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De tudo e de nada, discorrendo com divagações pessoais ou reflexões de autores consagrados. Este deverá ser considerado um ficheiro divagante, sem preconceitos ou falsos pudores, sobre os assuntos mais variados, desmi(s)tificando verdades ou dogmas.
E certa vez Zaratustra fez um sinal a seus discípulos e lhes falou estas palavras:
“Ali estão sacerdotes: e, embora sejam meus inimigos, passai por eles em silêncio e com a espada na bainha!
Também entre eles há heróis; muitos deles sofreram muito —: assim, querem fazer outros sofrer.
Eles são maus inimigos: nada é mais vingativo do que sua humildade. E suja-se facilmente aquele que os ataca.
Mas meu sangue é aparentado ao deles; e quero que meu sangue seja honrado também no deles.” —
Após haverem passado, Zaratustra foi tomado pela dor; e não muito tempo havia lutado com sua dor, quando se ergueu e pôs-se a falar: Esses sacerdotes me causam pena. Também me ofendem o gosto; mas isso é o mínimo, desde que me acho entre os homens.
Mas eu sofri e sofro com eles: para mim, são prisioneiros e homens marcados. Aquele a quem chamam Redentor lhes pôs cadeias: —
Cadeias de falsos valores e palavras ilusórias! Ah, se alguém os redimisse de seu Redentor!
Numa ilha acreditaram certa vez aportar, ao serem arrastados pelo mar; mas olha, era um monstro adormecido!
Falsos valores e palavras ilusórias: eis os piores monstros para os mortais — longamente dorme neles a fatalidade, e espera.
Mas enfim chega, desperta, come e engole os que sobre ela construíram choupanas.
Oh, observai as choupanas que esses sacerdotes construíram! Chamam de igrejas essas cavernas de cheiro adocicado.
Oh, essa luz falseada, esse ar abafado! Ali, onde a alma não pode — voar até suas alturas!
Mas, em vez disso, sua fé ordena: “Subi de joelhos a escada, ó pecadores!”.
Em verdade, prefiro ainda ver o homem sem vergonha do que os olhos contorcidos da vergonha e devoção deles!
Quem criou tais cavernas e degraus de penitência? Não foram aqueles que queriam se esconder e se envergonhavam diante do céu puro?
E, apenas quando o céu puro novamente olhar através de tetos destruídos e para a grama e as papoulas-vermelhas junto aos muros destruídos, — eu novamente voltarei meu coração para as moradas desse Deus.
Chamaram Deus ao que os contradizia e lhes causava dor: e, em verdade, havia muito de heroico em sua adoração!
E não souberam amar seu Deus de outra forma senão pregando na cruz o ser humano!
Como cadáveres pensaram eles em viver, de preto vestiram seu cadáver; também em suas falas eu sinto o mau cheiro das câmaras mortuárias.
E quem vive próximo a eles vive perto de negros lagos, onde o agourento sapo canta com doce melancolia.
Canções melhores eles teriam de me cantar, para que eu aprendesse a acreditar em seu Redentor: os discípulos deste teriam de me parecer mais redimidos!
Nus eu desejaria vê-los: pois a beleza deveria pregar penitência. Mas a quem persuadiria essa aflição mascarada?
Em verdade, seus redentores mesmos não vieram da liberdade e do sétimo céu da liberdade! Em verdade, eles mesmos nunca andaram sobre os tapetes do conhecimento!
O espírito desses redentores era feito de lacunas; mas em cada lacuna haviam posto sua ilusão, seu tapa-buraco, que chamavam de Deus.
Em sua compaixão se afogara seu espírito, e, quando se inflavam e inchavam de compaixão, sempre boiava na superfície uma grande tolice.
Zelosamente e aos gritos empurravam seu rebanho sobre a sua estreita ponte: como se houvesse uma única ponte para o futuro! Em verdade, também esses pastores contavam ainda entre as ovelhas!
Espíritos pequenos e vastas almas tinham esses pastores: mas, meus irmãos, que pequenos países não foram até agora também as almas mais vastas!
Sinais de sangue inscreveram no caminho que percorreram, e sua tolice ensinou que a verdade se prova com o sangue.
Mas o sangue é a pior testemunha da verdade; o sangue envenena inclusive a mais pura doutrina, tornando-a loucura e ódio nos corações.
E, se alguém caminha sobre o fogo por sua doutrina — o que prova isso?
