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De tudo e de nada, discorrendo com divagações pessoais ou reflexões de autores consagrados. Este deverá ser considerado um ficheiro divagante, sem preconceitos ou falsos pudores, sobre os assuntos mais variados, desmi(s)tificando verdades ou dogmas.
"Qualquer que seja o dinheiro e o crédito de que dispomos, não encontraremos num shopping o amor e a amizade, os prazeres da vida familiar, a satisfação de cuidar dos nossos entes queridos ou de ajudar um vizinho em perigo, a auto-estima por um trabalho bem feito, a gratificação do "instinto para o trabalho " que temos, a simpatia e o respeito dos colegas de trabalho e das outras pessoas com quem lidamos; e não podemos alcançar a liberdade de ameaças de "indiferença, de desprezo e das humilhações."
Dinheiro, poder, capacidade de consumir sem limite: tudo isso dá felicidade? Bauman abre o seu mais recente ensaio com uma análise argumentada de como não seja assim, ainda que hoje poder de compra e felicidade pareçam sinónimos.
"Rótulos, marcas e logotipos são termos da linguagem de reconhecimento." Ou seja, são realizados para afirmar o papel e o estatuto social do indivíduo-consumidor. Além disso, a propaganda destaca a capacidade de mudança de um determinado consumo/produto: rejuvenesce, renova, muda a vida. É evidente o poder de fascinação desta mensagem que, além demais, não cria compromissos porque, quando um produto não nos agrada mais, pode ser excluído com tranquilidade, mais ainda, a sua rápida substituição é recomendada ... Estes "tempos de relacionamento" dizem respeito à posse de objetos, mas não só: dizem respeito à cultura hodierna das relações "com baixo comprometimento" no seu conjunto.No entanto, o sentimento de precariedade das relações é uma fonte de insegurança e sentimos saudades de sentimentos a longo prazo.Não é de subestimar a necessidade humana de afirmação do indivíduo contemporâneo: estado de ânimo extremamente difuso, elemento esse que em vez de “dar asas" puxa para baixo como um pedregulho. Mas então como se pode aprender a arte da vida, sugestivo título deste livro? Temos que tentar o impossível, diz Bauman.Porque a felicidade precisa estar sempre um passo acima dos outros, mas a estima dos outros é fundamental para dar base à nossa auto-estima ... Sempre desapontados prosseguimos na busca espasmódica da felicidade. "Deixo aos leitores, sublinha Bauman, que decidam se a coerção para procurar a felicidade na forma praticada na nossa sociedade de consumidores líquido-moderna, faz feliz aquele que é obrigado." Talvez não, parece querer sugerir-nos o autor.
Eis então a arte da vida como criação sempre renovável, que, como qualquer arte, é também sofrimento, é dor, é pesquisa, é renúncia, é prazer.
"A arte da vida" significa coisas diferentes para aquele que faz parte da velha ou a da nova geração, mas cada um é um artista e ninguém pode colocar de lado a arte.