Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Imagine Eu e Você

por Thynus, em 07.12.10


De que forma as pessoas se enamoram, e como o amor, de uma forma ou de outra, complica a vida de modo profundo e até cómico? Responde-nos Ol(iver) Parker, director de "It was an accident" (2000), que fez a sua estréia atrás das câmaras com a comédia agridoce "Imagine me & you" (Imagine Eu e Você): "Começo sempre a escrever partindo de um tema em vez de um enredo. Neste caso, sabia que queria falar de amor como força da natureza, e particularmente do amor à primeira vista, ou seja o mesmo que aconteceu entre minha mulher e eu. Comecei por interrogar-me: qual seria o momento e o lugar pior possível para inamorar-se loucamente e de improviso? Claramente, a resposta é "o dia do matrimónio", que se tornou, portanto, a fonte e inspiração inicial da história".
A história, de facto,começa com o matrimónio entre a espontânea e divertida Rachel (Piper Perabo) e o prudente e afectuoso Heck (Matthew Goode), e tudo correria às mil maravilhas se o entreolhar da moça não se cruzasse com o de Luce (Lena Headey), florista nupcial desconhecida dela. Deste momento em diante, de facto, Rachel sentirá que encontrou naquela mulher, além de mais gay, a sua alma gémea, acabando por encontrar-se diante de uma encruzilhada que a levará a ter que escolher se permanecer com Heck, que ama de qualquer forma, ou abandonar-se nos braços daquela mulher.
O destino levará ambas a tornar-se primeiro amigas e, depois, o facto far-lhe-á dar-se conta que aquele sentimento que tanto a oprimia não pertencia a uma simples amizade, mas ao amor das suas vidas.
Obviamente Rachel è casada e, dando-se conta da grande responsabilidade assumida no casamento, não quer certamente abandonar seu companheiro, mas ao mesmo tempo não consegue não ser honesta com ele.
Uma tarde, depois daquele que teria sido o encontro decisivo com Luce, Rachel decide confessar tudo a Heck o qual, inamorado profundamente pela sua princesa, decide deixá-la livre para tentar ser verdadeiramente feliz. Heck parte então para a viagem que sempre sonhou e, desgostoso por ter desposado Rachel, gira pelo mundo, para escrever o livro que tem na gaveta.
Luce e Rachel começarão portanto uma vida em conjunto vivendo pela primeira vez o seu verdadeiro amor. Ambas conseguiram de facto agir com coragem para enfrentar e conseguir a felicidade.
Entre as risadas e a melancolia, não faltam sequer os indispensáveis conselhos dos pais, sempre úteis, mesmo depois de atingir a idade adulta, e igualmente as flechadas da perversão. Entretanto aprendemos que mesmo a mais segura das estradas tomadas poderá estar sujeita a bruscos desvios, e, sobretudo, que não se deve nunca ter medo de expressar o amor. Segue aquilo que o coração te diz, continua a ser um conselho sempre a ter em consideração.
Parker narra portanto uma história de homossexualidade feminina no âmbito de um comum casal heterossexual...