Mais vale, isto sim, que a nossa doutrina venha de nossa própria chama!
Coração quente e cabeça fria: quando estes se encontram, surge o vento impetuoso, o “Redentor”.
Em verdade, houve homens maiores e de mais alto nascimento do que esses que o povo chama redentores, esses impetuosos ventos que arrebatam!
E de homens ainda maiores do que todos os redentores ainda tereis de ser redimidos, ó irmãos, se quiserdes achar o caminho para a liberdade!
Jamais houve um super-homem. Ambos eu vi nus, o maior e o menor dos homens: —
Demasiado semelhantes ainda são um ao outro. Em verdade, também o maior de todos me pareceu — demasiado humano!
Assim falou Zaratustra.
(Friedrich Nietzsche "assim falou Zaratustra")
Aos desprezadores do corpo desejo falar. Eles não devem aprender e ensinar diferentemente, mas apenas dizer adeus a seu próprio corpo — e, assim, emudecer.
“Corpo sou eu e alma” — assim fala a criança. E por que não se deveria falar como as crianças?
Mas o desperto, o sabedor, diz: corpo sou eu inteiramente, e nada mais; e alma é apenas uma palavra para um algo no corpo.
O corpo é uma grande razão, uma multiplicidade com um só sentido, uma guerra e uma paz, um rebanho e um pastor.
Instrumento de teu corpo é também tua pequena razão que chamas de “espírito”, meu irmão, um pequeno instrumento e brinquedo de tua grande razão.
“Eu”, dizes tu, e tens orgulho dessa palavra. A coisa maior, porém, em que não queres crer — é teu corpo e sua grande razão: essa não diz Eu, mas faz Eu.
O que o sentido sente, o que o espírito conhece, jamais tem fim em si mesmo. Mas sentido e espírito querem te convencer de que são o fim de todas as coisas: tão vaidosos são eles.
Instrumentos e brinquedos são sentidos e espírito: por trás deles está o Si-mesmo.
O Si-mesmo também procura com os olhos do sentido, também escuta com os ouvidos do espírito.
O Si-mesmo sempre escuta e procura: compara, submete, conquista, destrói. Domina e é também o dominador do Eu.
Por trás dos teus pensamentos e sentimentos, irmão, há um poderososoberano, um sábio desconhecido — ele se chama Si-mesmo. Em teu corpo habita ele, teu corpo é ele.
Há mais razão em teu corpo do que em tua melhor sabedoria. E quem sabe por que teu corpo necessita justamente de tua melhor sabedoria?
Teu Si-mesmo ri de teu Eu e de seus saltos orgulhosos. “Que são para mim esses saltos e voos do pensamento?”, diz para si. “Um rodeio até minha meta.
Eu sou a andadeira do Eu e o soprador dos seus conceitos.”
O Si-mesmo diz para o Eu: “Sente dor aqui!”. E esse sofre e reflete em como não mais sofrer — e justamente para isso deve pensar.
O Si-mesmo diz para o Eu: “Sente prazer aqui!”. E esse se alegra e reflete em como se alegrar mais — e justamente para isso deve pensar.
Aos desprezadores do corpo tenho algo a dizer. O fato de desprezarem constitui o seu prezar. O que foi que criou o prezar e o desprezar, o valor e a vontade?
O Si-mesmo criador criou para si o prezar e o desprezar, criou para si o prazer e a dor. O corpo criador criou para si o espírito, como uma mão de sua vontade.
Ainda em vossa tolice e desprezo, vós, desprezadores do corpo, atendeis ao vosso Si-mesmo. Eu vos digo: vosso próprio Si-mesmo quer morrer e se afasta da vida.
Já não é capaz de fazer o que mais deseja: — criar para além de si. Isso é o que mais deseja, isso é todo o seu fervor.
Mas ficou tarde demais para isso: — então vosso Si-mesmo quer perecer, desprezadores do corpo!
Vosso Si-mesmo quer perecer, e por isso vos tornastes desprezadores do corpo! Pois não mais sois capazes de criar para além de vós.
E por isso vos irritais agora com a vida e a terra. Há uma inconsciente inveja no oblíquo olhar do vosso desprezo.
Não seguirei vosso caminho, desprezadores do corpo! Não sois, para mim, pontes para o super-homem! —
Assim falou Zaratustra.
