável para os que previam que, depois do pontificado curto de Bento XVI, que renunciou devido à idade, o novo Sumo Pontífice seria escolhido entre os mais jovens.
No entanto, sabe-se hoje, o arcebispo de Buenos Aires foi o principal adversário de Joseph Ratzinger na eleição de 2005, tendo chegado a reunir 40 votos dos cardeais eleitores, recorda John Allen no perfil que traçou de Bergoglio para o National Catholic Reporter. Oito anos depois, terá sido o candidato de consenso depois de afastados outros nomes dados como favoritos.
Filho de pai italiano, um ferroviário, oriundo da região de Turim, e de mãe dona de casa, tem quatro irmãos. Bergoglio estudou Teologia na Alemanha e desempenhou vários cargos administrativos na Cúria, o que lhe permite criar pontes entre os dois continentes com mais influência na Igreja Católica.
Bergoglio estudou engenharia química. Mais tarde, quando perdeu um pulmão devido a uma doença respiratória, resolveu seguir o sacerdócio. E agora é o primeiro Papa não europeu desde o ano 752.
Ascensão em plena ditadura 
Nascido em Buenos Aires, em 1936, só seguiu o sacerdócio aos 32 anos. Após a ordenação dedicou os anos seguintes a ensinar Literatura, Psicologia e Filosofia, antes de assumir, na década de 1970, o cargo de provincial da Companhia de Jesus na Argentina. O país vivia então sob ditadura e, enquanto muitos jesuítas se aproximavam da Teologia da Libertação e viam no movimento progressista uma forma de oposição aos generais, Bergoglio insistiu para que se mantivessem fiéis aos princípios espirituais da companhia e se dedicassem ao trabalho pastoral, escreve Allen.
A ascensão religiosa de Jorge Mario Bergoglio coincidiu com um dos períodos mais obscuros da Argentina: a ditadura militar(1976-1983). Foi acusado de não proteger dois jesuítas que foram sequestrados clandestinamente pelo governo militar por fazerem trabalho social em bairros de extrema pobreza. Ambos os padres sobreviveram a uma prisão de cinco meses.
O caso é relatado no livro "Silêncio", do jornalista Horacio Verbitsky, também presidente da entidade privada defensora dos direitos humanos CELS. A publicação leva em conta muitas declarações de Orlando Yorio, um dos jesuítas sequestrados, antes de morrer em 2000.
"A história condena-o: mostra-o como alguém contrário a todas as experiências inovadoras da Igreja e, sobretudo, na época da ditadura, mostra-o muito próximo do poder militar", disse há algum tempo o sociólogo Fortunato Mallimacci, ex-decano da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires.
Os defensores de Bergoglio dizem que não há provas contra ele e que, pelo contrário, o novo Papa ajudou muitos a escapar às Forças Armadas durante os anos de repressão no seu país, tendo mesmo usado um encontro com o general Videla para interceder em defesa das vítimas da ditadura.
Primeiro jesuíta a comandar Igreja Católica 
Como bispo auxiliar (desde 1992) e depois como arcebispo de Buenos Aires (desde 1998), o cardeal manteve sempre uma posição conservadora em termos teológicos, sendo considerado próximo do movimento Comunhão e Libertação, grupo católico com grande influência junto da política italiana. Será também o primeiro jesuíta a assumir o trono de São Pedro.
No Vaticano, longe de possíveis polémicas dos tempos de ditadura, é esperado que o cardeal sul-americano, silencioso e tímido, conduza a Igreja Católica com firmeza e com uma clara preocupação social.
"Ele é capaz de fazer a necessária renovação sem saltos para o desconhecido. Será uma força de equilíbrio", disse à Reuters Francesca Ambrogetti, co-autora da biografia de Bergoglio, após uma série de entrevistas durante três anos.
"Ele partilha da visão de que a Igreja Católica deve ter um papel missionário, que sai ao encontro das pessoas, que é activa... Uma Igreja que não se preocupa tanto em regular a fé, mas sim em promovê-la e facilitá-la", acrescenta Ambrogetti.
Um ortodoxo contra aborto e casamento gay
O novo Papa é também destacado pela preocupação com os mais pobres. O Guardian escreveu que, em 2001, quando João Paulo II o nomeou cardeal, Bergoglio pediu aos fiéis que, ao invés de se deslocarem a Roma, distribuíssem o dinheiro da viagem entre os mais pobres. Durante a crise económica que atingiu a Argentina, surgiu como uma voz da consciência nacional e, por várias vezes, tem alertado para as consequências da globalização desregrada para os que já sobrevivem com muito pouco.
É também destas críticas que resultou a sua má relação com o casal Kirchner. O ex-Presidente Nestor Kirchner chegou mesmo a considerar o então arcebispo como "o verdadeiro representante da oposição".
Com Cristina Kirchner, que sucedeu ao marido na Presidência da Argentina, a relação também não tem sido fácil, tendo atingido um pico de conflitualidade quando foi aprovado o casamento gay no país. Apesar destas diferenças, a actual Presidente já disse que vai estar em Roma, na terça-feira, na cerimónia de inauguração do pontificado do Papa Francisco.
Ao longo dos anos, Jorge Mario Bergoglio deu prova da sua ortodoxia, manifestando também a sua oposição incondicional ao aborto e à contracepção ou à adopção por casais homossexuais. Em 2010, escreve o Guardian, quando a Argentina se tornou o primeiro país latino-americano a legalizar o casamento gay, o cardeal afirmou que a alteração legislativa representava uma forma de discriminação de crianças que, disse, deveriam ter o direito a ser educadas por um pai e uma mãe. Ainda assim, admite o recurso ao preservativo para impedir doenças infecciosas – ficou famosa a sua visita, durante as cerimónias pascais de 2001, a um hospital para lavar e beijar os pés de 12 doentes com sida.
Modesto, tímido, fã de futebol e literatura
É conhecido também pela timidez e modéstia – Allen recorda que recusou viver no palácio apostólico, que trocou por um apartamento na capital argentina, dispensou a limusina (prefere viajar de autocarro e metro).
"O seu estilo de vida é sóbrio e austero. É a forma como vive. Viaja de metro, de autocarro e quando vai a Roma voa em classe económica", conta Francesca Ambrogetti.
"Sempre foi uma pessoa simpática e acessível", contou à Reuters Roberto Crubellier, empregado de uma igreja na Baixa de Buenos Aires, onde Bergoglio costumava ir.
O homem simples que cozinha as suas próprias refeições gosta de tango e literatura, principalmente os autores clássicos.
E é também um apaixonado por futebol. É adepto do San Lorenzo de Almagro, de que é inclusivamente sócio. Gosta de ir ver os jogos da sua equipa, algo que agora terá mais dificuldades em fazer.