publicado às 13:46

“À noite soube que existias: uma gota de vida que se escapou do nada. Eu estava com os olhos abertos de par em par na escuridão e, de repente, nessa escuridão, acendeu-se um relâmpago de certeza: sim, estavas aí. Existias”. Oriana Fallaci, a grande escritora nascida em Florença, Itália em 1932, descreve nesta terna e aterradora “Carta a um menino que não chegou a nascer”, escrita em 1978, essa sensação de amor e ao mesmo tempo de arrependimento que sentimos algumas mulheres ao trazer à vida um ser a quem não podemos assegurar a felicidade; um ser que talvez um dia nos repreenderá com amargura: “Quem te pediu que me trouxesses ao mundo, porque me trouxeste, porquê?” Uma gravidez difícil por ser, além de mãe solteira, uma mulher com êxito profissional cujos planos se fecham perante o anúncio imprevisto deste filho não planificado. "A minha amiga diz que estou louca em querer conservar-te, ela que está casada abortou quatro vezes em três anos”. Essa cruel alternativa é considerada também fugazmente por esta mulher inteligente: “Na escuridão que te envolve ignoras até que existes. Eu poderia desfazer-me de ti e tu nunca o saberias. Não terias a possibilidade de chegar à conclusão de que se eu te fiz mal ou te dei um prémio. Todavia nada é pior que o nada, filho. O que é verdadeiramente mau é nunca existir”. E assim, o poderoso instinto materno triunfa sobre o raciocínio intectual e lógico desta mulher excepcional, e então, a mulher-mãe, procura proteger o seu filho, ainda que contra a sua própria vontade. Começa assim, ao longo da sua breve gravidez, um terno e aterrador monólogo com esse ser tão estranho e ao mesmo tempo tão seu, que tomou posse das suas entranhas. “Certamente, tu e eu formamos um estranho par, meu menino. Tudo em ti depende de mim, e tudo em mim depende de ti: se adoeces, eu adoeço e se morro, tu morres. Mas, estranhamente, não posso comunicar-me contigo, nem tu comigo”. “Aí dentro ignoras o que é a escravidão. Aqui fora, por outro lado, terás mil amos. E o primeiro amo serei eu, que, sem querer – talvez sem sequer me dar conta - te submeterei a imposições que são justas para mim, mas não para ti. O teu encontro com o mundo será um pranto desesperado. Nos primeiros tempos só conseguirás chorar. Passarão semanas e mesmo meses até que da tu boca se abra um sorriso. “Serás um homem ou uma mulher? Quisera que fosses mulher. Ser mulher é fascinante, é um desafio que nunca chega a aborrecer. Terás que bater-te para demonstrar que dentro do teu corpo liso e arredondado há uma inteligência pedindo com gritos que a escutem. Cansar-te-ás de o gritar e, de vez em quando, quase sempre, perderás. Mas não deves desanimar: bater-se por uma causa é muito mais reconfortante que vencer; viajar, muito mais divertido que chegar. Sim. Espero que sejas mulher; não faças caso se te chamo menino” “Porém se nasceres varão, sentir-me-ei igualmente contente e talvez mais, porque te verás livre de muitas humilhações, de muitas servidões, de muitos abusos. Naturalmente, te corresponderão outras escravidões, outras injustiças; nem mesmo para um homem é fácil a vida, sabes? E todavia, ou precisamente por isso, ser homem constituirá uma aventura maravilhosa, um empreendimento que não te decepcionará jamais. “Comprei-te um berço. Depois de comprá-lo recordei-me que, segundo dizem alguns, possuir un berço antes que nasça o menino dá azar. Mas as superstições já não me afectam”. E todavia, algo sucede, a mãe deixa de sentir a presença do filho. Visita o médico e as suas palavras cordialmente indiferentes, fundem-na num pesadelo: “Tem razão, desde há pelo menos duas semanas, talvez três, já não cresce. Ânimo, não há mais remédio. Morreu”. Desde o fundo do seu coração parece-lhe escutar a voz do seu filho: “Porque tenho que existir mamãe? Qual é a finalidade? No meu universo, que tu chamas ovo, essa finalidade existe: nascer. Mas no teu mundo a finalidade é tão só morrer: a vida é uma condenação à morte. E eu não vejo porque tenho que sair do nada para regressar ao nada”. Martelante e cruel, surge dolorosa a pergunta a que nunca jamais poderei ter contestação: “Terei sido eu, filho, quem te decepcionei da vida e te impulsionou para o suicídio?" Não obstante, a mãe compreende que a indescritível dor por esse filho que não nasceu, é apenas um facto isolado da voragem da reprodução humana: “Agora já não estás. Apenas há um frasco de álcool dentro do qual flutua algo que não quis converter-se em homem ou em mulher. “Porque deveria fazê-lo?” me perguntaste. Pois porque a vida existe, menino! Mas em algum outro lugar nascem mil, cem mil meninos, e mães de futuros meninos. A vida realmente, não necessita nem de ti nem a mim. Tu estás morto e talvez morra eu também. Mas não importa, filho, porque a vida nunca morre”.