(Friedrich Nietzsche "assim falou Zaratustra")
Existem pregadores da morte; e a terra está cheia daqueles a quem se deve pregar o afastamento da vida.
A terra está cheia de supérfluos, a vida é estragada pelos demasiados. Que sejam atraídos para fora dessa vida com a “vida eterna”!
“Amarelos”: assim são chamados os pregadores da morte, ou “negros”. Mas eu os mostrarei a vós em outras cores.
Há os terríveis, que carregam em si o animal de rapina e não têm escolha senão entre os prazeres e a maceração. E também seus prazeres são ainda maceração.
Eles nem mesmo se tornaram homens ainda, esses terríveis: que preguem o afastamento da vida e eles próprios se vão!
Há os tuberculosos da alma: mal nasceram, já começam a morrer e anseiam por doutrinas do cansaço e da renúncia.
Queriam estar mortos, e nós deveríamos aprovar seu desejo! Guardemo-nos de despertar esses mortos e de ferir esses ataúdes vivos!
Deparam com um doente, ou um velho, ou um cadáver; e logo dizem: “A vida está refutada!”.
Mas somente eles estão refutados, e seu olhar, que enxerga somente uma face da existência.
Envoltos em espessa melancolia, e ávidos dos pequenos acasos que trazem a morte: assim a esperam, com dentes cerrados.
Ou então pegam doces e, ao fazê-lo, zombam de sua criancice: apegam-se à palhinha de sua vida e zombam do fato de ainda se apegarem a uma palhinha.
Sua sabedoria diz: “Tolo é quem continua vivendo, mas tolos assim somos nós! E justamente isso é o mais tolo na vida” —
“A vida é só sofrimento” — assim dizem outros, e não mentem: cuidai,
então, de cessar! Cuidai, então, de que cesse a vida que é só sofrimento!
E que esta seja a doutrina de vossa virtude: “Deves matar a ti mesmo!
Deves escapar!” —
“Volúpia é pecado” — dizem os que pregam a morte —, “vamos nos apartar e não mais gerar filhos!”
“Dar à luz é trabalhoso” — dizem outros —, “por que ainda dar à luz?
Nascem apenas infelizes!” E também eles são pregadores da morte.
“É preciso compaixão” — dizem outros ainda. “Tomai o que tenho! Tomai o que sou! Tanto menos estarei ligado à vida!”
Se fossem totalmente compassivos, tornariam intolerável a vida para o próximo. Ser mau — isto seria sua verdadeira bondade.
Mas querem soltar-se da vida: que lhes importa se, com suas cadeias e dádivas, prendem ainda mais fortemente os outros! —
E também vós, para quem a vida é furioso trabalho e desassossego: não estais muito cansados da vida? Não estais maduros para a pregação da morte?
Vós todos, que gostais do trabalho furioso e do que é veloz, novo, desconhecido — mal suportais a vós mesmos, vossa diligência é fuga e vontade de esquecer a vós próprios.
Se acreditásseis mais na vida, não vos lançaríeis tanto ao momento presente. Mas não tendes, em vós, conteúdo bastante para a espera — e nem mesmo para a preguiça!
Em toda parte ecoa a voz dos que pregam a morte: e a terra está cheia daqueles a quem a morte tem de ser pregada.
Ou a “vida eterna”: para mim é o mesmo — desde que se vão rapidamente!
Assim falou Zaratustra.
(Friedrich Nietzsche "assim falou Zaratustra")
Alguns futuristas alegaram que a Internet foi o rolo compressor que engoliria o teatro ao vivo, cinema, rádio e TV, que logo seriam vistos apenas em museus.