(Ana Fonseca Pereira, Simone Duarte, Hugo Daniel Sousa)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/jorge-mario-bergoglio-e-o-novo-papa-1587677#/0

publicado às 18:12

Há alguns santos na Igreja Católica chamados Francisco. Os mais conhecidos são S. Francisco de Assis e S. Francisco Xavier.
Quando foi eleito cardeal e alguns argentinos queriam viajar para Roma para celebrar, Bergoglio convenceu-os a dar aos pobres o dinheiro que gastariam na viagem. O episódio é narrado pelo jornal inglês The Guardian, que descreve o novo Papa como tendo uma “abordagem prática” à questão da pobreza. Bergoglio escolheu o nome Francisco, partilhado por dois conhecidos santos da Igreja Católica – um dos quais conhecido pela devoção aos pobres, o outro, pelo papel de evangelização no Oriente.
S. Francisco de Assis é um santo italiano, que nasceu perto do final do século XII, filho de um comerciante rico. Perdeu o interesse pela vida de jovem abastado, decidindo viver a ajudar os pobres. Acabou por fundar a ordem religiosa dos franciscanos. É um dos dois santos padroeiros da Itália.
Na semana passada, o jornal italiano Il Fatto Quotidiano publicou um artigo com o título “A hora impossível do Papa Francisco I”. O texto elaborava sobre o facto de a vida de Francisco de Assis não se ajustar à vida actual do líder da Igreja Católica. “O primeiro sinal de mudança na Igreja poderia ser o nome do sucessor de Ratzinger. Da varanda, nunca ninguém anunciou ‘aqui Francisco’”, escreveu o veterano jornalista Maurizio Chierici. “Ele morreu há quase oito séculos, mas ninguém se sentiu na disposição de abraçar a espiritualidade e dedicação absoluta para a vida dos outros.” O artigo citava o parlamentar italiano Raniero la Valle, um dos representantes da esquerda cristã: “Francisco é um nome impossível para a carga de poder com que durante séculos foi construída a infalibilidade do papado, a soberania, o controle formal de cada serviço, a autoridade sobre milhões de fiéis.”
A escolha do nome é uma indicação de como um Papa quer ser visto e do que se propõe fazer. A prática nem sempre foi seguida, mas tem sido a norma nos últimos cinco séculos.
A escolha feita por Bergoglio remete também para S. Francisco Xavier, nascido no início do século XVI, em território que hoje é Espanha. Foi um dos fundadores da Companhia de Jesus, a congregação religiosa de que o novo Papa faz parte: Bergoglio é o primeiro pontífice jesuíta. Francisco Xavier é conhecido pelas missões de evangelização no Oriente. Partiu de Lisboa em 1541, passou por Moçambique e seguiu para a Índia. Esteve também na Malásia e no Japão. Morreu na China.

(João Pedro Pereira)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-nome-de-um-defensor-dos-pobres-e-de-um-missionario-jesuita-1587696?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29

publicado às 17:47


Cristo traído

por Thynus, em 14.03.13

Os varões da minha família eram fervorosamente anticlericais, as damas não perdiam a missa domingueira e muitas outras funções. O esquema é bastante comum na Itália. O derradeiro grande líder do Partido Comunista Italiano, Enrico Berlinguer, aos domingos levava mulher e filhas até a porta da igreja e dali saía para um passeio. Voltava para buscá-las.