publicado às 13:45


A Violência Doméstica

por Thynus, em 06.12.10
Torna-se difícil aceitar que este tema seja o pão de cada dia na actualidade; faz parte dos grandes problemas que enfrenta a nossa sociedade e, contrariamente às crenças antigas, esta doença afecta as classes sociais mais altas, com níveis semelhantes à classe social média e baixa. Esta praga que afecta tanto a nossa sociedade, está baseado no maltrato físico, psicológico e incluso económico no âmbito da vida familiar. As vítimas mais frequentes são as mulheres e as crianças; a percentagem dos homens atacados é bem menor. A conduta agressiva, geralmente começa com pequenos insultos, logo vêm os empurrões e as pancadas, seguidas de desculpas e arrependimentos, que, na maioria dos casos são falsos, porque estes quadros são repetitivos e a vítima está tão amedrontada que vive num ciclo de violência eterno. O agressor, geralmente é uma pessoa que é bem vista perante a sociedade, tem uma máscara de bom cidadão e é bem aceite socialmente, todavia, no núcleo familiar é uma pessoa acomplexada, muitas vezes com ingressos económicos menores que os do seu par e se sente inferior por diferentes causas (esclareço, porém, que nem sempre têm este perfil); a vítima igualmente é uma pessoa bem aceite pela sociedade, todavia, é submissa dentro no âmbito familiar e acata as regras ditadas pelo seu agressor, permanece calada perante os maltratos, para manter a unidade familiar; está assim a viver um engano e é necessário abrir-lhe os olhos para que abandone esta situação. É preciso educar a população mundial, para atenuar este problema. É preciso dizer "NÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA", basta de insultos e pancadas; denuncia o teu agressor e leva a vida a que tens direito.

publicado às 13:44


O Meu Menino Interior

por Thynus, em 06.12.10
O meu menino Interior um dia partiu; não recordo como, mas perdeu-se. Um dia, na minha mente, levei-o ao esquecimento. Talvez foi o tempo, vida sem sentido. Hoje acordei pensando no meu menino. Não podia encontrá-lo, estava escondido. Coberto por capas que ao longo dos anos taparam o meu menino ferido, o meu menino esquecido. Hoje, descobriu-o no meu coração. Olhou-me assombrado, não entendendo isto. Olhou-me profundamente, como sabe fazê-lo. Disse-me: - Brinquemos - E eu na minha adultez de homem vivido, disse-lhe que não, que perdia o tempo. O meu menino perdido ficou perplexo. Eu não era o mesmo: os anos... o tempo tinham-me mudado. Como era isto? Fiquei absorto olhando aquele menino e por um momento, quase sem pensá-lo, decidi livrá-lo de suas ataduras, de couraças duras herdadas da sensatez. Disse-lhe que sim, e ali nos cruzamos num mar de rabiscos... jogos esquecidos. Esqueci-me de dizer-lhes que o encontrei escondido no meu coração coberto de capas. Na sua liberdade pensei nesse menino, que o mesmo caminho o levou ao esquecimento. Tomei-o pela mão, olhei-o profundamente e nesse momento descobri outro mundo. Hoje voltei ao seu lugar, de paz e alegria. Cortei ataduras, as dele... as minhas. Já não nos preocupam os vis comentários. A gente não sabe o que é necessário. Não sabe procurá-lo; não pode encontrá-lo e, por isso, segue caminhos errados. Essa mesma gente que um dia me disse: - Deixa-o, já és grande! - e eu sem saída. Nunca mais será um menino escondido. Vi-o tão radiante, estava dourado! Não deixarei nunca que alguém o julgue; o meu menino perdido partiu numa noite. E desde aquele dia de caminhos feitos continuei a estranhá-lo. Hoje, digo-te, menino, que nada nem ninguém, voltará a fechar-te nem a encadear-te. Somos um mesmo, tu e eu no mundo. Adultos com meninos, internos, profundos. Que procuram a vida sem mediocridades, que ainda acreditam que existem coisas não triviais. Abracemo-nos, meu menino querido, e sigamos juntos o mesmo destino. E não temas mais, pequeno esquecido. O MENINO PERDIDO JÁ FOI ENCONTRADO!

