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De tudo e de nada, discorrendo com divagações pessoais ou reflexões de autores consagrados. Este deverá ser considerado um ficheiro divagante, sem preconceitos ou falsos pudores, sobre os assuntos mais variados, desmi(s)tificando verdades ou dogmas.
"Havia em Bokhara um homem rico e generoso. Porque tinha uma alta posição na hierarquia invisível, era conhecido como o Presidente do Mundo.
Cada dia ele distribuía ouro a uma categoria de pessoas — os doentes, as viúvas, e assim por diante. Mas nada era dado àquele que abrisse a boca.
Nem todos podiam guardar silêncio.
Um dia era a vez dos advogados receberem sua parte da subvenção. Um deles não se conteve e fez o pedido mais completo possível. Nada lhe foi concedido.
Mas esse não foi o fim dos seus esforços. No dia seguinte, os inválidos estavam sendo ajudados, assim ele fingiu que suas pernas haviam se quebrado.
Mas o Presidente o conhecia e ele nada obteve. Tentou outra e outra vez, até mesmo disfarçando-se de mulher, mas sem resultado.
Finalmente, o advogado encontrou um coveiro e lhe pediu que o embrulhasse numa mortalha. "Quando o Presidente passar", disse o advogado, "talvez ele presuma que seja um cadáver e jogue algum dinheiro para o meu funeral — e eu lhe darei uma parte".
E assim foi feito. Uma peça de ouro caiu da mão do Presidente sobre a mortalha. O advogado a apanhou logo, com medo de que o coveiro a pegasse primeiro.
Então ele disse ao seu benfeitor: "Você me negou sua subvenção — veja como a consegui!".
"Você nada pode obter de mim", replicou o homem generoso, "antes que você morra".
Este é o significado da frase enigmática: "O homem precisa morrer antes que morra". O prêmio vem depois desta "morte", e não antes. E mesmo esta "morte" não é possível sem ajuda.
HÁ religiões e religiões, mas o Sufismo é a religião — o próprio coração, a essência mais profunda, a própria alma.
O Sufismo não é parte do islamismo; ao contrário, o islamismo é parte do Sufismo. O Sufismo existia antes de Maomé ter nascido e existirá mesmo quando Maomé estiver completamente esquecido.
Os islamismos vêm e vão, as religiões tomam forma e se dissolvem, e o Sufismo permanece, continua, pois não é um dogma, mas a própria essência de ser religioso.
Você pode não ter ouvido falar do Sufismo e pode ser um Sufi — se for religioso. Krishna é um Sufi e Cristo também; Mahavira é um Sufi e Buda também — e eles jamais ouviram falar da palavra e jamais souberam que algo como o Sufismo existe.
Quando uma religião está viva, é porque o Sufismo está vivo nela.
Quando uma religião está morta, isso apenas mostra que o espírito, o espírito Sufi, a deixou. Agora existe apenas um cadáver, não importa o quão decorado — na filosofia, na metafísica, nos dogmas, nas doutrinas —, mas sempre que o Sufismo a abandona, a religião cheira a morte. Isto aconteceu muitas vezes, e está acontecendo em quase todo o mundo. E preciso que se tenha consciência disso, de outro modo você pode se apegar a um cadáver.
Agora o cristianismo não tem Sufismo. Ele é uma religião morta — a igreja a matou. Quando a "igreja" se torna demasiada, o Sufismo precisa abandonar aquele corpo. Ele não pode existir com dogmas.
Ele pode viver bem com uma alma dançante, mas não com dogmas; não pode existir com teologias, elas não são boas companheiras; e com papas e sacerdotes, é impossível o Sufismo existir. Ele é justamente o contrário! O Sufismo não necessita de papas ou pregadores, não precisa de dogmas; ele não é da cabeça, e pertence ao coração. O coração é a Igreja, não uma igreja organizada, porque toda organização é da mente. E uma vez que a mente tome posse, o coração precisará simplesmente abandonar a casa de vez. A casa fica estreita demais para o coração. Ele precisa da totalidade do céu, nada menos que isso lhe servirá.
O coração não pode ser confinado nas igrejas; a existência toda é a única igreja para ele. Ele só pode vibrar sob o céu, na liberdade, mas morre quando tudo se torna um sistema, um padrão organizado, um ritual — o estado de Sufismo simplesmente desaparece ali."
(In "Antes Que Você Morra", Osho)
Nos tempos que correm, tempos de depressão económica em que parece que o mundo se vai desmoronar, tempos em que os valores fundamentais da vida humana e social estão invertidos, onde grassa a corrupção e a mentira, falar de Feliz Natal ou próspero Ano Novo parece paradoxal, algo que vai contra o senso comum das pessoas. Mas pensando bem, acho que nunca como hoje não faltam razões de sobra para desejarmos felicidade e prosperidade.
Assim como o brilho dos olhos dos apaixonados vem do amor que brota no seu coração, também, no dizer do grande Fernando Pessoa, “não vemos o que vemos, vemos o que somos”. Se estamos alegres, a nossa alegria projeta-se sobre o mundo e ele fica mais alegre e brincalhão. É este o grande desafio que nos é apresentado no início da cada Ano Novo que (re)começa. Lembro-me de uma recomendação do saudoso Raúl Solnado: “Façam o favor de ser felizes!”. O Ano Novo será próspero e mais feliz, se a alegria brotar de dentro do coração de cada um de nós. Até podemos estar rodeados de pessoas alegres e felizes, mas se o nosso coração está triste, esse ambiente de alegria e felicidade não permeia a nossa existência. "Não vemos o que vemos, vemos o que somos": só vêem as belezas do mundo, aqueles que têm beleza dentro de si.
"As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente" (Fernando Pessoa).
Que sejamos capazes de fazer de cada minuto do novo ano que começa um acto de magia contagiante. A vida não é medida pelo número de respirações que damos, mas sim pelos momentos que nos fazem prender a respiração. Que no novo ano tenhamos paz, saúde, amor e trabalho... Muitas emoções... o resto é consequência e conquista.