(DR. MICHIO KAKU - "FÍSICA DO FUTURO, COMO A CIÊNCIA IRÁ TRANSFORMAR A NOSSA VIDA DIÁRIA, NO ANO DE 2100")
O determinismo sustenta, em essência, que se pode prever o futuro se se souber tudo sobre o presente. Por exemplo, a grande contribuição de Newton à física foi o fato de que ele conseguia prever o movimento dos cometas, satélites e planetas, por meio de suas leis do movimento, uma vez que soubesse o estado presente do sistema solar. Durante séculos, os físicos se maravilharam com a precisão das leis de Newton, capazes de prever a posição de corpos celestes em princípio até milhões de anos no futuro. Na verdade, até aquela época, toda a ciência estava baseada no determinismo. Ou seja, um cientista pode prever o resultado de um experimento se souber a posição e a velocidade de todas as partículas. Os seguidores de Newton sintetizaram essa crença comparando o universo a um relógio gigantesco. Deus deu corda nesse relógio no princípio do tempo, e ele vem funcionando regularmente desde então de acordo com as leis do movimento de Newton. Se você souber a posição e velocidade de cada átomo do universo, poderá, mediante as leis do movimento de Newton, calcular a evolução subseqüente do universo com precisão infinita. Contudo, o princípio da incerteza negava tudo isto, afirmando ser impossível prever o estado futuro do universo. Dado um átomo de urânio, por exemplo, jamais se conseguiria calcular quando ele irá decair. O máximo que se consegue saber é a probabilidade de que isso aconteça. Na verdade, nem Deus ou uma divindade sabia quando o átomo de urânio iria decair.
Em dezembro de 1926, em resposta ao artigo de Born, Einstein escreveu:
A mecânica quântica merece grande respeito. Mas uma voz interior me diz que este não é o verdadeiro Jacó. A teoria oferece muita coisa, mas não nos aproxima muito mais do segredo do Homem Lá em Cima. De minha parte, estou convencido de que Ele não joga dados.
Ao comentar a teoria de Heisenberg, Einstein observou: “Heisenberg pôs um grande ovo quântico. Em Göttingen eles acreditam nesse ovo (eu não)”. O próprio Schrödinger detestou essa idéia. Ele certa vez afirmou que, se sua equação representava apenas probabilidades, ele se arrependia de ter sido autor dela. Einstein observou que teria preferido se tornar um “sapateiro ou funcionário de um cassino” se soubesse de antemão que a revolução quântica que ajudou a desencadear iria introduzir o acaso na física.
Os físicos estavam começando a se dividir em duas facções. Einstein liderou uma delas, que ainda se aferrava à crença no determinismo, uma idéia que remontava ao próprio Newton e que havia orientado os físicos durante séculos. Schrödinger e De Broglie eram aliados. A outra facção, bem maior, foi liderada por Niels Bohr, que acreditava na incerteza e defendia uma nova versão da causalidade, baseada em médias e probabilidades.
Bohr e Einstein eram, em certo sentido, o avesso um do outro também em outros aspectos. Enquanto Einstein, quando rapaz, detestava esportes e vivia grudado nos livros de geometria e filosofia, Bohr era um conhecido astro do futebol na Dinamarca. Enquanto Einstein falava vigorosa e dinamicamente, escrevia de modo quase lírico e se envolvia em diálogos espirituosos com jornalistas e até com a realeza, Bohr era rígido, muito rabugento, costumava ser inexpressivo e inaudível e tinha o hábito de repetir a mesma palavra sem parar quando absorto em pensamentos. Enquanto Einstein era capaz de escrever sem esforço um texto elegante e bonito, Bohr tinha bloqueio quando precisava escrever um artigo. Quando aluno do curso secundário, costumava ditar todos os seus trabalhos à mãe. Depois que se casou, passou a ditá-los à esposa (chegando a interromper a lua-de-mel para ditar um artigo longo e importante). Às vezes, mobilizava seu laboratório inteiro na revisão de seus artigos, em certa ocasião mais de cem vezes, perturbando totalmente o trabalho. (Certa ocasião, quando pediram a Wolfgang Pauli que fizesse uma visita a Bohr em Copenhague, ele respondeu: “Se a última prova já tiver sido enviada, eu irei”.) Ambos, porém, viviam obcecados por seu primeiro amor: a física. Bohr, na verdade, era capaz de rabiscar equações na trave durante um jogo de futebol se sentisse uma súbita inspiração. Ambos também aguçavam seus pensamentos valendo-se dos outros como caixas de ressonância para as próprias idéias. (Estranhamente, Bohr só conseguia avançar se tivesse auxiliares em torno que comentassem suas idéias. Sem um auxiliar cujos ouvidos pudesse alugar, ele não conseguia nada.)
(...)