publicado às 13:42


A Arte de Amar

por Thynus, em 06.12.10
Para o psicanalista Erich Fromm (1900-1980) os seres humanos têm a tendência natural a pressupor que amar é uma coisa fácil, pelo que buscamos ser amados antes que amar. Segundo Fromm, a capacidade de amar só se adquire plenamente na madurez pessoal: O amor infantil diz: Te amo porque te necessito (o qual é um afecto egoísta); mas o amor maduro expressa: Te necessito porque te amo. Segundo o reconhecido psicanalista existem vários tipos de amor que convém classificar na seguinte sequência:
-Amor filial : É o vínculo que unifica o núcleo familiar mediante as relações frutíferas entre pais e filhos.
-Amor materno : É a aceitação incondicional onde a mãe ama o seu filho sem depender de nenhum mérito nem qualidade que influa na sua determinação em acolher e cuidar de seus filhos.
-Amor paterno : Baseia-se na condição dentro da qual o filho cumpra ou obedeça às normas de comportamento estabelecidas pela autoridade do pai, que o protege e motiva o filho a pôr em prática a sua capacidade de lealdade, respeito e responsabilidade necessários na vida adulta.
-Amor a si mesmo : consiste numa adequada valoração da nossa auto-estima sem a qual é impossível estabelecer qualquer tipo de apreço pelas pessoas que nos rodeiam.
-O Amor romântico : É a atracção física e mental que produz uma compatibilidade de sentimentos entre duas pessoas do sexo oposto, o que gera uma relação de reciprocidade entre o casal que os liga num compromisso que mais tarde deriva num lar compartilhado.
-O amor neurótico : Existe, não obstante algumas falsas concepções do amor que deveríamos identificar para evitar manter relações humanas que afectem a nossa saúde integral, pelo que Fromm recomenda de evitar obsessionar-se com uma pessoa em particular.
-amor idolátrico- que reduz o nosso suposto amor a uma simples dependência psicológica que gera uma profunda pena, frustração e desilusão.
Por último Erich Fromm recorda que amar é a acção de dar a vida sem reservas enquanto que o egoísmo mata a vontade da pessoa que deseja receber o que não é capaz de gerar em qualquer pessoa (Aqui aplica-se perfeitamente a lei da reciprocidade onde mais bem-aventurada coisa é dar que receber).
Se uma coisa aprendi da leitura deste livro é que a arte de amar é o empreendimento mais importante a que podemos aspirar nesta vida. Sim, como uma planta, o semeamos através da confiança e empatia, o regamos com carinho e perseverança e o cultivamos com o conhecimento mais íntimo das pessoas que amamos.

publicado às 13:41


O Homem e a Solidão

por Thynus, em 06.12.10
Eu tinha visto na sua solidão, uma excelente amiga para a minha solidão.
Eu achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia!
Tati Bernardi 

