Em todos os sistemas teístas, mesmo num não-teológico, místico, há a idéia da realidade do reino espiritual, como transcendendo o homem, dando significação e validade aos poderes espirituais do homem e à sua luta pela salvação e pelo nascimento interior. Num sistema não-teísta, não existe reino espiritual fora do homem, ou que o transcenda. O reino do amor, da razão e da justiça só existe como realidade porque, e visto como, o homem foi capaz de desenvolver essas faculdades em si mesmo através de todo o processo de sua evolução. Sob este aspecto, não há sentido para a vida, a não ser o sentido que o próprio homem lhe dá; o homem é extremamente só, a não ser quando ajuda outro.
(Erich Fromm - "A Arte de Amar")