A apresentação mais clara da posição de Einstein sobre determinismo e incerteza foi esta: “Sou um determinista, compelido a agir como se o livre-arbítrio existisse, porque, se desejo viver numa sociedade civilizada, preciso agir de modo responsável. Sei filosoficamente que um assassino não é responsável por seus crimes, mas prefiro não tomar chá com ele. [...] Não tenho controle nenhum, sobretudo no caso daquelas glândulas misteriosas em que a natureza prepara a própria essência da vida. Henry Ford pode chamá-lo de sua Voz Interior, Sócrates referiu-se a seu daimon: cada homem explica à sua própria maneira o fato de que a vontade humana não é livre. Tudo é determinado, o início bem como o fim, por forças sobre as quais não temos nenhum controle. É determinado para o inseto, tanto quanto para a estrela. Os seres humanos, vegetais ou a poeira cósmica, todos dançamos ao compasso de um tempo misterioso, entoado à distância por um músico invisível” (Brian, p. 185).
(Michio Kaku - "O cosmo de Einstein")
Um jornalista pediu certa vez a Albert Einstein, o maior gênio da ciência desde Isaac Newton, que explicasse sua fórmula de sucesso. O grande pensador refletiu por um segundo e depois respondeu: “Se a é sucesso, eu diria que a fórmula é a = x + y + z, x sendo trabalho e y sendo diversão”.
“E o que é z?”, perguntou o jornalista.
“É ficar de bico calado”, respondeu ele.
O que o tornava tão querido pelos físicos, reis e rainhas e o público em geral era sua humanidade, sua generosidade e sua presença de espírito, quer estivesse defendendo a causa da paz mundial ou sondando os mistérios do universo.
(...)
Einstein também era consultado sobre suas idéias acerca de filosofia e religião. Seu encontro com um colega contemplado com o prêmio Nobel, o místico indiano Rabindranath Tagore, em 1930, atraiu a atenção da imprensa. Formavam uma dupla interessante: Einstein, cabelos branquíssimos, e Tagore, longa e imponente barba branca. Um jornalista observou:
Era interessante vê-los juntos — Tagore, o poeta com a cabeça de pensador, e Einstein, o pensador com a cabeça de poeta. Para um observador, era como se dois planetas estivessem envolvidos num bate-papo.
Desde as suas leituras de Kant quando jovem, Einstein passara a suspeitar da filosofia tradicional, que em sua opinião muitas vezes degenerara em prestidigitação pomposa e, em última análise, simplista. Ele escreveu: “A filosofia como um todo não aparenta ter sido escrita com mel? Parece maravilhosa quando contemplada, mas a um segundo olhar tudo foi embora. Resta apenas uma massa indistinta”. Tagore e Einstein discordaram quanto à possibilidade de o mundo poder existir sem a existência humana. Enquanto Tagore sustentava a crença mística de que a existência humana era essencial à realidade, Einstein discordou: “O mundo, considerado sob o aspecto físico, existe a despeito da consciência humana”. Se bem que discordassem na questão da realidade física, chegaram a um consenso maior nas questões da religião e moralidade. Na área da ética, Einstein acreditava que a moralidade era definida pela humanidade, não por Deus. “A moralidade é da máxima importância — mas para nós, não para Deus”, observou ele. “Não acredito na imortalidade do indivíduo e considero a ética uma preocupação exclusivamente humana, semnenhuma autoridade sobre-humana subjacente”.
Posto que cético quanto à filosofia tradicional, Einstein mostrava um profundo respeito pelos mistérios representados pela religião, principalmente a natureza da existência. Ele escreveria: “A ciência sem religião é manca, a religião sem ciência é cega”. Também atribuiria a esse reconhecimento do mistério a fonte de toda ciência: “Todas as especulações de valor no domínio da ciência emanam de um sentimento religioso profundo”. Einstein escreveu: “A experiência mais bonita e profunda que um homem pode ter é a sensação do misterioso. É o princípio subjacente à religião, bem como a todos os esforços sérios em arte e ciência”. E concluiu: “Se há algo em mim que possa ser chamado de religioso, é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo na medida em que a ciência consegue revelá-lo”.A afirmação mais elegante e explícita que fez sobre religião foi escrita em 1929:
Não sou ateu e não creio que possa me considerar panteísta. Estamos na situação de uma criancinha que adentra uma enorme biblioteca repleta de livros em diferentes línguas. A criança sabe que alguém deve ter escrito aqueles livros. Não sabe como. Ela não entende as línguas em que estão escritos. A criança suspeita levemente de uma ordem misteriosa na disposição dos livros, mas não sabe qual é. Esta, ao que me parece, é a atitude mesmo do ser humano mais inteligente para com Deus. Vemos um universo maravilhosamente disposto e obedecendo a certas leis, mas só temos uma tênue compreensão dessas leis. Nossas mentes limitadas não conseguem captar a força misteriosa que move as constelações. Fascina-me o panteísmo de Spinoza, mas admiro ainda mais suas contribuições ao pensamento moderno, por ser o primeiro filósofo a lidar com a alma e o corpo como um todo, não como duas coisas separadas.