A solidão, apesar de oferecer ao homem inumeráveis oportunidades de amadurecer e tornar-se um sujeito autónomo, è frequentemente receptáculo de valências negativas. É uma condição desagradável, por vezes assustadora, que frequentemente se torna um inimigo de quem se deve fugir a qualquer custo. Tudo isto visto como o resultado de uma maneira de viver caótica agravada também pela herança bíblica, consequência das acções pecaminosas operadas pelo indivíduo: então Adão e Eva são expulsos do paraíso e são condenados a uma vida de sofrimento e de dor. A dor da perda, da separação. A solidão, portanto, existe antes do homem. O óvulo, no momento da fecundação, está só. Assumido o património genético do companheiro, as reacções físico-químicos do organismo separam o óvulo dos outros espermatozóides e isolam-no definitivamente da população celular materna. É um organismo estranho que conserva o eco da mãe e do pai. A própria fecundação é promotora de separação. A partir da décima quarta semana, o embrião, que se chamará feto, está perdido no oceano do ventre materno, está só. No futuro, o nascimento, o crescimento, o estado adulto re-evocam a solidão originária. Socialmente, então, reconhecemos com clareza a solidão. Pensemos nos milhões de crianças abandonadas no mundo que vagueiam sozinhas, sem una meta precisa. Os nossos velhos, quantos não são abandonados na cidade anónima? Quantas famílias, cada vez mais estranhos uns aos outros, vivem isoladas no horror da televisão.Quantos rapazes estão sós, na prisão dourada do seu Walkman. Quantas pessoas, "robotizadas" pelo trabalho, pela espada de Dâmocles do despedimento, pela desocupação, não são constrangidas a uma solidão forçada? O abandono e, portanto, a solidão, não poupa ninguém. O próprio Deus, sendo uno, está só.

publicado às 13:40


O Mito de Sísifo

por Thynus, em 06.12.10
A tenaz posição do homem frente à absurdidade da realidade. O homem na procura continua de um equilíbrio, que é estripado no raciocínio, è estripado pela sua carne desejosa de objectos e se torna puro pensamento. Ele se levanta como deus de si mesmo e acaba abatido pelos próprios limites, a finitude da sua existência, a procura da felicidade, tornam-se intuições a transformar, geração após geração a fim de percorrer uma estrada actualmente ilimitada na procura da verdade. Todavia a verdade não é unívoca e é mesmo por isso que nesta riqueza de diversidade o homem, o herói, o artista conhece o mundo que o rodeia. É a incessante análise que o homem coloca diante de si mesmo e da natureza, procura febril (usando um termo futurista) único fim da vida daquele homem que deixa para trás o ter para iludir-se de possuir a própria consciência, bem consciente desta necessidade. Agarra-se à vida para desfrutar cada instante e tornar-se imortal graças à esperança de deixar as próprias idéias para a integração dos vindouros. A confiança que o homem repõe no tempo e numa espécie de consciência coletiva que, graças ao trabalho de artistas e filósofos, tenta em vão de completar-se e nos empenha moralmente todos os dias. Afadiga-se mas não deixa nunca esta estrada pois está dentro, mesmo se frequentemente deixada de parte por empenhos sociais, e permanece sempre ali, toda a vida. É esta procura a mesma procura da felicidade? Esta que na espera traz o sofrimento e nos convida a uma certa "auto-mística" perpetuação do instante em que nós nos damos conta da vida que flui. É preciso desfrutar o tempo que temos para produzir ideologias, arte, discussões. O abstrato não nos circunda, é necessário procurá-lo na realidade, partir desta e aumentar o património humanitário representado por aquilo que nos é impedido pela sociedade moderna: ser e aceitar-se e conhecer.

publicado às 13:39

O dia 30 de setembro do ano 1888 é para Nietzsche o último dia do Cristianismo e o primeiro de uma Nova Era. Foi o dia em que terminou de escrever este livro. A ausência da vontade de poder levará a nossa civilização à decadência de forma inexorável. A espécie humana busca a longevidade, o crescimento em número e em força. Todos estes valores humanos conduzem-nos ao vazio e à ausência de qualquer meta realmente importante. Não encontramos uma razão para a nossa existência mais além da própria biologia inerente em todos os animais que habitam este planeta azul. Nascemos, tratamos de viver o melhor possível, reproduzimo-nos e convertemo-nos em pó. O Deus Cristão é a devoção ao nada, unicamente promessas de um futuro melhor que ninguém conhece, que se encontra por detrás da morte, difíceis de revogar mas também árduas de crer. O Cristianismo mostra-nos um mundo infestado de mitos que nega e adultera todo o real. Tudo é etéreo e efémero na terra, ao passo que o eterno só chegará depois da morte. Segundo Nietsche Jesus viveu uma existência interiorizada, una religião pessoal e não compartida. Fala-nos de um Cristianismo cheio de ressentimento e vingança para com aqueles que não o compartilham. A religião que nós consideramos Cristã foi uma invenção do Apóstolo Paulo depois da morte de Jesus Cristo. O livro não teve praticamente nenhuma repercussão na sua época, unicamente foi estudado em alguns ambientes teológicos.