 O anticlericalismo à moda peninsular tem origem na constante e imperiosa interferência eclesiástica na vida do país e de vários mais. A Igreja de Pedro sempre teve uma presença poderosa desde os tempos do Sagrado Romano Império, que precisava do seu endosso para vingar. Dentro da Itália, o papa dispôs de poder temporal, como dono de uma larga fatia do território, do VIII século ao XIX. Foi o tempo do papa-rei.
Para livrar-se dos inimigos, o pontífice nunca hesitou em convocar exércitos estrangeiros. Pela última vez quando Garibaldi enxotou Pio VII para o Vaticano e proclamou a República Romana em 1849. Desta vez, o papa convocou os franceses com um novo, revolucionário modelo de fuzil, e os garibaldini capitularam depois de seis meses de cerco. Vinte e um anos depois quem invadiu Roma foram os bersaglieri do rei piemontês. Mais uma vez o papa refugiou-se no Vaticano e a cidade se tornou capital da Itália unificada.
Tratou-se de um fecho temporário das guerras do Risogimento, destinadas a unificar a Península e a criar uma nação, encerradas finalmente com o conflito de 1914-1918 e a anexação de Trento e Trieste. O golpe de Mussolini levou em 1929 aos Pactos de Latrão, e a Igreja voltou a exercer um papel fortemente político durante o fascismo e mais ainda logo após. Dos púlpitos, de cardeais a párocos de campo fizeram propaganda a favor do Partido Democrata-Cristão e, portanto, da divisão do mundo em dois blocos antagônicos.
A interferência prosseguiu décadas adentro e hoje chega a se agudizar, tanto mais nestes dias de véspera eleitoral: a Itália vai às urnas no próximo dia 24. Os candidatos da direita e do centro conservador não perdem a ocasião para ajoelhar-se aos pés do altar e deglutir hóstias. É o momento em que o sangue anticlerical ferve. As questões em jogo, na Itália e no mundo todo, transcendem a fé, sincera ou não.
Vivemos uma época intelectualmente e moralmente pobre, instigada pelos avanços tecnológicos e arrepiada por demandas inovadoras em choque com a doutrina eclesiástica. De aborto a casamento gay. Enquanto isso, a Igreja de Pedro tenta em desespero impor seus vetos e se agarra aos dogmas, cada vez mais inviáveis à luz da razão. Nesta moldura, credos mais terrenos passam a representar uma concorrência maciça e desapiedada.
As feições atuais do renunciante Ratzinger mostram a gravidade e a tensão da luta. Em quase oito anos de pontificado, Bento XVI envelheceu como se tivesse decorrido o dobro. Não conhecemos os motivos determinantes da renúncia, mas admitamos que ele se sinta inadequado ao enfrentamento de uma situação tão complexa e obsedante como a atual, inquietada por divergências internas e surdos confrontos de bastidor. Não lhe faltam agora os elogios, assemelhados e epitáfios, e, em meio aos encômios, exalta-se a excelência do teólogo. Sejamos claros, não se trata de um Hans Küng, tampouco de um Carlo Maria Martini.
Se Martini tivesse sido o eleito em 2005, é plausível supor que algo teria mudado no sentido da contemporaneidade. Ratzinger limitou-se a confirmar o passado, o qual remonta à época em que, oficializada a religião, consumou-se a traição à palavra de Jesus. Arrisco-me a dizer, sem temer o Inferno, que o verdadeiro Judas é a própria Igreja, poder igual aos outros, humanos e não divinos, muito mais duradouro e fortalecido sempre e sempre pela carência experimentada pelo homem diante do mistério indecifrável.
Na história, e até na hagiografia, há inúmeros papas hipócritas, tirânicos e devassos. Há, também, estadistas. João Paulo II foi um deles, em proveito de seu abrangente Estado, sem atentar para a lição de igualdade e amor pregada por Cristo, e sem respeito pela mais exaltante das virtudes teologais, a caridade. Voltado integralmente às tarefas de senhor de um poder terreno. Se vieram à tona escândalos como a dos padres pedófilos, useiro e vezeiro, foi porque não houve como continuar a escondê-los. E nem se diga o quanto Wojtyla foi decisivo, pela mão de certo monsenhor Marcinkus, na definição dos alcances do IOR, o Banco do Vaticano, Instituto das Obras da Religião, a entender que obra da religião é também a reciclagem de dinheiro mafioso.

 
Figura ímpar, entre os pontífices recentes, João XXIII, o campônio Roncalli, um reformador encarado como subversivo pelos cinco anos do seu pontificado. Impossível imaginar o desempenho do papa Luciani, João Paulo I. Durou na cátedra de Pedro por um mês e morreu durante a noite, depois de tomar uma chávena de chá. Sobre o seu criado-mudo havia apontamentos a respeito das atividades do monsenhor Marcinkus. Banqueiro de Deus, dizia-se então.


(Mino Carta)
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/cristo-traido/?autor=42

publicado às 17:43



Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog

Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2011
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2010
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2009
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2008
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2007
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D

subscrever feeds