Einstein costumava fazer uma distinção entre dois tipos de Deus, que muitas vezes são confundidos nas discussões sobre religião. Primeiro existe o Deus pessoal, o Deus que responde às orações, abre as águas do mar Morto, opera milagres. Trata-se do Deus da Bíblia, o Deus da intervenção. Depois existe o Deus em que Einstein acreditava, o Deus de Spinoza, o Deus que criou as leis simples e elegantes que regem o universo.
Mesmo em meio àquele circo da mídia, Einstein milagrosamente nunca perdeu seu foco, concentrando seus esforços na sondagem dessas leis do universo. Nos transatlânticos ou em longas viagens de trem, tinha disciplina suficiente para evitar distrações e concentrar-se em seu trabalho. E o que o intrigava durante aquele período era a capacidade de suas equações de esclarecer a estrutura do próprio universo.
(Michio Kaku - "O cosmo de Einstein")
Não estás deprimido; estás distraído...
distraído em relação à vida que te preenche...
distraído em relação à vida que te rodeia:
Golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios....
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando no mundo existem seis mil milhões. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu estou bem assim, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me... o que é algo fundamental para viver.
Não caias no que caiu teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria aos noventa. Só para citar dois casos conhecidos.
Não estás deprimido; estás distraído... Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não podes ser dono de nada. Além disso, a vida não te tira coisas... a vida te liberta de coisas. Te alivia para que voes mais alto, para que alcances a plenitude.
Do berço ao túmulo, vivemos numa escola, por isso, o que chamas de problemas são lições. Não perdeste ninguém, aquele que morre simplesmente está adiantado em relação a nós, porque para lá vamos todos. Além disso, o melhor dele, que é o amor,segue em teu coração.
Quem poderia dizer que Jesus está morto? Não existe a morte: existe mudança. E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, Michelangelo, Whitman, São Agostinho, Madre Teresa, tua avó e minha mãe que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz! Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando deve chegar, porque o que deve ser será, e chegará naturalmente. Não faças nada por obrigação nem por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível. E sem esforço, porque és movido pela força natural da vida... a que me levantou, quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha; a que me manteve vivo, quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, e és tu mesmo. A ti deves fazer livre e feliz... depois poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros. Lembra-te de Jesus: "Amarás ao próximo como a ti mesmo".
Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que estás vendo, é uma obra de Deus; e decide agora mesmo ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, e sim um dever, porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os que te amam. Um único homem que não possuiu nenhum talento nenhum valor para viver, mandou matar seis milhões de irmãos judeus.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo. Temos para gozar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman, as músicas de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven, as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e as duas são boas.
Se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de moléstias: tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas...
E, se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido, portanto, facilmente feliz. Livre do tremendo peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade, disposto a viver cada instante profundamente.... como deve ser.
Não estás deprimido, estás desocupado.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Aliás o serviço é uma felicidade segura como gozar a natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida e te darão sem medida. Ama até que te tornes o ser amado, mais ainda converte-te no mesmíssimo Amor . E não te deixes confundir por uns poucos homicidas e suicidas. O bem é maioria, porém, não se nota porque é silencioso; uma bomba faz mais barulho que uma carícia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida. Verdadeiramente vale a pena!
Se Deus possuísse uma geladeira, teria a tua foto pregada nela. Se ele possuísse uma carteira, tua foto estaria dentro dela. Ele te envia flores a cada primavera. Ele te envia um amanhecer a cada manhã. Cada vez que desejas falar, Ele te escuta. Ele poderia viver em qualquer ponto do Universo, porém escolheu o teu coração. Enfrenta-O, amigo, Ele está louco por ti!
Deus não te prometeu dias sem dor, riso sem tristeza, sol sem chuva, porém prometeu força para cada dia, consolo para as lágrimas e luz para o caminho. Quando a vida te apresenta mil razões para chorar, mostra que tens mil e uma razões para sorrir.
Não.... não estás deprimido; ... estás distraído!