publicado às 13:37

Porque Não Podemos Ser Cristãos (e muito menos católicos)

A primeira estação da nossa Via-Sacra é o começo de todos os começos: mais precisamente, a mitologia judaica da criação do mundo e do homem, contada em duas versões diferentes e contraditórias nos capítulos do Gênesis I-XI.” Assim começa esta viagem que o matemático Piergiorgio Odifreddi faz nas Escrituras e na História da Igreja, até aos nossos dias.
Como cientista, ele considera a afirmação de que o Deus da Bíblia é o único Deus verdadeiro, como uma "blasfêmia" contra aqueles homens de boa fé, de Pitágoras e Platão a Spinoza e Einstein, que sempre o identificaram com a inteligência do universo e a harmonia do mundo.
Como cidadão, afirma que o cristianismo não foi a mola do pensamento democrático e científico europeu, mas o freio (travão) que reprimiu severamente o desenvolvimento moral e civil, e acredita que o anti-clericalismo hoje é mais uma defesa do Estado secular que um ataque à religião da Igreja.
Como autor, finalmente, lê o Antigo e o Novo Testamento e as posteriores elaborações dogmáticas da Igreja desmascarando-os, com uma crítica tão forte quanto convincente, não só nas suas inconsistências lógicas mas também na falta de fundamentos históricos, dando à razão o que é da razão e fazendo emergir a verdade dos textos, ou seja, diz Odifreddi, que "Moisés, Jesus e o Papa estão nus".

Um belo livro que deveria ser lido por crentes e não-crentes a fim de esclarecer idéias. Deveria ser inserido como livro de texto nas escolas, de tal modo que as crianças pudessem fazer uma confrontação entre o que o catolicismo de forma martelante ensina e um livro oposto que desmascara todas as superstições religiosas e os escândalos e mentiras do Vaticano e da Igreja ao longo dos séculos.

 

Tags:

publicado às 13:34


A IGREJA E O PRESERVATIVO

por Thynus, em 06.12.10

"O papa apoia o uso do preservativo apenas para a prostituição. Ratzinger insiste, porém, que "não é o caminho adequado para superar a propagação da SIDA". "Pode haver casos concretos em que está justificado o uso de preservativo." São palavras do Papa Bento XVI recolhidas no livro-entrevista a ser publicado na próxima terça-feira em todo o mundo e do qual o L'Osservatore Romano, o jornal do Vaticano, adiantou ontem algumas passagens. É a primeira vez na história da Igreja que um pontífice se abre ao uso do preservativo, mesmo que parcialmente, em algumas "singulares" circunstâncias. "Por exemplo, quando um(a) prostituto(a) usa um preservativo e este pode ser o primeiro passo em direção a uma moralização, um primeiro acto de responsabilidade para desenvolver novamente a consciência de que nem tudo é permitido e de que não se pode fazer tudo o que se quiser" especifica o papa alemão. "No entanto, esta não é a maneira apropriada e verdadeira para vencer o contágio da SIDA. Realmente, é precisa uma humanização da sexualidade", continua o Pontífice.

Bem, a Igreja já está dando o primeiro passo: admite, apenas para a prostituição, o uso do preservativo. Acabará rectificando totalmente, sob pena de continuar a perder a credibilidade. É que o sexo não se destina apenas à geração da prole. Tem a ver, e muito, com o estado psicossomático do casal onde estão em causa factores como intimidade, cumplicidade, equilíbrio fisiológico e emocional... Também é por aqui que passa a "humanização da sexualidade". Contrariamente ao que pensa a hierarquia eclesiástica, o sexo é também humano, demasiadamente humano.

publicado às 13:32

Pág. 1/15



Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog

Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2011
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2010
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2009
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2008
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2007
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D

subscrever feeds